PM do DF é 1º brasileiro a se tornar instrutor de método avançado em resgate de soterrados
O Método Arcón, ensinado no Equador, é o mais eficaz da história em resgates que envolvem a localização de vítimas em soterramento com cães
atualizado
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O subtenente Ademar Barros, 47 anos, conquistou o cobiçado certificado de instrutor do Método Arcón, no Equador, em fevereiro deste ano. O policial militar do DF é o primeiro brasileiro a se tornar instrutor de método avançado de resgate de vítimas soterradas, detecção de pessoas vivas soterradas, restos humanos e explosivos com o uso de cães.
A metodologia, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), é a mais eficaz da história em resgates que envolvem a localização de vítimas em soterramento.
O Método Arcón foi desenvolvido pelo bombeiro espanhol Jaime Parejo, em 1994. Ele batizou a metodologia com o nome do cão que foi companheiro de resgates e aluno pioneiro. O Arcón é utilizado por bombeiros, policiais, defesas civis e exércitos de vários países do mundo.
Ademar começou a estudar a metodologia equatoriana em 2010. Desde então, já está no seu terceiro curso de formação como instrutor. “O meu primeiro [curso] foi na Colômbia. Na época, um dos cães que treinamos foi responsável por localizar uma pessoa viva que ficou soterrada em um deslizamento de terra no país. O sucesso do resgate não tem preço, é a maior motivação”, conta.
O PM é adestrador desde 1998. Em 25 anos de serviço no Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães), já formou mais de 100 adestradores e caninos das polícias militares do Brasil, bombeiros, Forças Armadas e Polícia Rodoviária Federal na detecção de explosivos e entorpecentes.
“Nunca parei de estudar, nem de treinar cão. Sempre foi o meu maior desejo dentro da corporação. É uma gratidão enorme ver os frutos desse trabalho”, celebra Ademar.
No início de fevereiro, o instrutor iniciou o curso do Método Arcón, no Equador, com uma turma de 51 alunos de seis países diferentes. A formação tem duração de 30 dias, mas ele obteve o título na metade do tempo.
“É um curso bastante concorrido e muito difícil, mas com grande troca de experiência. A gente vive condições de desgastes em áreas colapsadas e de risco para treinar os cães. Nesse sentido, o Equador é o cenário ideal para esse tipo de treinamento, pois possui regiões com risco de deslizamento, locais com escombros de terremoto, vulcões e montanhas com neve”, explica o instrutor.
Veja como funciona o treinamento:
Conforme explica Ademar, o diferencial do Método Arcón é que o cão trabalha a autonomia e explora ao máximo sua capacidade olfativa e psíquica. “Faz com que o cão trabalhe motivado e desenvola sua propiria estratégia de busca. Nós eliminamos a expectativa de apoio, com o intuito de gerar expectativa de recompensa futura pela busca”, detalha.
Por meio da metodologia, os instrutores conseguem maximizar a capacidade olfativa do cão e extrair muito mais habilidades dele. O mínimo odor exalado pela vítima é suficiente para o cão localizá-la, mas isso requer concentração do animal.
O animal homolado no método é capaz de localizar vítimas debaixo de seis metros de escombros. Os cães habilitados, por exemplo, foram os únicos a localizar pessoas vivas nos escombros do terremoto que devastou a Turquia e a Síria no começo de fevereiro. As outras vítimas foram localizadas com a ajuda de aparelhos e de socorristas profissionais ou voluntários.
Agora, com a formação de instrutor, o subtenente espera levar todo o conhecimento adquirido no curso para preparar cães com mais eficiência em resgates e localização de explosivos e drogas.
“A emoção depois que você ajudou a formar um cão e ele consegue resgatar uma pessoa viva, pra mim, não tem preço. Essa emoção eu carrego pra toda vida, pois é o que me motiva a seguir como instrutor do Método Arcón”, ressalta o PM.