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PCDF investiga festas e rachas no Deck Sul em meio à pandemia de Covid-19

Apurações foram motivadas por matéria publicada pelo Metrópoles na manhã do último domingo denunciando o caso

atualizado

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Estacionamento com jovens usando caixa térmica
1 de 1 Estacionamento com jovens usando caixa térmica - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Em meio ao isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu investigação para apurar as festas semanais ocorridas no Deck Sul, ao lado da Ponte das Garças, no Setor de Clubes Sul.

Investigadores da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) pretendem intimar todos os motoristas que estacionaram os veículos no local e participaram do evento nas últimas semanas. O caso foi denunciado em reportagem publicada nesse domingo (03/05).

Na madrugada dessa sexta-feira (01/05), o Metrópoles flagrou pelo menos 20 veículos posicionados lado a lado no estacionamento do Deck Sul. Alguns, rebaixados e equipados com aparelhagem de som nas portas e no bagageiro, garantiam música no volume máximo para a animação de cerca de 30 jovens que estavam no local.

A música alta do evento reverbera pelo Lago Paranoá e incomoda moradores do Lago Sul, como na QL 6 do Lago Sul. Além da poluição sonora, o grupo ignora a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de manter o isolamento social para frear o contágio do novo coronavírus.

Aglomerados ao redor dos carros, poucos usavam máscaras de proteção. O acessório passou a ser obrigatório no Distrito Federal nessa quinta-feira (30/04). Outro flagrante de desrespeito à quarentena – e às leis em geral – era o compartilhamento de garrafas de cerveja e cigarros de maconha.

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Poucos na festa usavam máscaras ou luvas para se proteger da Covid-19
Muitos jovens compartilhavam cigarros e garrafas de cerveja
Depois da festa, os carros participam de rachas
Muitos veículos são equipados com sistema de alto-falantes poderosos
Muitos levam até caixas térmicas
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Queda no isolamento social: grupos se encontram no estacionamento do Deck Sul para beber, usar drogas e ouvir música alta

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Poucos na festa usavam máscaras ou luvas para se proteger da Covid-19

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Muitos jovens compartilhavam cigarros e garrafas de cerveja

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Depois da festa, os carros participam de rachas

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Muitos veículos são equipados com sistema de alto-falantes poderosos

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Muitos levam até caixas térmicas

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Às 3h,os jovens se aglomeravam para participar de festa no Deck Sul

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As lanchas também estão sendo usadas para promover festas com aglomerações

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Esclarecimentos

Segundo o delegado-adjunto da 1ª DP, João de Ataliba Neto, pessoas que estiveram nas festas são aguardadas para prestar esclarecimento na unidade policial. “Em um primeiro momento, vamos aguardar que essas pessoas se apresentem espontaneamente para prestar esclarecimento. Caso isso não ocorra, as intimações serão entregues”, explicou.

O delegado ressaltou que pessoas flagradas nas festas do Deck Sul podem responder pela contravenção penal de perturbação do sossego e pelo crime de infração de medida sanitária. “Vamos usar imagens para individualizar os participantes que frequentaram essas festas, principalmente por meio dos veículos usados para viabilizar o som do evento”, disse.

Os policiais também vão apurar a denúncia dos rachas feitos pelos participantes das festas.  Muitos dos automóveis que estavam parados no Deck Sul são modificados para participar das corridas ilegais. Turbinados, os veículos contam com rodas de perfis largos e baixos, que dão mais estabilidade nas curvas. “A investigação está no início, mas a polícia busca por imagens que confirmem a realização dos rachas”, finalizou Ataliba.

 

Esquenta nos postos

Antes mesmo de a festinha no Deck Sul começar, jovens aproveitavam para comprar e consumir bebidas alcoólicas em postos de combustíveis do Lago Sul, em mais um claro sinal de desobediência às orientações de distanciamento social.

Os estabelecimentos preferidos e mais movimentados são os que têm grandes lojas de conveniência com variedade de cervejas e destilados. Em uma delas, os tetos dos carros eram usados como mesas para equilibrar garrafas e latas.

Diferentemente do funk que embalava o evento no Deck, nos postos, o gênero musical predominante era o sertanejo.

Pouco depois da meia-noite, mesmo após terem ingerido bebida alcoólica, muitos saíram dirigindo. Durante o período em que a reportagem esteve em um dos postos, viaturas da Polícia Militar do DF (PMDF) patrulhavam a região, mas ninguém foi abordado.

