PMs criticam pagamento de R$ 3 mil por troca de farda durante pandemia
Com 10 policiais mortos em menos de suas semanas, as tropas criticaram a decisão, principalmente em tempos de pandemia e crise financeira
atualizado
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Nos cursos de formação ou nas ruas garantindo a aplicação do policiamento ostensivo, policiais militares do Distrito Federal (PMDF) criticaram o momento para investir recursos na compra de novos uniformes. A determinação foi publicada em decreto no Diário Oficial do DF (DODF), em 19 de março. Com 10 policiais mortos em menos de duas semanas, as tropas criticaram a decisão, principalmente em tempos de pandemia. Militares não enxergam como prioritário desembolsar até R$ 3 mil para a compra dos uniformes e equipamentos.
De acordo com policiais ouvidos pelo Metrópoles, a nova farda começou a ser cobrada tanto dos alunos que integram as turmas do Curso de Formação de Praças (CFP) quanto dos policiais que estão nas ruas. No mínimo, os praças precisam de duas fardas para executarem as funções do dia a dia. As duas saem, em média, por R$ 990. Contudo, com a compra de outros uniformes, como o de formatura, de atividades físicas militares e outras, o valor gasto pode chegar a R$ 3 mil.
Segundo um policial, o soldado ganha, anualmente, de auxílio-fardamento R$ 1.232. No entanto, a despesa extrapola o benefício. “Não houve substituição, mas, sim, acréscimo de nova farda. Mesmo assim, as mudanças são constantes, sem falar de equipamentos como coturnos, coldres e coletes. Estamos vivendo uma intensa crise financeira e, pelo menos para os praças, essas medidas ocorrem fora de hora”, criticou.
Faturamento alto
Os cursos de formação contam, atualmente, com 522 alunos. Caso cada um deles gaste os R$ 3 mil na compra de todas as fardas necessárias e de equipamentos, o investimento total da tropa seria de R$ 1,566 milhão. As peças são adquiridas em lojas especializadas na venda de artigos e vestuário militares.
O presidente da Associação Caserna, Carlos Victor Fernandes Vitório, ressaltou que a prioridade do governo e do comando-geral da PM deveria ser vacinar os policiais. “Neste quadro pandêmico, há prioridades que, realmente, importam à sociedade do Distrito Federal, e nenhuma diz respeito à uniformização policial, mas muitas delas dependem da saúde da tropa. A segurança pública depende de homens com saúde, não com novo uniformes, mas, sim, com imunização”, defendeu.
A reportagem entrou em contato com o comando-geral da PMDF na tarde de terça-feira sobre o decreto que regulamentou a compra das novas fardas. No entanto, até a publicação desta reportagem, o comando não havia respondido. O espaço permanece aberto para manifestações.