PCDF: mochila levada indica que mãe e filha foram mortas em assalto
A principal linha dos investigadores da 23ª DP é a de que Shirlene Ferreira e sua filha, Tauane Rebeca, tenham sido vítimas de latrocínio
atualizado
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Para os investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a dona de casa Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos – grávida de 4 meses –, e a filha dela, Tauane Rebeca da Silva, 14, foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte).
Os corpos das duas foram encontrados nesta segunda-feira (20/12) em um matagal do Sol Nascente. Elas estavam desaparecidas desde o dia 9 de dezembro. Segundo o delegado responsável pelo caso, Vander Braga, da 23ª Delegacia de Polícia (P Sul), a principal linha seguida, até o momento, é a de latrocínio, uma vez que os pertences das vítimas sumiram.
Polícia encontra corpos de mãe e filha que estavam desaparecidas no DF
“A mochila delas não foi encontrada, o que pode indicar latrocínio. Outra coisa: elas estavam vestidas, o que indica não ter havido crime sexual”, afirmou o investigador. Outro fator corrobora a tese de que as duas foram assassinadas é que os corpos estavam cobertos por folhas.
A perícia vai dizer se os corpos tinham marcas de luta ou perfurações. “Não temos como informar porque somente a policia técnica pode trabalhar no local do crime. Sabemos que os corpos estavam inchados e, com sorte, podemos pegar DNA nas unhas das vitimas”, explicou Braga.
Uma blusa cinza encontrada perto de onde estavam os cadáveres, estendida em uma planta, também será periciada. De acordo com familiares, a peça não pertencia a Shirlene ou Tauane.
Veja imagens do local onde os corpos foram localizados:
“Acredito que foi [um crime] praticado por duas pessoas, já que foram duas vitimas. A blusa foi para o Instituto de Criminalística e a hipótese de feminicídio foi descartada”, informou o delegado.
Local de difícil acesso
Os corpos foram encontrados em local de difícil acesso. Como choveu muito na noite desta segunda-feira (20/12), a remoção deles do local deve ocorrer nesta terça-feira (21/12).
Mãe e filha estavam desaparecidas desde 9 de dezembro, quando, supostamente, saíram para um passeio em um córrego numa região de mata no Sol Nascente, cidade onde moravam. Somente no sábado (18/12) os investigadores conseguiram, pela primeira vez, ouvir uma testemunha que disse ter visto as duas descendo para o córrego. Esta foi a pista que levou os investigadores da PCDF até o local onde os corpos foram encontrados.
“As duas estavam numa área um pouco distante, a 500 metros do local da cachoeira”, informou o delegado Vander Braga. “Nós vamos depender do laudo do IML e da perícia para poder trabalhar com a linha de investigação do crime praticado”, completou.
“Há indícios de que houve um crime, sim, não é questão de afogamento. A perícia vai ser fundamental para elucidar quem são os autores desses dois homicídios”, disse Vander.
Familiares e vizinhos lamentam a morte
Para os familiares, a polícia deveria ter descartado a tese da fuga desde o início das investigações. “Nós, que somos família, que sabemos. Isso deixou a gente indignado, desde o início falamos que foi sequestro, talvez se tivessem levado a gente a sério elas poderiam estar vivas”, disso o sobrinho de Shirlene, Eric Henrique Viveiro, 27 anos.
O parente acompanhou as buscas da polícia nesta segunda-feira, mas não pôde descer ao local onde os corpos foram encontrados. “Ele [o marido] viu as fotos [dos corpos] e reconheceu, a gente não pode descer porque é de difícil acesso e poderia atrapalhar a investigação”, explicou Eric. “Muita tristeza, muito difícil de acreditar, uma jovem de 14 anos e a mãe gravida, até agora a ficha não caiu”, lamentou o familiar.
A constatação da morte das duas também entristeceu os vizinhos. “Conheço bastante o esposo dela, via ela e a filha passando por aqui o tempo todo, que é a saída da rua. A região do córrego é perigosa”, falou um vizinho que preferiu não se identificar.
O dono da mercearia da vizinhança, João Evangelista, lamentou a tragédia. “A menininha vinha aqui comprar balinha, a mãe dela eu via eu via o tempo todo na parada de ônibus, achava que ela tinha ido embora”, disse.
Buscas
O CBMDF realizou buscas no local por sete dias, com apoio de mergulhadores, equipe com cães e auxílio de drones. Foram percorridos aproximadamente 6 km de distância durante a procura às margens do rio. A operação foi interrompida na última quinta-feira (16/12).
De acordo com o marido da dona de casa, o pintor Antônio Wagner Batista da Silva, 41, a última pessoa da família a ter contato com Shirlene e Tauane foi o filho caçula do casal, Lucas, 12. A criança teria contado ao pai que a irmã insistiu com a mãe para que as duas descessem até o córrego. A família morava no local havia pouco tempo e, nesse dia, Antônio estava trabalhando no Lago Norte.
A esposa teria pegado a mochila do menino, uma toalha amarela listrada, biscoitos e uma sombrinha. Depois disso, saiu para o passeio com a filha no início da tarde. Ao voltar para casa, por volta das 18h30, Antônio contou que teria encontrado o menino todo molhado e preocupado. A criança queria procurar a mãe e a irmã no córrego, mas foi surpreendida no caminho por uma chuva forte.