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“Pensei que meu filho fosse morrer”, desabafa pai de jovem espancado

Abner Lourenço, 49 anos, e Monica Regina, 45, imploram por um exame de raio-x no filho, Jelder Eric: “Ele precisa voltar a se alimentar”

atualizado

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Igo Estrela/Especial para o Metrópoles
abner paulo lourenço
1 de 1 abner paulo lourenço - Foto: Igo Estrela/Especial para o Metrópoles

“Pensei que meu filho fosse morrer. Mas, graças a Deus, isso não aconteceu. O mais importante, nesse momento, é a recuperação completa dele. É a minha única razão de viver. É a nossa única razão de viver.”

As palavras do microempresário Abner Paulo Lourenço, 49 anos, pai do sociólogo Jelder Eric Lourenço, 25, ditas com exclusividade ao Metrópoles na tarde desta terça-feira (21/8), demonstram o tamanho da angústia e do sofrimento dele e da esposa, a professora Monica Regina de Souza Lourenço, 45, desde a fatídica segunda-feira (6), quando o filho foi encontrado gravemente ferido por funcionários da Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe).

Jelder foi socorrido e internado no Instituto Hospital de Base do Distrito Federal (IHBDF). Depois de muito esforço da família e dos amigos, o jovem conseguiu uma vaga na unidade de terapia intensiva (UTI) do IHBDF. Há dois dias, foi transferido para a enfermaria, após acordar do coma induzido. Segundo os pais e amigos do sociólogo, ele não tem se alimentado corretamente durante esse tempo.

O pai de Jelder enalteceu o apoio prestado pelos amigos do rapaz. “São anjos. Até na hora de darem a notícia, eles pensaram em nós. Não falaram que ele havia sido espancado, para não preocupar demais a gente”, relembrou. “Quando soube que o acharam, vim só com a roupa do corpo. Literalmente. Inclusive, estou usando algumas roupas do meu filho”, contou.

A partir dessa triste descoberta, os dias têm sido de luta para os pais, que deixaram a pequena Macaubal, no interior de São Paulo. Dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, eles sabem que não podem “baixar a guarda”. Com o objetivo de cuidar do filho único, eles relegaram a casa e as tarefas – dona Monica dá aulas na rede Sesi – e vieram para Brasília, ficar na casa de Jelder, na 712 Norte, e, também, na de amigos deles.

“Estamos aqui sempre alertas. Meu filho está sem alimentação, apenas com soro glicosado, e sem sonda há 48 horas. A gente está pedindo para o raio-x ser feito para ele poder se alimentar. O exame vai dizer se a sonda está no lugar certo e se a comida não está indo para o pulmão, por exemplo”, diz Abner Lourenço, dono de uma pequena loja de doces em sua cidade, a qual “é tocada” por um funcionário, pelo tempo que for necessário. “Não tem como eu voltar para lá, agora. Tenho que ficar aqui, as coisas estão difíceis, não andam como a gente espera. Nossos dias são de luta, aflição e sofrimento”, desabafa Abner.

Facebokk/Reprodução
Jelder Eric deixou a UTI do hospital no último fim de semana e já mostra sinais de melhora

 

Dias de luta, aflição e sofrimento, à exceção de um. Justamente aquele em que Jelder saiu do coma induzido, abriu os olhos e reconheceu os pais e os amigos. Nesse dia, seu Abner sentiu emoção, alívio, felicidade, tudo de bom. “Eu estava preocupado em ele voltar a ser o que era, um menino muito inteligente, um dos melhores nesse negócio de redes sociais. Não consegui pensar em nada. Só chorei”, conta, sobre a emoção de ver o filho melhor.

Raio-x
Enquanto o exame de raio-x não é feito e Jelder não é alimentado pela sonda, as opções que restam aos pais são continuar a luta e pressionar a polícia a descobrir o autor (ou autores) da agressão. Ainda bastante abalada, dona Monica optou por não falar com a reportagem.

“Eu não tenho certeza do que foi, do que realmente aconteceu, mas espero que a polícia faça o trabalho dela, investigue, veja as câmeras da cidade, veja o trajeto dele no dia em que desapareceu. A gente está com medo, essa pessoa ou essas pessoas que quase mataram meu filho ainda estão soltas”, reclama. “Foi uma covardia o que fizeram. Esperamos boas notícias da polícia”, confessa Abner.

Além do exame de raio-x, os pais esperam que o IHB e a Secretaria de Saúde enviem um neurocirurgião para fazer nova avaliação do caso de Jelder, para ver se ele realmente precisa passar por uma cirurgia bucomaxilofacial. “É só o que precisamos, além de muita fé em Deus e oração dos amigos e das pessoas solidárias com a situação do meu filho. Por favor, orem”, suplica o evangélico da Igreja Congregação Cristã no Brasil. Ter fé é preciso, sempre.

Entenda o caso
O sociólogo Jelder Eric, 25 anos, foi encontrado gravemente ferido por funcionários da Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe) no último 6 de agosto, após ter sido espancado. Ele estava desaparecido desde o dia 4 deste mês. Jelder saiu do coma no último domingo (19). De acordo com familiares e amigos, o rapaz está conseguindo mexer algumas partes do corpo, já reconhece as pessoas e, aos poucos, retoma a consciência.

Desde o dia em que foi achado com sinais de agressão, Jelder estava internado em estado grave e ficou em coma induzido na unidade de terapia intensiva (UTI) do Instituto Hospital de Base (IHB). O jovem sofreu traumatismo craniano e facial, além de vários ferimentos no corpo.

Conforme relatos de alguns amigos do sociólogo, médicos que cuidam do caso ainda não conseguem precisar se há alguma sequela no cérebro do rapaz, mas descartaram a necessidade de hemodiálise, para não sobrecarregar os rins com remédios. Como Jelder sofreu muitos ataques na cabeça e no rosto, a equipe médica sugeriu cirurgias reparadoras depois da recuperação da vítima.

Vaquinha
Enquanto o jovem luta pela sobrevivência, os amigos fizeram uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro e custear os próximos tratamentos, além das despesas dos pais, enquanto eles acompanham a recuperação do filho. Os dois estão hospedados na casa de Jelder, na 712 Norte.

De acordo com um dos funcionários do clube, o rapaz estava com lesões profundas quando foi localizado. A polícia não prendeu nenhum suspeito. Também não se sabe o motivo das agressões. A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), responsável pelo caso, afirma que não pode fornecer detalhes sobre a investigação.

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