PCDF prende grupo que aplicava golpes com a revenda de videogames
Jovens vendiam aparelhos adquiridos de forma fraudulenta na internet. Confira mensagens trocadas pelos criminosos em aplicativo de conversas
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), deflagrou, nessa terça-feira (13/7), uma operação contra associação criminosa especializada na compra fraudulenta de videogames. Adquiridos por meio de golpes, os videogames eram vendidos em redes sociais e em sites voltados para o comércio de aparelhos usados.
Durante a Operação Fim de Jogo, foram presos em flagrante dois jovens, de 20 e 22 anos, moradores de Samambaia e do Sol Nascente, respectivamente. Os autores eram responsáveis por receber e revender os videogames.
Golpe
Conforme a investigação, o líder do grupo reside em São Paulo e aliciou os jovens por meio do bate-papo de um famoso jogo de videogame chamado Free Fire. Ele os convenceu a receber e revender os aparelhos que ele adquiria mediante golpes, sob a promessa de dividirem o lucro obtido.
Para adquirir os videogames, o líder do grupo habilitava chips com DDD 61 e criava perfis falsos em redes sociais e em aplicativos de mensagens instantâneas, normalmente usando nomes e fotos de pessoas que integram as Forças Armadas ou policiais do DF. Em seguida, contatava anunciantes em redes sociais e em sites voltados para a compra e venda de aparelhos usados e se dizia interessado na compra do equipamento anunciado.
A vítima ajustava a venda e recebia um falso comprovante de pagamento — normalmente, um agendamento de TED ou uma simulação de PIX. Acreditando que o pagamento havia sido efetuado, o vendedor entregava o videogame negociado para um motorista de aplicativo, o qual havia sido solicitado pelo líder do grupo.
Em posse do aparelho, o motorista de aplicativo o entregava para um dos dois jovens presos durante a operação, os quais eram responsáveis por anunciar e revender cada videogame adquirido ilicitamente.
Veja, abaixo, conversas dos criminosos em aplicativo de mensagens:
Investigação
A investigação teve início na segunda-feira (12/7), quando policiais da 38ª DP recuperaram um videogame X Box One S que havia sido adquirido ilegalmente pelo grupo criminoso e que estava sendo revendido por um terceiro — segundo a PCDF, ele não fazia parte do esquema.
O real proprietário do videogame o havia vendido em 6 de julho por R$ 1,5 mil. Na ocasião, o líder do grupo se passou por uma policial militar, identificada como soldado Torres, e encaminhou à vítima uma falsa TED com o nome fictício. Acreditando no pagamento, a vítima entregou o videogame para o motorista de app.
Duas horas após a compra, o videogame foi vendido pelo jovem de 20 anos por R$ 1 mil para um comprador sem relação com a quadrilha. Este anunciou o X Box para venda em 9 de julho. Contudo, o verdadeiro proprietário reconheceu o aparelho e denunciou o caso aos policiais da 38ª DP. O videogame foi apreendido e restituído à vítima.
Desde então, o jovem de 20 anos passou a ser monitorado pelos policiais. Nessa terça (13/7), quando se preparava para vender um Playstation 4 adquirido por meio de golpe na noite anterior, ele acabou preso em flagrante em casa. Após a prisão, os policiais identificaram o comparsa de 22 anos, também autuado.
Os jovens foram presos pelos crimes de receptação qualificada e associação criminosa, cujas penas, somadas, podem alcançar 11 anos de prisão. Eles também serão investigados pelos crimes de falsa identidade, uso de documentos falsos e estelionato.
A polícia ainda encontrou outras 11 ocorrências de estelionato registradas contra os acusados. “Acredita-se que eles estejam atuando no Distrito Federal desde março deste ano e que muitas outras pessoas tenham sido vítimas de seus golpes”, informou a corporação.
Em outros golpes, os autores se identificaram como soldado Alane, da PMDF; Tiago da Costa Rodrigues, militar do exército; Ronaldo Alvos Chagas, sargento da PM; e Júnior Pinheiro de Sousa, soldado da PM.
Segundo a PCDF, a investigação prossegue visando a identificação do proprietário do último videogame encontrado com os jovens e do líder do grupo criminoso. O delegado João Ataliba Neto, da 38ª DP, pede que, quem tiver sido vítima da quadrilha, procure alguma delegacia e faça a denúncia.