Peritos criminais do DF ameaçam parar por vacinação contra a Covid
Assembleia-geral será realizada nesta quarta. Profissionais dos institutos de Identificação e de Criminalística se sentem expostos à Covid
atualizado
Compartilhar notícia
Peritos criminais do Distrito Federal pedem, mais uma vez, que sejam incluídos nos grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19. A categoria manifestou preocupação devido à exposição no trabalho e risco de contaminação pelo coronavírus.
A Associação Brasiliense de Peritos em Criminalística (ABPC) e o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), realizam, nesta quarta-feira (14/4), assembleia-geral em prol da vacinação. A assembleia, marcada para 14h, vai deliberar sobre a possibilidade de paralisação dos policiais civis e dos peritos criminais, como forma de pressionar o Governo do Distrito Federal pela vacinação das duas categorias.
A Portaria N° 2, de 4 de abril de 2021, estabeleceu a lista dos primeiros 350 policiais a receberem doses de vacinas contra SARS-COV2. No entanto, contemplou apenas aqueles envolvidos em operações “lockdown” ou integrantes dos plantões das mesmas operações. Dados da corporação mostram que pelo menos 655 policiais da ativa foram contaminados pelo novo coronavírus e cinco morreram.
“Os profissionais da polícia técnica trabalham nos bastidores e, por isso, muitas vezes são invisibilizados e não recebem o cuidado devido. Durante a pandemia, desempenham um papel fundamental nas ações de combate à Covid-19, mas que não é enxergado. Estamos cobrando das autoridades competentes que esses policiais trabalhem com a estrutura, a segurança e a imunização necessárias para continuar a exercer o trabalho de excelência que vem sendo feito”, afirma Alex Galvão, presidente do Sinpol-DF.
Conforme relata Ana Carolline Ribeiro de Toledo, da diretoria do Sindicato, os profissionais de perícia comparecem a todo tipo de localidade durante o trabalho. Assim, servidores tanto do Instituto de Criminalística (IC) quanto do Instituto de Identificação (II) precisam tomar cuidados redobrados. “Usamos EPI, mas precisamos manipular cadáveres nas ruas e nas casas. Nunca sabemos quando as pessoas estão infectadas”, pontua Ana Carolline. “Trinta por cento dos peritos que trabalham em crimes já foram infectados, mais do que o dobro da polícia toda”, acrescenta.
“Outro fato que pode ser destacado é que na viatura andam quatro policiais nas perícias de crime contra a vida (dois peritos criminais, um papiloscopista policial e um agente) e nas ocorrências de crimes contra o patrimônio andam três policiais (um perito, um papiloscopista e um agente), o que aumenta a possibilidade de contaminação entre institutos, porque essas pessoas trabalham em locais diferentes na polícia”, completa.
Segundo conta, um dos locais onde os profissionais ficam mais expostos são os pontos de identificação do DF, voltados para a criação do documento de identidade.
“Temos buscado, junto com a polícia, a sensibilização das autoridades. A parcela de nossos peritos está bastante exposta e tem contato direto com a população. O colega vai necessariamente entrar em contato com quem está atendendo. É um risco para ambos, tanto o policial quanto o cidadão”, argumenta Maíra Lacerda, presidente da Associação de Papiloscopistas do DF.