PM preso pelo 8/1 tem crise hipertensiva após indiciamento em CPI
Coronel Marcelo Casimiro, preso em investigação dos atos de 8/1, teve crise hipertensiva e precisou ir à UPA após ser indiciado em CPI
atualizado
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Logo após ser indiciado pelo relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o coronel da Polícia Militar do DF (PMDF) Marcelo Casimiro passou mal e precisou de atendimento médico. Atualmente preso, no âmbito da investigação dos atos antidemocráticos, ele teve uma crise hipertensiva no início da noite dessa quarta-feira (29/11), dia em que foi alvo da CPI.
O coronel Casimiro acabou sendo encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia. No relatório, o médico apontou um diagnóstico de “urgência hipertensiva”, com pressão arterial muito elevada. Ele recebeu medicações e ficou em avaliação até a redução da pressão, quando retornou ao 19° Batalhão da Polícia Militar, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, onde estão os PMs presos.
Casimiro passou mal no dia em que foi apontado pela CPI como um dos principais responsáveis pela falta de planejamento no 8 de Janeiro, segundo entendimento do relator do colegiado, o deputado Hermeto (MDB). Segundo o distrital, a “tomada de decisões estratégicas por parte do coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, Comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (1º CPR) da PMDF, durante os eventos das manifestações de 8 de janeiro de 2023, foi elemento central de avaliação”.
O documento ainda afirma que ele “não adotou providências para corrigir os rumos operacionais da corporação, preferindo apostar em seu plano inicial”, e, como “responsável pelos planejamentos da PMDF”, organizou a corporação com base no “entendimento de que as manifestações teriam baixa adesão ou que sequer iriam prosperar”.
O coronel está preso desde 18 de agosto, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou operação contra oficiais da Polícia Militar do DF que faziam parte da cúpula da corporação no dia dos atos extremistas. A prisão dele e de outros seis militares aconteceu após denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Na CPI, no entanto, o relatório final só imputou crimes a Casimiro, entre os sete nomes de PMs presos.
Planejamento
Hermeto chegou a afirmar que os outros policiais militares atualmente detidos eram vítimas da falta de planejamento de Casimiro e de outra coronel da PM, que atua na Secretaria de Segurança Pública do DF, Cíntia Queiroz.
Pesou contra Casimiro um documento obtido pelos deputados distritais, enviado pela própria PMDF, que afirma que todo o planejamento para combater uma manifestação violenta começou pelo Comando de Casimiro.
“O planejamento iniciou pelo 1º CPR, o sr. Cel PM Casimiro determinou que o 6º BPM [Batalhão de Polícia Militar] empregasse 3 viaturas de SVG nos horários da 7h às 15h e 15h às 23h para os dias 6 a 15 de janeiro de 2023”, traz o texto.
Todo o relatório segue citando atribuições do 1º CPR e de Casimiro, que havia, na CPI, jogado a responsabilidade para outros militares. “O Comando do 1º CPR determinou para os dias 7 e 8 de janeiro de 2023 o emprego do GPE e do GTOP26 das 8h às 16h”, mostra outro trecho sobre planos referentes ao dia 6. “No período da tarde, o Sr. Cel PM Casimiro enviou a esse signatário o Protocolo de Ações Integradas nº 2/2023”, aponta outra parte do relatório.
O documento elaborado pela PMDF também mostra que várias movimentações vinham sendo repassadas ao 1º CPR. “Por volta das 13h30, o Sr. 2º Ten PM Koch entrou em contato com esse oficial, via telefone, informando que a ANTT tinha uma informação de 26 caravanas se deslocando ao Distrito Federal, e que o Comando do 1º CPR estava ciente.”
O relatório da PMDF cita ainda uma “precaução contra uma possível invasão da Esplanada”, do 1º CPR, que “determinou que uma viatura do 6º BPM ficasse posicionada em PB fixo, na frente do gramado do Congresso Nacional”. A falta de alimentação e água para os militares também foi amplamente criticada na CPI. No documento, o 6º BPM cita que “consultou o 1º CPR sobre a possibilidade de fazer gestão quanto à hidratação e alimentação da tropa para o dia 8”, mas não traz qual foi o retorno.
“Confie em mim”
No dia do depoimento de Casimiro à Comissão Parlamentar de Inquérito, Hermeto questionou: “A falta de planejamento foi tão grande que nem água para os policiais havia. É verdade?”. O coronel respondeu: “Isso. Pela falta de informação também”. Porém, em conversa entre Casimiro e Paulo José, que substituía Eduardo Naime na chefia do DOP, o responsável pelo 1º CPR afirmou que seu comando tinha informações.
Na conversa, obtida pelo Metrópoles e também documentada na CPI, Paulo José diz que pedirá ao coordenador-geral de Policiamento (CGP) para acompanhar a movimentação no QG. Mas Casimiro responde: “Ele não entra lá. E nem é bom. […] Temos Comandante de Batalhão e Comandante do CPR que estão acompanhando. O CGP só entra em último caso. Pode até atrapalhar, porque não tem todas as informações que o 1º CPR tem. Confie em mim, que sou o braço direito do DOP”.
Defesa de Casimiro
Em nota, Mário de Almeida Costa, advogado de defesa de Marcelo Casimiro, hoje preso, afirma que o “1° Comando de Policiamento Regional é um órgão de execução, e não de planejamento”, e que “o Departamento Operacional da Polícia Militar possui em sua estrutura um órgão de Direção Setorial chamado subchefia operacional, que, em suma, tem a incumbência de realizar o planejamento dos grandes eventos da PMDF”.
Veja a nota completa:
Defesa – Casimiro by Metropoles on Scribd