Piloto de trem do metrô que pegou fogo no DF: “Fiz apenas meu papel”
Ao perceber que o trem apresentava fumaça, piloto decidiu prontamente evacuar todos vagões. Minutos depois, metrô pegou fogo
atualizado
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Ao perceber que o trem que controlava apresentava fumaça, o piloto Rubens Fernandes de Sousa, de 45 anos, decidiu prontamente evacuar todos os vagões. Minutos depois, o metrô começou a pegar fogo próximo à estação Arniqueira, em Águas Claras. A ação do profissional foi fundamental para evitar que o incêndio, ocorrido na tarde da última sexta-feira (12/1), se transformasse em uma verdadeira tragédia no Distrito Federal.
“Eu estava ali pra fazer o meu papel. Teve momentos realmente que eu fiquei ali em perigo eminente, né? Porque eu tive que entrar dentro do carro, do vagão onde estava saindo fumaça. Tive que desligar uma chave lá, porque a gente faz o treinamento para, nesses casos, fazer uma tentativa de solucionar o problema”, contou Rubens ao Metrópoles.
Ele relembra que, no momento em que viu que havia muita fumaça e possibilidade de um curto-circuito, decidiu imediatamente evacuar os vagões: “Vi que realmente não havia condições do trem seguir com os usuários dentro. Instintivamente, já falei: “Não vamos com esse trem aqui porque não tem condições dele seguir viagem”. Eu tive muita ajuda do pessoal da segurança, que me deu aquele apoio para tirar o pessoal ali dentro”.
Perspectiva do piloto
Ao Metrópoles, o piloto contou a dinâmica do incidente sob a sua perspectiva. O funcionário recorda que estava na última volta do seu expediente, indo sentido Samambaia. No meio do percurso, um usuário tentou se comunicar por meio de um sistema que há dentro dos trens, mas Rubens não conseguiu entender inicialmente porque as falas não eram claras.
“Quando acontece isso, geralmente, são pessoas que passam mal dentro do trem. A gente já imagina isso, que aconteceu alguma coisa do tipo. Eu fiz um anúncio geral, que é uma audição pública ali no trem, avisando que faria atendimento na próxima estação, Arniqueiras. No mesmo momento, já apertaram o botão de emergência e começou a soar o alarme da cabine”, afirma o profissional.
“Nessa hora, eu notei que realmente tinha alguma coisa acontecendo lá. Eu já, de imediato, falei com o centro de controle para fornecer o corpo de segurança para fazer atendimento quando chegássemos na estação”, continua.
Em Arniqueiras, ele observou que alguns usuários saíram correndo do vagão que apresentava fumaça. O piloto decidiu evacuar todo o trem e solicitar que fosse levado para o pátio. “Eu quis tirar o trem ali o mais breve possível para que nada acontecesse. Do jeito que estavam ocorrendo lá, poderia acontecer um incêndio a qualquer momento”.
Com os vagões esvaziados, na estação seguinte, ele entregou o comando do trem para outro piloto seguir o trajeto até o pátio de manutenção. “Alguns metros depois da estação, o trem começou a realmente a pegar fogo. O trem não tinha mais condições de seguir e ele automaticamente aplicou freios de emergência e o outro piloto não teve como seguir viagem”, diz Rubens.
Incêndio
Na última sexta-feira (12/1), a circulação dos trens da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) precisou ser interrompida para ação do Corpo de Bombeiros do DF. De acordo com a empresa pública, um passageiro do metrô fez o acionamento do botão de alerta antes de o vagão pegar fogo.
O trem apresentou uma falha de tração no local, o que fez com os usuários tivessem de desembarcar naquela estação após o piloto receber alerta. Por volta das 13h, os passageiros que seguiam nos sentidos Central e Ceilândia voltaram a embarcar e desembarcar normalmente. As viagens no sentido Samambaia ficaram interrompidas até avaliação da equipe técnica da companhia, mas também voltaram a ser realizadas minutos depois.
Piloto foi um “herói”
No entendimento de colegas do profissional, ele “foi um herói”. “Ele identificou a falha e pediu para que fosse evacuado na estação Arniqueiras. O que aconteceu foi um milagre graças ao compromisso do funcionário com o serviço e com os usuários”, destacou o Sindicato dos Metroviários (SindMetrô), em nota.
O presidente do Metrô-DF, Handerson Cabral, também sublinhou que a atenção do servidor contribuiu para que os prejuízos fossem apenas materiais. “O piloto passa bem, pois o fogo atingiu o carro de trás. Ele atuou conforme manda o procedimento e fica aqui o nosso elogio.”
Apesar disso, Rubens, o piloto, acredita que não cabe a nomenclatura de “herói” para a situação: “Fiz a minha parte. Tomei a frente naquele momento, sabendo que aquilo ali não tinha condições nenhuma de seguir sem fazer o procedimento. […] Graças a Deus não aconteceram problemas maiores porque, se o trem tivesse ficado mais tempo na estação, ele poderia ter pegado fogo ali mesmo”.