Polêmica: cursinhos fazem propaganda de cunho sexual e machista; PCDF apura
Nas postagens feitas por dois preparatórios para concursos, mulheres são colocadas como objeto e despertaram revolta no público feminino
atualizado
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A Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) da Polícia Civil (PCDF) decidiu, nesta terça-feira (12/05), abrir inquérito para investigar publicações de cunho sexual feitas pelas contas oficiais de dois cursos preparatórios para concursos públicos. Uma delas cita o certame para agente de polícia da corporação.
Os investigadores entraram no caso após os polêmicos posts realizados nas contas oficiais dos dois estabelecimentos de preparo para disputadas provas e que acabaram causando revolta nos seguidores e alunos.
Na primeira postagem, feita na noite de segunda-feira (12/05), o Tec Concursos usou uma foto de três mulheres aparentemente em trocas de carícias, enquanto um homem está no computador, dando a entender estar conectado na página do cursinho. “Tenho tara no Tec”, registrou a publicação no Instagram.
Indignados com a imagem, internautas – na maioria, mulheres – passaram a questionar a postura do Tec Concursos. As críticas, contudo, não fizeram a entidade recuar no posicionamento. “Que lixo de instituição”, escreveu uma seguidora, que logo foi rebatida pela conta: “Alguém te perguntou alguma coisa?”.
“Achei desnecessária demais essa foto pra passar uma informação sobre o site. De muito mal gosto… mas essa é a minha opinião e respeito a de vocês”, emendou outra seguidora.
Com as reações inflamadas, outra concurseira disse que cancelaria a assinatura com a entidade após a conduta na rede. “É um meme inofensivo. Ficamos tristes que você queira cancelar por motivo tão pequeno. Mas bem como somos livres para ter nossa opinião, você é livre para cancelar. Boa sorte em seus estudos”, escreveu a instituição.
A polêmica ganhou mais força após os homens defenderem o conteúdo da publicação classificada como “machista” e “preconceituosa”. “Só homens aqui nos comentários defendendo o post. Por que não estou surpresa?”, questionou a usuária. A Tec Concursos rapidamente respondeu: “A grande maioria das mulheres discorda de você”.
Até o início da tarde desta terça-feira, a publicação já tinha 365 comentários e quase mil curtidas.
Veja a publicação:
Estupradores
Em outra publicação, o Estratégia Concursos cita a prova para agente da PCDF e faz uma analogia entre concurseiros e as bancas examinadoras. No vídeo, a instituição insinua que os estudantes seriam uma mulher aparentemente nua e o “Cespe”, que usa o novo nome de Cebraspe, realizador das provas, foi apontado como os homens responsáveis por uma suposta cena anterior a um estupro coletivo.
O vídeo publicado na ferramenta stories do cursinho recebeu uma chuva de críticas e acabou sendo retirado do ar pela instituição, que agora passa a ser também investigada.
Veja o vídeo:
O que dizem os citados?
O Metrópoles procurou os dois cursinhos mencionados, por e-mail e redes sociais, mas apenas recebeu o retorno de um deles sobre os questionamentos. Em nota encaminhada à coluna, a assessoria de imprensa do Estratégia Concursos disse que a empresa que oferece cursos online com foco na preparação para concursos públicos “sente muito” pela publicação realizada no dia 11 de maio em uma de suas redes sociais.
“Nossa intenção não foi, em nenhum momento, ofender e desrespeitar ninguém, por isso, poucos minutos depois retiramos a postagem do ar. Não compactuamos com qualquer ato preconceituoso ou de violência e a instituição está tomando medidas internas para que esse tipo de situação não ocorra novamente”.
De acordo com o texto, a empresa “já auxiliou mais de 1 milhão de alunos desde sua fundação, para nós, isso é motivo de orgulho. Por isso, reiteramos nosso pedido de desculpas a todos que fazem parte da sua história e a todos que se ofenderam com a publicação”, sinalizou.
Já o Tec Concursos não havia se manifestado até a última atualização da reportagem. O espaço permanece aberto para possível posicionamento oficial.
O Cebraspe, citado por um dos cursinhos, enviou mensagem à reportagem afirmando que é “reconhecida nacionalmente pela qualidade dos concursos públicos que realiza. Enquanto instituição que presta serviços para a sociedade e tem como um de seus valores o Respeito ao Ser Humano, considera inadmissível que uma entidade de ensino promova esse tipo de conteúdo ofensivo em seus canais de comunicação”.