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PMDF: saúde mental provoca choque entre entidades de praças e oficiais

Denúncia aponta falta de investimento em saúde mental e responsabiliza diretamente comandante Ana Paula Habka por omissão à tropa

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Michael Melo/Metrópoles
Foto colorida de comando da PMDF
1 de 1 Foto colorida de comando da PMDF - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A saúde mental de policiais militares no Distrito Federal colocou em rota pontos de vistas diferentes envolvendo entidade de praças e de oficias da corporação. O entrevero começou quando a Federação Nacional de Entidades de Praças Militares Estaduais (Fenepe) protocolou uma ação penal contra a comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Ana Paula Habka, por suposta omissão em relação à saúde mental da corporação.

A Associação dos Oficiais da PMDF (Asof), por sua vez, rebateu o pedido, que considerou “interesses escusos” e baseado em informações mentirosas. A Asof ainda questionou o intuito deste tipo de manifestação: “A quem interessa esses ataques coordenados contra nossa instituição?”, indaga em nota publicada nessa segunda-feira (11/11), que declarou ser uma ação inescrupulosa da federação.

De acordo com a denúncia da Fenepe, houve falta de investimento e de apoio à saúde mental dos policiais. A federação alega que em agosto de 2023 o plano de saúde da corporação foi suspenso, o que acarretaria na negligência com os policiais. Contudo, a coronel Ana Paula Habka, só assumiu o comando da tropa em 2024.

“O atual comando assumiu no dia 9 de janeiro de 2024, na época contávamos com 1 médico psiquiatra e atendimentos psicológicos em clínicas credenciadas”, rebate a Asof.

Em nota, a PMDF nega todas as acusações feitas pela federação e informa que tem adotado uma série de ações para aprimorar a saúde dos policiais militares e familiares. A PM ainda alega que conta com oito clínicas especializadas em saúde mental (veja a nota na íntegra abaixo).

Suicídios

A denúncia da federação levanta as notícias de suícidios na  tropa. Conforme o Metrópoles revelou em abril, sete PMs haviam tirado a própria vida em 2024. O caso mais emblemático foi o sargento Paulo Pereira de Souza que atirou contra um colega dentro de viatura e tirou a própria vida em seguida.

Na época, outros policiais ouvidos pelo Metrópoles contaram que o autor dos disparos tinha “problemas psicológicos”.

“Essa escalada alarmante de perdas é um reflexo direto da ausência de suporte adequado e da forma negligente de conduzir a corporação”, destacou a denúncia. Apesar de classificar como escalada, a denúncia não apresenta número dos anos anteriores sobre o mesmo tema.

Asof: “Ações inescrupulosas”

A nota da Asof rebate veemente a ação da federação. “Assunto tão delicado como a saúde mental não deve ser objeto de joguete com fins nebulosos e inescrupulosos”. Na publicação, a Asof compara as ações de saúde mental feitas em 2023 e em 2024. Veja o gráfico:

Imagem de ações voltadas as saúde mental
Fonte: Asof

Apesar dos números, a associação acrescenta que há muito ainda a ser feito pelos policiais militares do Distrito Federal. “O atendimento para a saúde dos policiais e seus familiares está muito distante daquilo que gostaríamos que fosse e temos constantemente cobrado do comando mais ações e investimentos. Precisamos de mais, muito mais, porém jamais seremos cumplices de ações inescrupulosas como esta, que esconde as verdadeiras intenções de seus autores, que com certeza, não é a defesa dos interesses da tropa e sim seus próprios interesses”, conclui.

A ação penal da Fenepe foi protocolada pela federação em 5 de novembro e tramita no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

Em nota, a comandante da PMDF, coronel Ana Paula Habka, diz que não foi notificada para dar esclarecimentos, mas reafirma o compromisso em cuidar da saúde mental do policial militar.

O que diz a PMDF

Em nota, a PMDF informou que, de janeiro a setembro de 2024, foram feitos 884 atendimentos psicológicos e 1.199 atendimentos psiquiátricos na estrutura própria da corporação. Leia nota:

“A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informa que tem adotado uma série de ações para aprimorar a saúde mental de seus policiais e familiares, com o objetivo de ampliar e qualificar o atendimento psicológico e psiquiátrico disponível.

Em 2024, a PMDF credenciou oito novas clínicas especializadas em saúde mental, que somam agora 93 psicólogos e 17 psiquiatras na rede. Esse aumento possibilitou uma média de 60,61 atendimentos diários em psicologia e 19,28 em psiquiatria, de forma a atender a demanda crescente.

Além da rede credenciada, a PMDF firmou um acordo de cooperação técnica com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), que cedeu três médicos psiquiatras, e com a Secretaria de Saúde, que disponibilizou uma médica psiquiatra civil. Também foi realizado um acordo com o Serviço Social do Comércio (SESC-DF), o qual disponibilizou nove psicólogos e dois psiquiatras, permitindo o início de atendimentos psicológicos na estrutura própria da PMDF a partir de julho de 2024.

Graças às parcerias estabelecidas, a PMDF registrou, entre janeiro e setembro de 2024, 884 atendimentos psicológicos e 1.199 atendimentos psiquiátricos em sua estrutura própria, superando a quantidade registrada em 2023. Ressalta-se que três novos médicos psiquiatras estão em formação e irão compor (sic) o quadro da corporação em breve.

Essas ações refletem o compromisso da atual gestão da PMDF em melhorar o suporte à saúde mental de seus policiais. A instituição segue empenhada em expandir e aprimorar essa rede de atendimento, prezando pelo bem-estar da corporação”.

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