Perigo no metrô. Mulheres do DF sem proteção no vagão exclusivo
Lei Distrital nº 4.848/2012 prevê que Metrô-DF tenha vagões exclusivos para mulheres e pessoas com deficiência, mas homens desobedecem norma
atualizado
Compartilhar notícia
Mais de 86% das brasileiras já foram vítimas de algum tipo assédio em meios públicos. É aquela velha encoxada, as cantadas ou mesmo mãos que não ficam nos bolsos, conforme o Metrópoles denunciou na premiada reportagem “Avisa quando chegar: O assédio que paralisa as mulheres”. No Distrito Federal, essa triste realidade deveria ser minimizada com o cumprimento da Lei Distrital nº 4.848/2012, que garantiu espaços exclusivos para mulheres e pessoas com deficiência no metrô. No entanto, a Companhia Metropolitana de Brasília admite que, por falta de pessoal para fiscalizar os trens, a norma tem sido descumprida, deixando milhares de passageiras à mercê de assediadores.
Apesar de ser usuária do metrô apenas nos fins de semana, a professora Kelly de Oliveira Santos, 37 anos, já cansou de flagrar homens no vagão que deveria transportar exclusivamente mulheres. Ela afirma ter abordado os “invasores” várias vezes, mas, temendo a violência, desistiu de intervir diretamente com os usuários.
Andressa Louise de Oliveira, de 35 anos, é estudante e usa o sistema de transporte diariamente. Não há um só dia que não se depare com homens no vagão exclusivo. “Quando vou de manhã, por volta das 7h, entram apenas idosos, o que já é errado. Mas quando volto, umas 23h, sempre tem homem”, detalha. Tarde da noite, afirma, a presença masculina parece ainda mais ameaçadora.
Falta pessoal
Em nota, o Metrô-DF reconheceu o problema. Segundo o texto, a companhia não tem “capacidade operacional” para manter pessoal em todos os vagões e, assim, garantir o cumprimento da exclusividade para as passageiras.
O Metrô-DF afirma, porém, que desde agosto de 2015 está em campanha permanente para a conscientização dos homens quanto ao uso do vagão exclusivo para mulheres e pessoas com deficiência. Além disso, diz, tem profissionais capacitados para intervir, quando necessário, retirando os passageiros que insistirem na infração. Denúncias devem ser encaminhadas à Ouvidoria do Metrô-DF, por meio do Whatsapp: (61) 9277-5011.
Sem poder fiscalizador
Em nota, a subsecretária de Políticas para Mulheres da Secretaria Adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do GDF, Raissa Rossiter, considerou que a ampliação do horário de funcionamento do chamado vagão rosa do metrô foi um grande avanço para as cidadãs brasilienses. A pasta, segundo Raissa, se dedica a políticas públicas de proteção dos direitos das mulheres, mas não tem poder fiscalizador.
Precisamos cada vez mais conscientizar a todas e todos da importância de se garantir transporte seguro para que elas (mulheres brasilienses) possam se deslocar para o trabalho, casa, escola, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento. Isso confere às mulheres a segurança e o conforto de que necessitam para desempenhar os múltiplos papeis que exercem na sociedade
Raissa Rossiter, secretária-de Políticas para Mulheres
A representante do GDF disse ainda que a pasta está constantemente engajada em dialogar com todas as organizações, públicas e privadas, no sentido de promover a melhoria das condições de mobilidade das mulheres.