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Pirâmide: oficiais da FAB caem em golpe e prejuízo passa de R$ 390 mil

Dono da Sacredi, Samir Almeida Silva, acumula 26 processos no TJDFT; ao menos 19 deles são relacionados a calote com a empresa  

atualizado

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Comando da Aeronáutica celebra Dia do Aviador e Dia da Força Aérea Brasileira - Apresentação do novo caça F-39E Gripen
1 de 1 Comando da Aeronáutica celebra Dia do Aviador e Dia da Força Aérea Brasileira - Apresentação do novo caça F-39E Gripen - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Certos de que teriam um investimento lucrativo, oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) aplicaram parte da renda na S.A. Consultoria, Assessoria e Soluções Ltda. (Sacredi). No entanto, foram surpreendidos com um esquema de pirâmide.

O Metrópoles apurou que ao menos oito oficiais levaram calote nas aplicações, o que resultou em prejuízo de R$ 390 mil. No entanto, os valores podem ser muito maiores. Ao todo, o empresário responsável pela Sacredi, Samir Almeida Silva, acumula 26 processos no Tribunal da Justiça do Distrito Federal; ao menos 19 deles são relacionados ao calote com a empresa.

Além disso, Samir Almeida tem oito ocorrências na Justiça envolvendo estelionato. A consultoria não fica muito para trás: há 22 processos pelo CNPJ da instituição financeira em tramitação na Justiça do DF. A empresa também soma críticas no site Reclame Aqui, relacionadas a suposto golpe financeiro.

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Samir é investigado por estelionato
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Sacredi tem 22 processos

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Samir é investigado por estelionato

Arquivo Pessoal

Na expectativa de que teriam retorno de 6,5% a 11% ao mês do total do valor investido, mais o lucro proposto, oficiais chegaram a fazer empréstimos com instituições financeiras. Mais de 30 pessoas se organizaram em um grupo nas redes sociais para manter informações a respeito de Samir e da empresa Sacredi.

“O pior é que os bancos já estão cobrando”, disse uma das vítimas. Ela afirma que já tem restrições com o nome por causa dos valores cobrados. “Pelo menos consegui tirar o desconto em folha”, destacou.

Empréstimos

Outra pessoa informou que ficou sabendo do lucro quando começaram a circular informações, dentro da FAB, de que era um investimento vantajoso. “Ele veio com uma história de rentabilidade e que eu poderia ficar tranquila”, contou. “Perguntaram se eu não queria pegar um dinheiro a mais para fazer essa tal rentabilidade, porque aí eles pagariam para mim determinados percentuais todo mês, e isso já pagaria o empréstimo”, relatou.

Os investimentos foram os mais variados: teve quem investiu R$ 1 mil e quem aplicou R$ 260 mil. Os militares da FAB tiveram trâmite realizado pelo AerConsig, sistema interno da FAB, segundo processos.

“Ele pagou por cinco meses: eu dei para ele um valor de R$ 40 mil e meu marido deu um valor de R$ 10 mil. Daí ele começou a sumir, atrasar o pagamento, não pagar”, contou. Inicialmente, o negócio parecia realmente vantajoso — pois, nos primeiros meses, havia realmente lucro — e algumas vítimas começaram a recomendar o esquema para familiares.

“Eu recebi um dinheiro e queria investir”, disse uma parente de oficial que já tinha o dinheiro aplicado na Sacredi. “Eu investi R$ 40 mil, mas, quando eu entrei, a firma era linda. No início, ainda recebi uma parcela do dinheiro. Depois, tentou negociar de todas as formas com as pessoas e acabou não pagando”, detalhou.

Saúde mental

A reportagem teve acesso ao processo de uma mulher grávida cujo período de gestação ficou conturbado devido aos inúmeros calotes que a empresa aplicava. Em uma das mensagens com o corretor da Sacredi, ela afirma que não tem saúde mental para lidar com os atrasos constantes.

“Eu não tenho mais saúde mental para estar grávida passando por isso”, destacou. Os apelos não surtiram efeito — a mulher ingressou com ação judicial contra a empresa após repassar R$ 262.500 à consultoria, mas receber ressarcimento de apenas R$ 66.513.

Samir chegou a ser condenado em alguns processos, nos quais foi punido com a penhora dos bens; entretanto, ninguém mais o encontra e, assim, não é possível executar a sentença.

Prejuízos

Após a publicação da reportagem, o dono da Sacredi, Samir Almeida Silva, negou ao Metrópoles a existência de um esquema de pirâmide e disse que ele teve prejuízos. “Hoje, meu maior sonho é pagar essas pessoas”, afirmou.

Samir destacou que muitos dos que reclamam foram clientes por anos e tiveram grande rentabilidade com a empresa. “No meio do ano passado, tivemos problemas para arcar [com custos], mas nunca fugi. Meu número é o mesmo. Sempre atendi e expliquei [tudo] às pessoas [que contatavam]”, completou.

Por meio de nota, a FAB ressaltou não ter vínculo com a empresa S.A Consultoria, Assessoria e Soluções LTDA (Sacredi) nem ter feito “quaisquer tipos de empréstimos via Sistema de Consignações (AERConsig)” com ela.

“A FAB ressalta, ainda, que recomenda ao efetivo que mantenha cautela na avaliação e na adesão de propostas que supostamente entreguem ganhos altos e fáceis”, ressaltou a Aeronáutica.

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