PMDF aposenta Kalel e 14 outros cães após 8 anos de serviço
Os animais representam um quinto do efetivo. Agora, terão aposentadoria em casa de policiais da própria corporação
atualizado
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O cão da foto é o Kalel. É um pastor belga malinois que vai completar 9 anos em julho próximo. Ele atua, principalmente, na busca de entorpecentes. Só em setembro de 2018, apreendeu 100 quilos de maconha.
O próximo aniversário de Kalel não será no serviço, nem com a matilha, mas na casa do cabo Diego, a quem Kalel agora pertence. Ele será aposentado, com direito à publicação no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), por idade — mesmo tendo em vista que ter mais de 8 anos de vida para um cão é compatível aos 75 anos para um humano.
Kalel é um trabalhador incansável, que desde os primeiros anos de vida atuou brilhantemente com 50 outros malinois, pastor holandês, pastor alemão, labrador e rottweiler nas operações do BPCães da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Até foi personagem de matéria aqui no Metrópoles, quando foi mostrado o surpreendente trabalho dos cães policiais no DF.
E ele não é o único a ter o direito de descansar as patas. No total, são 15 integrantes do BPCães que agora terão um lar, todos em casa de integrantes da corporação, com os quais eles já trabalhavam.
O segundo sargento Valfredo vai ficar com o pastor alemão Bruto, que completou 12 anos mês passado e era o mais antigo ainda em serviço. A praxe na unidade policial é a adoção pelo fiel parceiro. Se esse não puder, outro policial pode ficar com a guarda.
Mas nenhum cão fica só. Afinal, dedicaram uma vida inteira a serviço do combate ao crime. E o espírito de corpo — conceito militar de lealdade e solidariedade — funciona.
Kalel pode deitar tranquilamente e colocar a cabeça nas patas dianteiras. Eddy, Sherife, Zulu, e outros e outras vão continuar auxiliando os integrantes do BPCães, e botar o focinho onde forem chamados.
Treino duro
Os cães policiais começam a treinar no quinto dia de vida. Treinos bem curtos, para averiguar as aptidões dos animais. Menos de 10 % são considerados aptos. O treinamento para valer só se inicia quando o animal completa seis meses. Nessa fase, ele aprende a perder o medo e a manter a calma em situações caóticas.
Para aprimorar as habilidades, a rotina é puxada: quatro horas de treinos pela manhã e mais seis entre a tarde e a noite. A alimentação se torna balanceada e controlada. O cachorro precisa de um tempo para digestão antes de ser empregado em alguma atividade. Além disso, não pode comer na rua.
Os cães são empregados na imobilização de suspeitos, no reconhecimento de drogas e explosivos e na localização de desaparecidos. Apesar do trabalho intenso, o sargento Ricardo Rócio explica que o cão encara como brincadeira.
“Ele faz pensando na recompensa”, diz. “Se não for prazeroso, o animal não vai”. Motivos para serem recompensados não faltam. No ano passado, os cães localizaram cerca de três toneladas de drogas, além de armas e munição. Este ano, o trabalho deles descobriu 1kg de maconha e 600g de cocaína na mala de um passageiro na Rodoviária Interestadual.
A PM dispõe de dois veterinários e três auxiliares para cuidar dos animais. Os cães fazem exames periódicos para monitorar a saúde. Entretanto, o zelo vai além do tratamento no canil. As viaturas, por exemplo, possuem um espaço especial para acomodá-los. Além disso, os veículos são conduzidos com cuidado extremo para não machucá-los.
Encarar um cão policial não é fácil. A mordida supera facilmente os 500 quilos de pressão. A imponência é importante para conter distúrbios civis. Mas o sargento Flávio Reis tranquiliza: “São animais dóceis”. Porém, preparados para o trabalho duro.