Na madrugada do Dia do Trabalhador, o Metrópoles também registrou encontros com aglomeração em lanchas no Lago Paranoá. Ancoradas perto da Ponte Costa e Silva, algumas dessas embarcações, com até 10 pessoas, tinham pista de dança, DJ e jogo de luz.

Moradores reclamam

Reclusos em função da pandemia, moradores de regiões vizinhas aos locais das festas são os que mais sofrem com o desrespeito de quem insiste em descumprir as medidas de prevenção.

“É uma algazarra: além da música muito alta, dá para ouvir uma gritaria grande madrugada adentro”, queixa-se a designer de joias Carolina Andrade, 36 anos, residente de um conjunto da QL 6, quadra que fica em frente ao local onde os eventos ocorrem.

“A vizinhança inteira está incomodada. Parece soar até como uma provocação, porque não dá para entender como as pessoas saem de casa em plena pandemia”, reclama.

A jornalista Juliana Lima, 45, moradora do mesmo conjunto, também lamenta a falta de respeito. “Hoje mesmo [sexta-feira (01/05)], eu tive uma reunião às 8h. Com a música alta até as 5h, simplesmente não consegui pregar os olhos.”

Segundo ela, a PM é sempre acionada, mas nada é resolvido. “Os frequentadores não dão bola e continuam com as festas.”

Em outro conjunto, o som alto também é um tormento para a vizinhança. Conforme uma moradora que não quis ser identificada, o mais impressionante é ver tanta gente fazendo pouco caso da pandemia. “Eu não saio de casa, mas fico com medo pelos outros”, diz.

Outra residente da quadra pede providências para o que ela chama de afronta. “É o barulho que estamos acostumados a escutar quando tem festa e show nesses clubes. Um desrespeito total. Dá para ouvir do meu quarto.”

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Do quarto, ela diz ouvir gritos e música alta até tarde da madrugada
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Barulho de festa durante a madrugada em plena pandemia incomoda Carolina. "Falta de respeito"

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Do quarto, ela diz ouvir gritos e música alta até tarde da madrugada

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Durante o dia

Durante o dia, a Orla do Lago Paranoá também é movimentada. Diferentemente do que ocorre na madrugada, não há consumo de drogas ou som automotivo, mas o agrupamento de pessoas em muitos pontos é preocupante.

Mesmo com todas as atividades esportivas profissionais do mundo paralisadas em função da pandemia da Covid-19, em uma quadra poliesportiva do Lago Sul, pelo menos 12 homens jogavam futebol sem qualquer temor de contaminação.

Além do inevitável contato durante as disputas pela bola, apertos de mão e abraços eram trocados sem cerimônia. Ao lado, pelo menos 10 skatistas faziam manobras no local dedicado a eles.

Nos gramados e na pista para caminhada, muita gente ignorava o uso de máscaras. Nos parquinhos ao ar livre, crianças subiam e desciam de gangorras e escorregadores; e adultos faziam ginástica em aparelhos comunitários.

Sem higienização diária, a superfície desses equipamentos pode estar impregnada com o vírus que até o momento matou 32 pessoas e infectou outras 1.605 na capital do país. Os dados constam no boletim da Secretaria de Saúde divulgado nesse sábado (02/05).

Lanchas

Nas águas do Lago Paranoá, não era difícil ver muitas pessoas em lanchas. Na tarde do feriado do Dia do Trabalhador, por exemplo, em uma delas, de médio porte, havia 11 homens e mulheres que dançavam, se abraçavam e bebiam.

A reportagem questionou quais ações a PMDF tem adotado para impedir as festas que incomodam os moradores do Lago Sul, mas a corporação não havia respondido até a última atualização deste texto.

Grupo de jovens em lancha no Lago Paranoá

“Maldita Xereca”

Não é só no Lago Sul que há festas em plena pandemia. Ainda na madrugada da última sexta-feira (01/05), no Itapoã, organizadores de um evento cobravam R$ 10 apenas para homens. Mulheres entravam de graça.

No convite para a festa estava escrito: “Sexta-feira Maldita da Xereca”. Na sequência, ironizaram: “Bora sair da quarentena e truvar na paz [sic]”.

A PMDF foi ao local, revistou os participantes do evento e, como não encontrou irregularidades, apenas orientou que a festa fosse finalizada.

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