PCGO já tem nome do 4º suspeito de suposto estupro coletivo ocorrido em Águas Lindas
Novo depoimento de vítima de 25 anos ainda deu elementos para a investigação ir atrás do 5º provável envolvido
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) já tem o nome do 4º suspeito de cometer estupro coletivo contra uma jovem de 25 anos na noite do último sábado (9/10) em Águas Lindas de Goiás (GO). De acordo com a titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), Tamires Teixeira, o trabalho agora é para identificar o 5º envolvido.
Segundo a investigadora, já há elementos que podem conduzir a delegacia a conseguir saber quem é o último possível envolvido no caso. “Hoje conseguimos extrair um outro nome e elementos que possam nos levar a conseguir a última identidade”, explicou.
Pelo sigilo do inquérito, a delegada preferiu não divulgar o nome do novo suspeito.
Linha de investigação mantida
Após colher o novo depoimento da vítima, a delegada decidiu manter a linha de investigação inicial do caso. “Até o momento, como a vítima manteve a versão dela (de estupro coletivo), nada mudou em relação a isso. Então, a gente mantém a linha de investigação, trabalhando com estupro coletivo”, afirmou.
Em depoimento prestado à Deam, no entanto, a jovem de 25 anos mudou uma parte da versão dos fatos. Inicialmente, a vítima afirmou ter sido violentada por seis homens. Na oitiva realizada desta sexta, a mulher diminuiu para cinco o número de agressores.
De acordo com a delegada, a polícia tem pistas para identificar os dois suspeitos ainda foragidos. Mas, por enquanto, os nomes não serão divulgados. “Hoje, conseguimos identificar o nome de mais um elemento, um possível autor”, contou.
“Oficialmente, nenhum (dos acusados) deixou de ser investigado. Nós temos alguns elementos que, talvez, levem a crer que não é um deles. Mas, até o momento, formalmente, oficialmente, estão mantidos. Esse sexto foi uma confusão da vítima. Ela acreditou que eram seis, mas, na verdade, foram cinco”, ressaltou a delegada Tamires.
No depoimento, a vítima também contou a dinâmica do suposto estupro coletivo. “Segundo a versão dela, ela foi levada para o quarto. E o primeiro homem abusou dela. Depois, ele saiu. Entraram mais dois e também praticaram sexo com ela. Saíram esses dois, entraram outros dois e praticaram sexo com ela. Saíram esses dois e voltou o homem do início, o primeiro. Então, são cinco”, relatou a investigadora.
Desde o crime, cometido na noite de sábado (9/10), a delegacia colheu, aproximadamente, 10 depoimentos para a elucidação do caso. E ainda deverá ouvir mais pessoas. Segundo a delegada, o inquérito deverá ser apresentado à Justiça na segunda-feira (18/10).
A delegada deixou claro que, até a entrega do relatório final, o caso segue em aberto. Ou seja, a denúncia pode mudar conforme a apuração dos policiais. Casa a linha inicial prospere e os acusados sejam eventualmente condenados, as penas podem variar de 6 a 10 anos, podendo haver aumento de pena por se tratar de estupro coletivo.
A vítima do suposto estupro coletivo deixou a delegacia sem falar com a imprensa. “Ela está bastante abalada, mas está tendo bastante apoio da sociedade. Mas não é para menos”, disse a delegada.
Laudo preliminar
Laudo preliminar realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Goiás não constatou lesões ou vestígios de ato libidinoso no corpo da jovem de 25 anos, que alega ter sofrido suposto estupro coletivo durante uma festa realizada em Águas Lindas de Goiás. A vítima diz ter sido abusada por cinco homens, entre eles o subtenente Irineu Marques Dias, do Batalhão Ambiental do Distrito Federal (BPMA).
O Metrópoles teve acesso ao documento. No laudo, os peritos detalham que a mulher apresentava rompimento himenal antiga, já tendo ocorrido conjunção carnal. No entanto, não é possível precisar datas.
O exame inicial não detectou marcas de violência na região anal, vagina e coxas. Mas isso não quer dizer que a mulher não tenha sofrido abusos. “Atos libidinosos podem ocorrer sem deixar vestígios ou estes podem ser fugazes”, pondera o parecer.
Os investigadores aguardam a conclusão dos testes laboratoriais que buscam identificar a presença de esperma no corpo da jovem. Na manhã desta sexta-feira (15/10), ela se apresentou à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Águas Lindas (Deam) para prestar novo depoimento.
Segundo a delegada Tamires, o laudo será levado em conta na investigação. “Mas o laudo inconclusivo não significa também que não houve estupro. Porque a gente sabe, ainda mais quando se trata de uma mulher adulta, muitas vezes, os atos sexuais podem não deixar vestígios”, comentou. O documento será usado na investigação. “Mas adianto que um laudo inclusivo não significa que não houve um crime”, reforçou.
Estupro
Peritos ouvidos pela reportagem alertam para a complexidade do caso, uma vez que é possível cometer estupro mesmo sem conjunção carnal. “Além da penetração, há como concretizar a violência na felação, ou até mesmo ao encostar nos seios ou órgãos sexuais da vítima. Ou seja, qualquer ato que satisfaça a libido. Mesmo que os exames laboratoriais não constatem a presença de sêmen, provas subjetivas ainda podem caracterizar o crime”, explicou a fonte.
O estado de embriaguez da jovem também pode torná-la vulnerável a ponto de não responder pelas ações e decisões. A tipificação consta no Código Penal Brasileiro. A legislação, desde 2009, prevê o crime de estupro de vulnerável.
O objetivo é proteger pessoas que tenham menor possibilidade de defesa, como os menores de 14 anos, portadores de enfermidades ou deficiências mentais, ou que, por qualquer outro motivo, tenham sua capacidade de resistência diminuída.
Por exemplo, uma pessoa que foi dopada, ou está alcoolizada, mesmo que esteja em estado de inconsciência por vontade própria, não pode ter sua intimidade violada, pois não está em condições de expressar sua vontade. Nem mesmo o marido pode obrigar a esposa a praticar ato sexual. Para o estupro de vulnerável, a pena é de 8 a 15 anos, sendo aumentada no caso de lesão corporal grave, de 10 a 20 anos; no caso de morte, de 12 a 30 anos.
O caso
Nessa segunda-feira (11/10), a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) abriu investigação contra o subtenente Irineu Marques Dias. O militar foi acusado de cometer estupro contra a jovem de 25 anos em uma festa na cidade goiana.
A suposta violência teria acontecido no sábado (9/10), durante uma festa organizada pelo irmão do subtenente Daniel Marques Dias. Irineu, Daniel e um terceiro homem, identificado como Thiago de Castro Muniz, também foram identificados pela mulher como autores do abuso.
Segundo contou a moça aos policiais, ela teria ido à festa na sexta-feira (8/10), já com o objetivo de virar a noite. Na madrugada de sábado, duas mulheres a teriam convidado para dormir. Depois de entrar no quarto, as duas teriam saído e, em seguida, entrou o militar, com uma arma.
Ainda segundo a versão da mulher, o policial a teria abusado sexualmente e, depois, foi seguido por mais cinco pessoas, que se revezaram no estupro. Por fim, ela teria conseguido escapar e buscado ajuda com vizinhos. O Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Goiás (CBMGO) prestou apoio a mulher e a levou ao Hospital Municipal Bom Jesus.
Após a denúncia da jovem, os acusados foram conduzidos à 17ª Delegacia Regional de Águas Lindas e foram presos em flagrante. Nessa quarta-feira (13/9), o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) negou o pedido de liberdade da defesa dos acusados.