PCDF indicia mulher que fingia ter câncer para conseguir dinheiro
Ela foi denunciada pela ONG Vencedoras Unidas. Polícia Civil do DF abriu inquérito e apura a acusação
atualizado
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A Divisão de Falsificação e Defraudação da Polícia Civil do DF investiga o caso de uma mulher que simulou ter câncer para conseguir ajuda financeira. Telma Cristina Saraiva, 44 anos, foi denunciada no dia 5 de fevereiro deste ano pela Organização Não Governamental (ONG) Vencedoras Unidas, responsável por acolher mulheres diagnosticadas com a doença. Diante das denúncias, acabou indiciada pela PCDF. Procurada pela reportagem, ela não quis se manifestar.
Uma das diretoras da ONG, Lilian Kelly de Oliveira, 41, disse que o Vencedoras Unidas trata o assunto com cautela e prefere aguardar o resultado das investigações. Mas conta que Telma teria chegado à ONG informando que já havia se curado de três cânceres – dois de mama e um no intestino – e estaria em tratamento de um terceiro, no reto.
Além disso, segundo contou, Telma alegou ter sofrido também um AVC no passado. A história lhe rendeu o prêmio de Miss Superação no DF no ano passado.
De acordo com a denúncia feita à Polícia Civil, Telma teria pedido ajuda a participantes do grupo e ao “público em geral”. Teria dito que passava por enormes dificuldades financeiras, inclusive com falta de alimentos, e, ainda, que estava prestes a perder o plano de saúde por causa de seu ex-marido.
A princípio, diz Lilian, ninguém suspeitou de nada. “Muita gente abraçou a causa dela”, garante. Com a visibilidade adquirida, algumas pessoas teriam prestado ajuda financeira. “Nós nos consideramos vítimas”, disse a diretora da ONG Vencedoras Unidas.
As suspeitas começaram em dezembro de 2018. “O comportamento dela não condizia com quem está em tratamento. Quando a questionávamos, entrava em contradição. Começamos a reparar que ela raspava o cabelo”, completa a representante do Vencedoras Unidas.
Depois, segundo contou Lilian, Telma teria dado o nome falso do médico que fazia o tratamento. “Disse também que precisava fazer quimioterapia manipulada em farmácia. Perguntamos ao oncologista se esse procedimento existia e a resposta foi ‘não’. Ficamos dois meses tentando entender a história”, acrescentou Lilian Kelly de Oliveira.
Após a desconfiança, Telma teria apagado suas contas nas redes sociais e fotos e saído do grupo de WhatsApp do Vencedoras Unidas, sem aviso prévio. “Nunca imaginamos que alguém pudesse mentir sobre isso. Estamos todas revoltadas”, lamenta Lilian.
A organização publicou uma nota em que “reitera o compromisso de continuar seus trabalhos primando sempre pela credibilidade das informações e respeito à vida, que são os pilares da ONG desde sua criação, em 2017”.
A direção do grupo afirma que Telma ingressou no Vencedoras Unidas em setembro de 2018 e, a partir daí, envolveu o nome do grupo em suas palestras motivacionais. A PCDF abriu inquérito para apurar a denúncia. Procurada pela reportagem nesta segunda-feira (11/3), Telma atendeu o telefone e disse que não vai se manifestar.