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Pesquisa feita no DF avalia impactos do ódio on-line na saúde mental

Projeto do Programa de Iniciação Científica do IESB tem dados preliminares que refletem o contexto brasileiro recente

atualizado

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Pessoa digitando em teclado de computador
1 de 1 Pessoa digitando em teclado de computador - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Um projeto do Programa de Iniciação Científica (PIC) de psicologia estuda o impacto que crimes de ódio, como racismo, LGBTfobia, perseguição política, religiosa ou de gênero, calúnia, entre outros, cometidos de forma on-line, refletem na saúde mental de quem sofre com este tipo de preconceito. A pesquisa “Efeitos dos crimes de ódio praticados nas redes sociais para a saúde mental das vítimas” apresenta dados preliminares que já permitem inferências importantes sobre este problema que vem aumentando cada vez mais no país.

A jornalista e estudante de psicologia Isabella Tavares, 49 anos, é a responsável pelo estudo e conta que tem o objetivo de trazer quais são os gatilhos que estes tipos de crimes cibernéticos podem causar em uma pessoa. “Por meio da pesquisa, é possível analisar o reflexo do contexto brasileiro recente. A maioria das pessoas que respondeu à pesquisa disse que já foi vítima desse comportamento de ódio e mencionou ter tido medo, sensação de ameaça, angústia, episódios de ansiedade ou impacto negativo na autoestima”, afirmou.

Segundo a estudante, além das sensações de insegurança, as pessoas não buscam a ajuda necessária para tratar este problema causado pela internet e acabaram revidando as ofensas da mesma forma. “A maioria relata ter revidado as ofensas e denunciado os “haters” aos administradores da plataforma social ou às autoridades de segurança pública. Apenas uma pequena parte afirma ter buscado ajuda de psicoterapia para lidar com o problema”, disse.

“Intolerância político-ideológica é a queixa mais citada pelos respondentes da pesquisa, o que reflete bastante o ambiente político cada vez mais polarizado Brasil”, avalia a pesquisadora. “De todas os problemas relatados, este está disparadamente na frente, seguido por bullying e LGBTfobia”, relatou Isabella.

Segundo a estudante, a pesquisa tem o objetivo de conscientizar as pessoas a utilizar a internet e a torná-la um ambiente mais seguro e respeitoso. Os dados trazem os números de pessoas que possuem mais de 18 anos, mas a jornalista também alerta sobre este problema na adolescência. “Minha pesquisa foi voltada para adultos, mas temos que ficar de olho, também, nos adolescentes, que é quando uma pessoa está em formação”, alertou. “O indicado seria melhorar a educação mesmo, começar a usar a internet de forma mais segura e respeitosa. É uma questão mais cultural do que jurídica”, completou.

A análise do ambiente, até o momento, sugere que o meio digital reflete a realidade: aqueles que se declararam vítimas dos “haters” na internet também foram alvo de comportamentos de ódio fora das redes sociais.

Sobre a pesquisa

O projeto faz parte do Programa de Iniciação Científica (PIC) do IESB e foi selecionado para receber bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, do Ministério da Saúde, via Plataforma Brasil, e orientado pelo professor Ricardo Vasquez Mota, membro efetivo do CRP-DF, a pesquisa é um estudo exploratório quantitativo com voluntários adultos recrutados por consentimento informado.

A coleta de dados está sendo realizada por meio de questionário no Google Forms. A conclusão do projeto, com a publicação de um artigo científico, está prevista para outubro deste ano.

Para quem sofreu com algum tipo de ofensa na internet e queira contribuir para a pesquisa, clique aqui para responder o questionário da estudante.

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