“Poderia ser eu no lugar da menina”, diz jovem indevidamente apontada como comparsa de pedófilo
Synara da Silva Ávila recebeu diversas ameaças após ter tido imagem equivocadamente vinculada ao pedófilo preso Daniel Moraes Bittar
atualizado
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Após ser apontada equivocadamente como comparsa de Daniel Moraes Bittar, 42 anos, no caso do sequestro e estupro de uma criança de 12 anos, Synara da Silva Ávila, 22, enfrenta um pesadelo real, no qual é bombardeada por ameaças e xingamentos nas mídias sociais.
A estudante tinha um relacionamento com Daniel havia três meses, mas não imaginava que o namorado era um pedófilo. Ao Metrópoles Synara detalhou como o criminoso agia e quando teve o último contato com ele.
A jovem contou que o casal se conheceu há dois anos, por meio de um aplicativo de relacionamento. Nesse tempo, os dois mantiveram uma amizade, até que, em abril último, assumiram um namoro.
Bastante abalada ao descobrir o crime cometido por Daniel, Synara relatou nunca ter imaginado que ele seria capaz de cometer a atrocidade. “Ele era uma pessoa extremamente educada. Mostrava-se muito calmo e me tratava muito bem. Nunca imaginei que ele fosse esse monstro”, desabafou.
Além disso, nos três meses em que namoraram, ele nunca quis se relacionar sexualmente com a estudante. “Ele tinha me falado que só teríamos relações depois do casamento. Também era uma relação aberta; então, eu não pedia explicação sobre com quem ele ficava apesar, de ele sempre cobrar que eu não me relacionasse com ninguém mais”, completou Synara.
O começo do relacionamento preocupou a família da estudante, devido à diferença de 20 anos de idade entre os dois. “Ele veio à minha casa algumas vezes e, depois de os meus pais o conhecerem, acreditaram que ele seria uma boa pessoa, pois dizia gostar muito de mim. Mas ele enganou a todos nós”, disse a entrevistada.
Os dois se viam com pouca frequência, e a última vez em que estiveram juntos havia sido mais de uma semana antes da prisão do criminoso.
“Poderia ter sido eu, a vítima dele. Menos de duas semanas atrás, estávamos juntos. O último contato que tivemos por mensagem foi na tarde dessa quarta-feira [28/6, data do rapto da criança], por volta das 15h. Nesse momento, imagino que ele já havia sequestrado a menina. Eu tinha achado estranho, porque, até então, ele não havia mandado mensagem de bom-dia. Então, resolvi perguntar se estava tudo bem. Momentos depois, ele respondeu: ‘Está tudo bem, sim. Nada de mais’. E não conversamos mais”, detalhou Synara.
Assista à entrevista:
Descoberta da prisão de Daniel
Na manhã de quinta-feira (29/6), Synara foi surpreendida ao ver o rosto de Daniel estampado em diversas notícias, devido à prisão do criminoso. “Ele estava mais afastado esta semana, mas imaginei que seria por causa de algum problema familiar. Eu nem acreditei quando soube que ele tinha sequestrado uma menina. Fiquei desesperada. Estou aterrorizada”, desabafou.
A criança estava a caminho da escola, por volta das 12h30 dessa quarta-feira (28/6), quando foi abordada por Daniel, no Jardim Ingá (GO). O acusado estava no próprio carro, um Ford EcoSport preto, rendeu a criança e a obrigou a entrar no veículo, onde também estava a comparsa do criminoso, Gesiely de Sousa Vieira, 22.
Os sequestradores pararam o automóvel na altura da Cidade Ocidental (GO), também no Entorno de Brasília, e colocaram a menina dentro de uma mala. Gesiely foi presa nessa quinta-feira (29/6), na mesma cidade, pela Polícia Civil de Goiás (PCGO). A dupla se conhecia há dois anos.
Saiba quem é a mulher acusada de ajudar pedófilo
Na delegacia, policiais militares de Goiás informaram que uma mulher que aparece ao lado de Daniel, em uma publicação nas redes sociais, seria Gesiely. No entanto, tratava-se de Synara. Depois disso, a jovem começou a receber diversas mensagens com conteúdo violento, por parte de desconhecidos. Até o momento, a Polícia Militar de Goiás (PMGO) não se pronunciou sobre a situação.
“Estou com muito medo, sendo ameaçada o tempo todo, desesperada. Prenderam a menina [Gesiely]. [A comparsa] não sou eu. Eu realmente tinha uma relação com essa pessoa [Daniel], mas fiquei sabendo de tudo na quinta-feira [29/6] de manhã”, enfatizou.
Com medo de sofrer ataques, a jovem desativou o perfil pessoal nas mídias sociais e o da própria loja de perucas, cujas vendas garantiam o sustento da estudante. “Fiquei desesperada, sem saber o que fazer. Nem sei se vou continuar com minha lojinha, pelo fato de as pessoas acharem que está vinculada a ele.”
Synara também contou que, até então, não conhecia Gesiely nem imaginava que Daniel tinha um relacionamento com a investigada. “Pelo visto, a gente estava junto, e eles dois também. Nunca fiz nada de errado. Foi um baque ter meu nome citado no caso. O pessoal fica me perguntando como eu era namorada dele e não sabia do material que ele guardava em casa. Eu realmente não vi nada, não tinha acesso aos quartos do apartamento dele. Ele mantinha todos trancados. Eu estou enojada”, completou.
Bastante abalada, a jovem espera ter o nome desvinculado da história, para seguir adiante com a vida. “Eu não tenho culpa, e estou sendo gravemente ameaçada. Ele era uma pessoa com quem eu eu convivia e tinha saído poucos dias antes [do crime]. Poderia ser eu no lugar daquela menina. Penso que foi livramento, porque ele poderia ter feito o mesmo comigo”, concluiu Synara.