PCDF investiga se dono do QG Rural que ameaçou Ibaneis bancou bolsonaristas
Polícia procura indícios de financiadores em notas fiscais encontradas no local e em um cofre, que será aberto ainda nesta segunda (22/06)
atualizado
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Em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (22/06), o delegado da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), Leonardo de Castro, apontou que busca quem financiava o QG Rural, local no DF onde se reuniam extremistas ligados ao acampamento 300 do Brasil e Patriotas.
A PCDF apura a prática de supostos crimes de milícia privada, ameaças e porte de armas. Um dos investigados é o fazendeiro goiano André Luiz Bastos Paula Costa, do QG Rural. Ele foi intimado a prestar depoimento. Nesse domingo (21/06), a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão no local.
“Apuramos que o dono do imóvel é integrante de um dos grupos e que vem emitindo ameaças nas redes sociais. Há indícios que ele pode ser um dos financiadores justamente por disponibilizar o imóvel para o grupo realizar as ações”, detalhou Castro. André Luiz também é investigado por ameaçar o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
“A investigação também busca descobrir se os suspeitos tinham a intenção de praticar esses crimes quando foi formado”, continua. Foram apreendidas notas fiscais com compras de mantimentos para o local.
Organização
Os dois grupos vêm se organizando há mais de um mês e realizam atos que, segundo o delegado, ultrapassam os limites de liberdade de expressão e se tornam crimes. Como eles relatam em vídeos que portam armas de fogo, além de ameaças, isso levou a Cecor a iniciar as apurações.
De acordo com Leonardo de Castro, não serão punidos só os indivíduos que emitem declarações, mas todos que têm participação e tiveram a intenção de se agrupar para cometer os crimes – inclusive quem esteja financiando ou mantendo esses grupos.
Se comprovado que se trata de uma organização criminosa ou milícia privada, será apurado quem são os possíveis financiadores.
O objetivo da ação desse domingo (21/06) era justamente coletar provas para confirmar os indícios que a PCDF tinha. “Acreditamos que tivemos um resultado positivo, na medida em que foram apreendidos aparelhos celulares de integrantes, documentos e o DVR de imagens de segurança do local. Isso tudo vai ser analisado e pode ser que contribua bastante para a investigação.”
Reuniões e treinamentos
Para o delegado, o acampamento era utilizado pelo grupo para reuniões e treinamentos, assim como foi utilizado o acampamento descoberto antes na região de Rajadinha.
“O inquérito foi aberto há aproximadamente um mês, após agruparmos as informações relacionadas a outras ocorrências de crimes cometidos por eles, em redes sociais. Eles são bastante combativos. Havia indícios de que eles possuíam armas nos acampamentos e isso era declarado por eles”, conta o delegado.
Além disso, Castro afirma que, em decorrência das ações do GDF que desmontaram os acampamentos, os suspeitos declararam que durante a manifestação desse domingo (21/06) haveria “uma grande surpresa” para os governantes. “Foi mais uma razão que nos levou a apressamos a medida de busca”.
Os investigadores acreditam que os valores das notas sejam o suficiente para manter o acampamento durante uma semana, mas elas ainda não foram somadas. O cofre será aberto na tarde desta segunda-feira (22/06). A Polícia Federal também apura crimes em sua competência.