PCDF vai investigar professor de escola pública que fez comentário racista
Decrin recebeu denúncia sobre publicação na rede social. A própria Secretaria de Educação está trabalhando em cima do caso
atualizado
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O caso do professor do Centro de Ensino Médio 804, no Recanto das Emas, que fez comentário racista em sua rede social pessoal, será investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Na manhã desta sexta-feira (21/8), a a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), informou que vai apurar o caso.
A delegada-chefe, Ângela Maria dos Santos, disse que a especializada foi acionada pelo Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do Distrito Federal. “Vamos investigar para saber se o perfil é realmente do professor e outras providências”, disse a titular da Decrin.
A própria Secretaria de Educação informou que investigará o caso.
“A Secretaria de Educação do Distrito Federal informa que irá apurar o assunto. A escola já se posicionou em relação ao ocorrido. A Secretaria de Educação reafirma a sua missão educacional de assegurar o respeito à diversidade e à pluralidade na rede pública de ensino e, com isto, contribuir para que se propague em toda a sociedade”, disse a pasta.
Sobre o caso
Comentários com teor preconceituoso de um professor do Centro de Ensino Médio 804, no Recanto da Emas, mobilizaram estudantes e ex-alunos da instituição na noite dessa quarta-feira (19/8). A publicação considerada racista ocorreu no perfil pessoal do professor de espanhol Murilo Vargas no Facebook.
Diante da repercussão, a escola onde o docente trabalha se pronunciou em nota, repudiando os comentários.
“Essas declarações não refletem o pensamento da escola, que sempre prezou pela diversidade e pluralidade de ideias e procurou sempre se pautar pelos princípios da liberdade, como escola formadora do pensamento crítico-reflexivo, independente de partidarismo político, ideologia, raça ou credo”, diz trecho da nota divulgada.
Poucas horas após a postagem, um abaixo-assinado cobrando o afastamento do professor foi criado por iniciativa de estudantes e já contava com mais de mil assinaturas.
OAB-DF repudia
A Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil da Seccional do Distrito Federal (OAB-DF)também publicou nota de repúdio em relação ao comentário com conteúdo racista feito por um professor da rede pública de ensino. O profissional, do Centro de Ensino 804 do Recanto das Emas, faz “piada” com o penteado estilo black-power de uma mulher negra. “Cosplay de microfone”, escreveu.
“É necessário ressaltar que traços de aparência não devem servir de subterfúgios para piadas, especialmente contra mulheres negras, tão preteridas historicamente pelos padrões de beleza impostos, reduzindo e tachando o cabelo crespo como ‘ruim'”, diz um dos trechos do comunicado da OAB-DF.
De acordo com a nota, o comentário do professor trouxe constrangimento para grande parcela das mulheres negras, “já que os padrões as obrigavam a mudar sua beleza natural para serem socialmente aceitas. Por isso, o ataque à mulher negra que assume seu cabelo e sua ancestralidade deve ser veementemente combatido”.
“Realça-se que com a ‘piada’ do professor, figura que aparenta autoridade, outros usuários passaram a fazer comentários de cunho racista, inclusive, com alusão ao holocausto e a grupos nazistas, o que demonstra que a dita piada desencadeou o ataque à comunidade negra”, observa a nota assinada pela presidência da comissão da OAB-DF.
“Racismo não é mal-entendido, é crime! Portanto, repudiamos os fatos ocorridos e lembramos que muito embora seja garantida a liberdade de expressão, esta não deve jamais ultrapassar os limites da dignidade da pessoa, ou mesmo do coletivo, como foi o caso. Especialmente, tratando-se de pessoa que exerce tão relevante e essencial profissão, a docência”, continua.
Por fim, a Comissão de Igualdade Racial afirma que vai requisitar às autoridades responsáveis a apuração da postura do servidor público em sala de aula e nas redes sociais (confira a íntegra do documento clicando aqui).