PF deflagra nova fase de operação que apura tráfico em avião da FAB
As medidas buscam fortalecer as provas que apontam militar da Força Aérea Brasileira como responsável pelo recrutamento de “mulas”
atualizado
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A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta quinta-feira (25/3), três mandados de busca e apreensão relacionados à Operação Quinta Coluna, deflagrada a fim de apurar a atuação de uma associação criminosa que utilizou aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para enviar drogas à Espanha.
As medidas buscam fortalecer as provas que ligam militar da FAB apontado como responsável pelo recrutamento de “mulas” a pessoas relacionadas ao tráfico de entorpecentes.
O Metrópoles apurou que o alvo da nova etapa tem vínculo com o sargento Jorge Luiz da Cruz Silva, conhecido como Salve Jorge, preso na última quinta-feira (18/3).
Os mandados de busca, expedidos pela 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, são cumpridos no Lago Sul, em Águas Claras e na Asa Norte.
Uma casa alugada por R$ 10 mil ao mês foi alvo dos policiais nesta manhã. A residência, localizada no Lago Sul, área nobre de Brasília, foi alugada por um personal trainer.
Prisão
Na última quinta-feira (18/3), o Comando da Aeronáutica, com apoio da PF, prendeu o 2º sargento Jorge Luiz da Cruz Silva e mais três pessoas que estariam envolvidas no tráfico de 37 kg de cocaína achados em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), em junho de 2019, na Espanha.
O grupo teria ajudado o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues a traficar a droga – o avião, usado em apoio à Presidência da República, saiu do Brasil e pousou na Espanha. Agora, foram presos outros três militares, além da esposa de Manoel. São eles:
- Tenente-coronel Alexandre Augusto Piovesan;
- 2º sargento Márcio Gonçalves de Almeida;
- 2º sargento Jorge Luiz da Cruz Silva (cumprimento de mandado de busca e apreensão);
- Wikelaine Nonato Rodrigues (esposa de Manoel).
Foram apreendidos computadores, celulares e documentos das pessoas envolvidas. Um ex-soldado da Aeronáutica, também com prisão decretada e cunhado do militar preso na Espanha, não foi encontrado.
Mulas
Dados colhidos no celular de Wikelaine Rodrigues mostram que ela e Jorge Luiz da Cruz Silva sabiam da atividade ilícita e participaram do esquema, auxiliando Manoel Rodrigues. Silva estava lotado no gabinete do vice-governador do DF, Paco Britto, e foi exonerado após a primeira operação da PF.
Há informações de que Manoel Rodrigues adquiriu um celular apenas para falar com os traficantes. O aparelho teria sido ocultado pela esposa após a prisão dele na Espanha.
As investigações apontam, ainda, que Jorge Luiz da Cruz Silva tinha a função de recrutar “mulas”, militares da FAB, para o transporte de substâncias ilícitas. Provas colhidas pela Polícia Federal revelam que ele tinha contato com Manoel Rodrigues por meio de mensagens de celular. Os textos enviados por Silva sempre continham a expressão “Oi, Amor” no início.
Os dois se encontraram antes das viagens realizadas por Rodrigues no avião da FAB, em 29 de abril e 24 de junho. Jorge Silva trocou o celular após a prisão do sargento.