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PMDF investiga policiais flagrados com prostitutas em viaturas

A medida foi tomada após reportagem do Metrópoles, que entre abril e julho flagrou ainda PMs saindo da boate Alfa Pub com cervejas

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1 de 1 Policial-no-Setor-Hoteleiro-Sul - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) vai investigar a conduta de equipes da corporação flagradas pela reportagem do Metrópoles transportando prostitutas e saindo com cervejas de boate no Setor Hoteleiro Sul. “Toda atuação da PM está pautada pelos princípios constitucionais da legalidade e moralidade pela estrita obediência ao ordenamento jurídico. Sendo assim, qualquer conduta que extrapole esses ditames legais será passível de apuração por meio de procedimento legal”, diz a corporação, em nota.

A investigação será feita por meio de inquérito policial militar (IPM). Entre abril e julho deste ano, o Metrópoles acompanhou a relação próxima entre policiais, proprietários da casa noturna Alfa Pub, funcionários e garotas de programa. Durante as campanas, a reportagem constatou que, semanalmente, grupos de PMs frequentam o estabelecimento. Alguns, inclusive, chegam a passar até três horas dentro do prédio.

Durante a campana, pelo menos 13 viaturas de diferentes prefixos transportaram mulheres que trabalham na casa de shows após as noitadas. Pagos para combater práticas criminosas, policiais tinham o hábito de entrar na boate sempre entre 23h30 e 3h30, quando o movimento de pessoas é reduzido nas ruas do Setor Hoteleiro. O modus operandi era semelhante em todas as situações flagradas: dois ou três militares ficavam na porta de entrada da Alfa Pub, conversavam com os seguranças e entravam.

Na madrugada dessa quinta-feira (25/07/2019), a casa noturna fechou às 2h. Do lado de fora, algumas prostitutas fumavam cigarros de maconha. Instantes depois, uma viatura da PMDF se aproximou, mas não para repreender o grupo por uso de entorpecentes. Sem demonstrar preocupação com a presença de representantes do Estado, uma das garotas apagou o baseado, enquanto outra seguiu em direção ao veículo. Após um rápido bate-papo, ela entrou no carro e deixou o local com os PMs.


Sacolas de cerveja

Na noite do dia 7 de julho, a movimentação de policiais militares foi intensa na boate. Câmeras do circuito de segurança registraram os passos dos PMs. Em uma viatura, eles surgiram, às 23h25, e foram recepcionados por um dos donos da casa noturna. O empresário chegou a se debruçar na janela do carro plotado com as cores da instituição. Ele cumprimentou amistosamente seus ocupantes. Após breve interação, a guarnição seguiu para outro destino, mas não demorou a voltar. Às 23h56, estavam novamente no local. Próximo à meia-noite, a equipe fardada e armada entrou na boate e saiu somente 38 minutos depois.

Embora na parte externa da Alfa Pub, a dupla de PMs permaneceu nas imediações conversando com funcionários até 0h43. Nesse horário, eles acabaram convencidos por um dos donos da boate a irem até aos fundos do estabelecimento verificar câmeras instaladas. Com o auxílio de uma lanterna, observaram cada uma delas, como se procurassem por alguém nas imagens. Pouco tempo depois, retornaram para o interior da boate. Ambos deixaram o local à 0h54, mas continuaram conversando com funcionários na porta até 1h36, horário em que finalmente decidiram patrulhar outro ponto do Plano Piloto.

Em outro episódio flagrado pela reportagem, PMs entraram na boate à meia-noite e foram embora depois das 3h. Em junho, dois policiais fardados cruzaram a porta da Alfa Pub às 1h10 e deixaram o local 18 minutos depois carregando sacolas com cervejas.

 

Televisores sintonizam TV Senado

Durante o período de campana, foi possível confirmar a relação íntima entre PMs, prostitutas e frequentadores da casa noturna. Alguns se mostravam tão confortáveis que, mesmo trajando uniformes operacionais, se debruçavam na bancada do bar.

Em abril, o Metrópoles produzia uma matéria sobre o esquema de tráfico de drogas no interior da boate, quando notou a presença de PMs que não estavam lá para coibir tal crime. Além de pagar por sexo, os clientes tinham farta oferta de droga. A venda conjunta de programa e entorpecentes foi revelada por duas prostitutas.

À época, a reportagem passou uma noite na Alfa Pub e acompanhou o movimento de garotas de programa, clientes e comércio de substâncias ilícitas. A boate segue o calendário do Congresso Nacional: funciona às segundas, terças, quartas e, esporadicamente, às quintas-feiras. Em uma terça, havia pelo menos 20 meninas no local. Nos  televisores espalhados pelo ambiente, nada de filmes pornográficos, clipes musicais ou partidas de futebol. A sintonia era a da TV Senado, que transmitia uma sessão ordinária da Casa.

Poucos minutos após a equipe chegar ao local, duas mulheres pediram para se sentar à mesa. Simpáticas, com idades entre 25 e 30 anos, falaram abertamente sobre a facilidade em adquirir cocaína, desde que fosse atrelada ao programa. “É fácil conseguir. Tem um menino que vende, e taxistas e motoristas de aplicativos entregam. Eu tenho o contato”, afirmou uma delas, sem saber que estava sendo gravada. Ouça abaixo:

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A prostituta abre a porta e senta no banco do carona
A viatura dirigida por um militar deixa o local rapidamente
Mesmo em expediente, a viatura mantém o <i>rotolight</i> desligado enquanto transporta a garota de programa
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Garota de programa espera a chegada de uma viatura da PM

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A prostituta abre a porta e senta no banco do carona

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A viatura dirigida por um militar deixa o local rapidamente

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Mesmo em expediente, a viatura mantém o rotolight desligado enquanto transporta a garota de programa

As garotas de programa revelaram a existência de traficantes dispostos a fazer as entregas. O contato é via WhatsApp e a transação se dá de maneira rápida. Ela é feita momentos após o programa ser fechado com as prostitutas. O consumo, geralmente, ocorre nos quartos de hotéis do Setor Hoteleiro Sul. Os traficantes lucram com a clientela abastada que frequenta a boate. Bebidas, comidas e uma noite de sexo custam caro no Alfa Pub. É preciso desembolsar R$ 150 de consumação para entrar. O ingresso dá direito a cinco cervejas long neck – cada uma não sai por menos de R$ 30.

Retirar uma garota da boate antes das 2h30 da manhã custa mais R$ 150, além do preço do programa cobrado pela prostituta, que gira entre R$ 400 e R$ 500. Ao todo, um cliente precisa desembolsar, no mínimo, R$ 800 para curtir a noitada. As drogas não estão incluídas nesse valor.

A reportagem tentou entrar em contato com um dos donos da Alfa Pub, mas ele não atendeu nem retornou as ligações. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.

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