Peritos analisam sangue em chuteira e sêmen em short de Marinésio
A 31ª DP concluiu 7 inquéritos de 8 vítimas. Maníaco vai responder por 6 estupros tentados e consumados, feminicídio e ocultação de cadáver
atualizado
Compartilhar notícia
A 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina) concluiu sete inquéritos que investigam o maníaco Marinésio dos Santos Olinto (foto em destaque), 41 anos, e os encaminhou à Justiça. O cozinheiro vai responder por seis estupros tentados e consumados, feminicídio, ocultação de cadáver e crimes agravados por qualificadoras, como motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.
Entre os casos, o assassinato da advogada e funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC) Letícia de Sousa Curado, 26. De acordo com a PCDF, o laudo preliminar indica que a vítima não foi estuprada. Alguns exames, porém, estão pendentes, como a dinâmica do crime.
Os policiais também querem saber o motivo pelo qual havia sêmen em um short de Marinésio. A peça foi apreendida na casa dele, em Planaltina, e era usada pelo maníaco no dia do crime. Os investigadores também recolheram na residência do acusado um par de chuteiras manchadas de sangue.
Entre as vítimas, estão duas irmãs, de 21 e 18 anos. Elas foram abordadas na Rodoviária de Planaltina um dia depois do assassinato de Letícia Curado. O cozinheiro ofereceu carona para a dupla após buscar a própria filha numa festa realizada em um restaurante comunitário. O indiciamento, nesse caso, inclui estupro, pelo fato de Marinésio ter mandado a irmã mais velha pegar em suas partes íntimas.
Os inquéritos se referem às seguintes vítimas*:
Jovem de 19 anos — Foi atacada na Vila Vicentina, em Planaltina, em novembro de 2017. Teve o estupro consumado;
Mulher de 39 anos — Foi atacada em 2013 quando estava em uma parada de ônibus. Ela conseguiu escapar e o maníaco, que não conseguiu consumar o estupro;
Irmãs de 21 e 18 anos — Marinésio ofereceu carona a elas na Rodoviária de Planaltina, um dia depois de matar Letícia, no dia 24 de agosto. Vai responder por estupro de uma delas;
Mulher de 24 anos — Foi atacada em 11 de agosto, às margens da DF-130, próximo ao Morro da Capelinha. Ela pulou do carro em movimento e conseguiu escapar. O estupro foi tentado;
Janaína Dias Lopes, 25 anos – Diz ter sido atacada pelo suspeito em 2015, próximo à parada de ônibus do Hospital Regional de Planaltina (HRP). O maníaco, segundo conta, usou uma faca para a obrigar a entrar em seu carro. Ele teria dirigido até matagal nos arredores, onde tentou estuprá-la e a enforcou. A vítima fingiu-se de morta para se livrar do suspeito;
Mulher de 50 anos — Atacada em 4 de agosto, teve o estupro tentado. O crime ocorreu em uma área rural próximo ao Vale do Amanhecer;
Letícia de Sousa Curado, 26 — Assassinada no dia 23 de agosto, em Planaltina. Ela desapareceu após sair de casa para ir ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Marinésio a pegou em uma parada de ônibus e depois a estrangulou. O corpo da funcionária terceirizada do Ministério da Educação foi encontrado dentro de manilha localizada às margens da DF-250, na mesma região.
A 31ª DP investiga outros dois casos: o de uma menina de 15 anos – cujo corpo foi encontrado no Lago Paranoá. Ela era amiga da filha de Marinésio. O outro é de uma mulher que foi levada da Rodoviária do Plano Piloto pelo maníaco. Três assassinatos também podem ter relação com o acusado e estão com inquéritos abertos na Coordenação de Homicídios.
Marinésio confessou ter matado Letícia e Genir Pereira de Sousa, 47. Segundo o delegado Veluziano de Castro Salgado, o cozinheiro, que está preso, atacava todos os dias em que estava de folga. “Ele tentava cometer estupros diariamente, mas nem todas as vítimas quiseram registrar ocorrência”, disse.
Segundo o policial, após o corpo de Letícia ser encontrado e Marinésio ter sido preso, muitas mulheres procuraram as delegacias para acusarem o cozinheiro de abuso. “Podemos concluir que ele agia de uma forma deliberada, com a intenção de cometer os delitos. Quando via mulheres em situação de vulnerabilidade, ele as abordava. Quando dissimulava exercer um transporte pirata, no momento em que a vítima ia pagar, não aceitava e dizia que seria apenas uma carona e logo depois ele as atacava. A partir daí, se consumava o estupro. Algumas não resistiam à ação, outras sim. Por meio da dinâmica, da forma que ele agia, as que resistiram acabavam morrendo”, assinalou.
Nessa quarta-feira (18/09/2019), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Marinésio à Justiça por homicídio quintuplamente qualificado. As qualificadoras incluem motivo torpe, porque a vítima se negou a manter relações sexuais; meio de execução (esganação); dissimulação, por fingir ser loteiro; feminicídio; e por ele tentar manipular a cena do crime para disfarçar uma tentativa de estupro.
O cozinheiro foi denunciado ainda por tentativa de estupro, ocultação de cadáver e pelo furto dos pertences da Letícia, uma vez que foram encontrados, dentro do carro do assassino confesso, fichário, celular e bens da vítima. A denúncia de feminicídio será oferecida ao Tribunal do Júri de Planaltina. Apenas em relação à morte de Letícia, ele pode pegar 46 anos de prisão, caso condenado, segundo estimativa do MPDFT.
(*) O Metrópoles só publica os nomes das denunciantes que autorizaram a divulgação