PMDF cita black blocs em edital para repor estoque de bala de borracha
Edital acabou suspenso nesta quarta (8/2). Reposição do estoque de baixo potencial ofensivo estava estimada em mais de R$ 34 milhões
atualizado
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A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) suspendeu nesta quarta-feira (8/2) o edital do pregão eletrônico nº 01/23 destinado à compra de instrumentos de menor potencial ofensivo, como balas de borracha e bombas de efeito moral. No documento, a corporação cita a preservação da ordem pública e o risco da ação de “black blocs”.
A reposição do estoque, estimada em mais de R$ 34 milhões, ocorre um mês depois do ato golpista de 8 de janeiro, com prejuízo estimado pela destruição das sedes dos Três Poderes de, pelo menos, R$ 20,7 milhões.
A empresa Condor Tecnologias Não-Letais entrou com um pedido de impugnação do edital. Nele, questiona especificações de alguns itens e requer a aplicação de medidas dos artefatos ─ peso, comprimento e diâmetro ─, como referência para o certame. A PMDF ainda não se pronunciou oficialmente sobre a suspensão que saiu no Diário Oficial do DF (DODF) desta quarta (8).
Do total, cerca de R$ 9,5 milhões da estimativa da licitação seria destinada à Secretaria de Estado da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Os R$ 24, 4 milhões restantes seriam destinados à PMDF.
A corporação foi procurada pela reportagem e ainda não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
Na lista de itens, estão desde projéteis de borracha de precisão, de diversos calibres, granadas e sinalizadores. Veja a lista completa:
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“Black Blocs”
Como justificativa para aquisição dos materiais, a PMDF especificou no edital a preservação da ordem pública na capital federal em razão da destruição de patrimônios públicos e privados, invasão de sedes dos poderes Constitucionais, agressão de cidadãos de ideologias contrárias, obstrução de vias ou interrupção de serviços essenciais à sociedade. Citou ainda a recepção de manifestantes de todo o país e a ação de “black blocs”.
“Nessa vertente, damos destaque aos grupos anarquistas e organizados de manifestantes radicais, mais notadamente os autodenominados ‘black blocs’ os quais valem do emprego do confronto físico contra a força pública e na depredação do patrimônio alheio como tática de conflito de quarta geração e assimétrico, os quais visam imposição pela força de seus ideais antidemocráticos, estes pouco ou nada preocupados com eventuais efeitos colaterais da ação desmedida e ilegal como ferimentos ou mesmo óbitos causados no decurso da ação hostil contra força pública ou a outros cidadãos não simpáticos às suas ideias.”
O nome do grupo ressurgiu na imprensa após a devastação causada na área central de Brasília durante a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal (PF), em na noite de 12 de dezembro último.
Na ocasião, Gilberto Carvalho, ex-ministro e um dos homens de confiança de Lula, afirmou à coluna de Igor Gadelha que as ações de vândalos bolsonaristas marcou a volta dos manifestantes ao país. “É a retomada dos ‘black blocs’. Por muito menos, nossos militantes eram detidos aos montes”, afirmou à época.
A informação foi desmentida pelo então secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, quando afirmou que parte dos manifestantes responsáveis pelos atos de violência estava acampado no QG do Exército.