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PF faz operação no DF contra lavagem de dinheiro e falsificação

Doleiro, donos de postos de gasolina, agências de turismo e lotéricas são suspeitos de evasão de divisas no DF. Fraude chega a US$ 5 bilhões

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Michael Melo/Metrópoles
Operação perfídia, Polícia federal, lavagem de dinheiro
1 de 1 Operação perfídia, Polícia federal, lavagem de dinheiro - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (26/4), no Distrito Federal e em mais 11 estados, a Operação Perfídia. A ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro internacional, blindagem patrimonial e evasão de divisas com ramificações em pelo menos cinco países. Segundo a PF, há relação dos envolvidos com o esquema de desvio de recursos da Petrobras, investigado pela Lava Jato.

Em Brasília, dois mandados de prisão foram cumpridos contra a advogada Claudia Chater (foto abaixo) e Edvaldo Pinto. Ela é prima de Habib Chater, dono do Posto da Torre e um dos primeiros presos na Lava Jato. O estabelecimento, inclusive, deu nome à operação. Edvaldo seria funcionário dela. Os dois são suspeitos de falsificar documentos.

Michael Melo/Metrópoles

 

Habib Chater (foto abaixo), por sua vez, foi alvo de mandado de condução coercitiva (sendo conduzido a depor). Ele já foi condenado a 5 anos e 6 meses de cadeia por lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e repasse de propinas a políticos.

Ficou três anos encarcerado no Paraná e, agora, cumpre regime aberto em Brasília. Outros quatro integrantes da família prestam depoimento na sede da PF nesta manhã. Os investigadores querem identificar quem são os clientes que contratavam os serviços da família.

Reprodução/Conjur

 

O denominado núcleo duro do grupo, formado por proprietários de postos de gasolina, agências de turismo, lotéricas, entre outros estabelecimentos, era responsável pela aquisição fraudulenta de imóveis e ativos para fins de lavagem de dinheiro. Somente em uma das operações de compra e venda identificadas pela PF o negócio chegou a R$ 65 milhões.

Em ação realizada ainda no ano de 2016, em endereços ligados a um dos integrantes do núcleo duro, foram encontrados documentos que apontam para uma empresa do tipo off-shore controlada pela organização no exterior que pode ter realizado movimentações que excedem US$ 5 bilhões.

A organização criminosa contava ainda com o apoio de doleiros, advogados, contadores, serventuários de cartórios, empregados de concessionárias de serviços públicos e até de um servidor da Polícia Federal. O funcionário é lotado em uma unidade da corporação no Na Hora do Riacho Fundo I e, pelas mãos deles, teria passado grande quantidade de passaportes falsificados.

Há dois anos, a extinta revista Veja Brasília publicava a matéria Sujo e Mal Lavado, que trazia um perfil detalhado de Carlos Habib Chater. A reportagem, da atual diretora de redação do Metrópoles, Lilian Tahan, detalhava a longeva carreira do personagem como doleiro em Brasília, sua lista de empresas (“todas elas amparadas em contratos falsos e em nome de laranjas”), seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas e as inserções no submundo da corrupção da política nacional.

Operações de câmbio
A PF investiga se integrantes da organização realizavam operações de câmbio não-autorizadas, além de dissimularem a aquisição de imóveis de alto valor e promoverem a evasão de divisas. Para isso, eles se utilizavam de “laranjas” e falsificavam documentos públicos, especialmente certidões de nascimento emitidas em cartórios no interior do Brasil.

Cerca de 200 policiais federais cumprem 103 mandados judiciais, sendo 55 de busca e apreensão, 46 de condução coercitiva e dois de prisão temporária. As ações se concentram no Distrito Federal, mas também ocorrem na Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal do DF.

As investigações começaram a partir de uma prisão em flagrante de um jordaniano ocorrida na imigração do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em agosto de 2016. Ismail Suleiman Hamdan El Halalat desembarcou da França em Brasília com passaporte brasileiro obtido com documentos falsos. Na ocasião, chamou a atenção da qualidade da falsificação.

Uma primeira busca foi feita e, a partir da análise do material apreendido, descobriu-se que o esquema era muito maior, envolvendo lavagem de dinheiro internacional e movimentação financeira muito grande

O nome da operação, Perfídia, é uma referência à traição e deslealdade dos integrantes do núcleo duro da organização criminosa com o país. A primeira fase da operação foi deflagrada em dezembro do ano passado, quando foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão no DF.

Conforme decisão do juiz federal, Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, a operação deverá ser mantida sob sigilo por 24 horas. A medida visa garantir o cumprimento de todos os mandados. A Justiça autorizou, ainda, o recolhimento de telefones celulares dos envolvidos.

Confira os estados em que mandados estão sendo cumpridos:
DF: 71
Bahia: 2
Maranhão: 7
Goiás: 1
Minas Gerais: 5
Mato Grosso do Sul: 1
Pará: 1
Piauí: 3
Paraná: 2
RJ: 1
Rio Grande do Sul: 1
SP: 6
Tocantins: 2

 

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