Perícia confirma arranhões no pescoço de marido de médica morta no DF
Tratado inicialmente como suicídio, o óbito da cardiologista Sabrina Nominato, 37 anos, é cercado de mistérios e pode sofrer reviravolta
atualizado
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Há seis meses sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a morte da médica Sabrina Nominato Fernandes Villela, 37 anos, ganhou mais um capítulo que reforça a tese de suposto crime violento. Laudos produzidos a partir do exame de corpo de delito feito no personal trainer e ex-marido da vítima, André Reis Villela, 41, apontaram a existência de arranhões em seu pescoços. Sabrina foi encontrada morta pelo então marido na cama do casal, na tarde de 10 de outubro do ano passado, em um condomínio no Altiplano Leste.
O laudo pericial que foi juntado ao inquérito conduzido pela 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) concluiu que os arranhados poderiam ser “resultado de uma lesão produzida pelas unhas de uma pessoa”. Os investigadores apuram se houve luta corporal entre o casal antes da morte de Sabrina. A PCDF já determinou que seja fornecido o material genético extraído da unha da médica para verificar se é compatível com o DNA do marido.
O perito que produziu o laudo afirmou ainda que as lesões encontradas na face e lábios da vítima, além de apresentarem marcas recentes, podem ter correlação direta com a morte. “Eis que a asfixia por sufocação direta, seja posicional ou intencional, também mostra marcas nos lábios e face da vítima e hipótese de sufocação por asfixia direta ou indireta”, explicou o perito.
O caso
Recheado de perguntas que ainda precisam ser respondidas, o inquérito traz à tona depoimentos que demonstram uma relação supostamente abusiva entre Sabrina e o marido. Casados há seis anos, os dois viviam em uma propriedade alugada, no condomínio Mini Chácaras, no Altiplano Leste.
Sabrina estava de bruços, com o rosto contra um dos travesseiros, em uma posição que provoca asfixia. Roxa e com o corpo enrijecido, estava coberta e já sem vida. Uma ambulância do Corpo de Bombeiros foi acionada pelo personal trainer. Logo em seguida, a equipe de socorristas confirmou o óbito. A Polícia Civil foi chamada pelo porteiro do condomínio somente por volta das 16h.
Seguro de vida
O Metrópoles apurou que a cardiologista tinha um cofre em casa, no qual guardava joias, dólares e outros bens de valor. Ela também era dona de dois veículos. Todo o patrimônio ficou com o personal trainer. Os advogados da família de Sabrina afirmaram que ela era detentora de duas apólices de seguro de vida com valores ainda não revelados.
Os defensores solicitaram que autoridades do caso peçam as quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico, tanto da cardiologista quanto do marido. Ainda faltam ser anexados ao inquérito os exames periciais feitos sobre as degravações de conversas travadas por meio do WhatsApp e e cópias de imagens gravadas na entrada e saída da academia onde André Villela trabalhava.
Os advogados também aguardam o resultado do exame de corpo de delito ao qual o personal trainer se submeteu quatro dias após a morte da médica e o laudo de um recorte de tecido com manchas de sangue encontrado na casa de Sabrina. O exame de local produzido pelo Instituto de Criminalística, que é outra forma de obter provas, ainda não foi concluído.
Depoimento do personal
Acompanhado de um advogado, o personal trainer prestou depoimento na delegacia horas após o corpo da cardiologista ter sido encontrado. Villela afirmou que no dia anterior à morte da mulher o casal havia participado do aniversário de uma amiga, em um restaurante na QI 5 do Lago Sul, entre 14h e 19h. Em seguida, foram para um bar na 202 Sul, onde Sabrina teria ingerido muita bebida alcoólica.
No local, a médica teria passado mal por sofrer com a síndrome de Vasovagal, doença que consiste na perda transitória da consciência, provocada pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. De acordo com o marido, ela teria deitado no chão e levantado as perna. Sentindo-se melhor, teria voltado a beber.
O marido relatou em depoimento que Sabrina fazia uso diário de remédios para dormir. A médica tomaria até cinco comprimidos de uma vez e, em função disso, chegava a urinar na cama com regularidade, o que o deixava irritado. O personal trainer contou aos policiais que a esposa apresentava sinais de depressão e já havia sofrido dois abortos espontâneos. Na mesma oitiva, ele disse nunca ter visto a mulher falar sobre tirar a própria vida.
A reportagem não conseguiu localizar André Reis por meio dos contatos disponíveis no inquérito policial. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.