PCDF prende quadrilha que alugava e vendia armas para criminosos
Grupo é acusado de alimentar o mercado paralelo de armas usadas na prática de crimes como homicídios, latrocínios e tráfico de drogas
atualizado
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A Polícia Civil deflagrou, nas primeiras horas desta segunda-feira (08/07/2019), megaoperação para desarticular a associação criminosa especializada na venda, aluguel e tráfico interestadual de armas e munições.
Foram expedidos 15 mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão nas regiões administrativas de Taguatinga, Santa Maria, além de Novo Gama e Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal. Até as 8h, 11 pessoas já haviam sido presas e três armas apreendidas.
A quadrilha é acusada de alimentar o mercado paralelo de armas usadas na prática de crimes como homicídios, latrocínios e tráfico de drogas.
As investigações que deram origem à Operação Yuri Orlov – russo considerado um dos maiores traficantes internacionais de armas do mundo – monitoraram os suspeitos durante as transações envolvendo revólveres, pistolas e outros armamentos de grosso calibre, a exemplo fuzis e escopetas.
No decorrer das apurações, os agentes da PCDF identificaram que a quadrilha adquiriu conhecimento técnico para alterar o poder de fogo das armas. Pistolas passaram a receber opções como seletores de rajada, tornando-se ainda ainda mais letais.
De acordo com o diretor da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), delegado Fernando Cocito, os criminosos alugavam e vendiam as armas para outras quadrilhas. “Conseguimos identificar nas investigações que determinados armamentos poderiam custar entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil, no caso da venda. O aluguel giraria entre R$ 250 e R$ 500”, detalhou.
Algumas armas, como as escopetas, também sofreriam transformações em sua estrutura para facilitar o manuseio, tendo os canos serrados.
“Além disso, foi possível perceber durante as investigações que alguns integrantes da associação criminosa também desenvolveram técnicas de produção das peças usadas nas armas, formando uma verdadeira linha de montagem voltada à manutenção dessas armas”, ressaltou o delegado Diego Castro, que também conduz as apurações.
Operação Paiol
Com as prisões e o cumprimento dos mandados de busca, a PCDF espera mapear a logística dos criminosos na produção e distribuição das armas no mercado criminoso. Os investigadores também pretendem definir a participação do policial militar aposentado. Em 12 de abril de 2018, a corporação já havia deflagrado a segunda fase da Operação Paiol, para mapear a origem de armas e munições apreendidas na casa do subtenente aposentado da PM Décio Gonçalves.
Na época, centenas de caixas de munição calibre .762 apreendidas na operação chamaram atenção dos policiais. Elas equipam fuzis utilizados em guerras como as do Oriente Médio. Para se ter uma ideia, os cartuchos encontrados na casa do militar tinham poder de atingir alvos a 900 metros de distância.
Em 7 de março do ano passado, cerca de 200 policiais civis cumpriram 32 mandados de prisão, busca e apreensão, além de conduções coercitivas durante a primeira fase da operação. De acordo com as diligências, os armamentos eram distribuídos para homicidas, assaltantes e integrantes de organizações criminosas da cidade.
O principal alvo da operação foi o ex-militar do Exército Brasileiro e ex-policial militar de Goiás Pedro Henrique Freire de Santana. Mesmo preso desde março de 2018, ele também teve novo mandado de prisão cumprido em seu nome. A suspeita é que ele conseguia armas e munição das duas instituições com colegas de farda, até hoje em serviço, e as revendia ou alugava para bandidos.