PCDF inicia perícia em corpos de mãe e filha encontradas mortas
Shirlene Ferreira e Tauane Rebeca foram encontradas sem vida 11 dias após serem dadas como desaparecidas, no Sol Nascente
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realiza, na manhã desta terça-feira (21/12), a perícia nos corpos de mãe e filha encontradas mortas nas proximidades do Córrego da Coruja, em uma área de mata com difícil acesso, no Sol Nascente, Ceilândia.
Após 11 dias desaparecidas, Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, e Tauane Rebeca da Silva, 14, foram encontradas sem vida nessa segunda-feira (20/12), por volta das 18h. Como já estava escuro, e chovia no local, a perícia ficou prevista para ocorrer nas primeiras horas desta terça-feira (21/12), por questão de segurança. O trabalho começou por volta das 10h. Quatro viaturas do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) e duas da PCDF, do Instituto de Criminalística (IC), desceram para a região do córrego.
As vítimas estavam cobertas por folhas, o que leva os investigadores a acreditar que mãe e filha foram assassinadas e não vítimas de afogamento, como considerado inicialmente. Os peritos vão analisar se há vestígios de DNA nas unhas ou roupas que possam levar à identificação do autor do crime bárbaro.
Veja imagens da perícia:
Os agentes trabalham com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). A principal evidência é uma mochila com os pertences que as duas levaram para o córrego, que não foi encontrada.
Até então, a investigação estava com a 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Nesta manhã, o delegado adjunto da unidade, Vander Braga, sinalizou que o caso passou para a 19ª DP (P Norte), que vai comandar as apurações.
O delegado-chefe da 19ª DP, Gustavo Augusto da Silva Araújo, explica que a mudança de delegacia nas apurações ocorreu porque o caso havia sido registrado como desaparecimento na região onde as vítimas foram vistas pela última vez, e, agora, foram localizadas na circunscrição da 19ª.
“Aparentemente são vítimas de crime contra a vida. As informações que tivemos é que os corpos estão cobertos por capim e plantas. Na noite de ontem [segunda-feira], não foi possível chegar ao local devido a uma forte tempestade no local em período noturno. Voltamos hoje [terça] e iremos fazer a remoção dos cadáveres”, informou.
“Esperamos conseguir fazer a perícia para continuarmos as investigações e os procedimentos para tentarmos uma linha de investigação, identificar a autoria delitiva e consequentemente a prisão de um ou mais indivíduos.”
Os cadáveres estavam em avançado estado de decomposição, segundo os investigadores.
Área perigosa
Moradores da localidade relatam que a região é frequentada diariamente por diversas pessoas. “Há pessoas de bem e bandidos que estão aqui para roubar, fazer o mal. É comum ouvir tiros na área. É um local perigoso”, relatou um homem que preferiu não se identificar. Ainda de acordo com o morador, ele viu Shirlene e Tauane adentrando a mata no último dia em que foram vistas com vida.
A região onde os corpos de mãe e filha foram encontrados é a mesma onde Cleonice Marques de Andrade, uma das vítimas de Lázaro Barbosa, foi morta pelo maníaco que aterrorizou o DF e o Entorno, em junho passado.
Corpo encontrado é de Cleonice Marques, mulher raptada após chacina no DF
Ao contrário do caso de Cleonice, que teve um desfecho – igualmente trágico –, o autor do crime que ceifou a vida de Shirlene e Tauane ainda não foi identificado.
A princípio, a primeira linha de investigação era de que mãe e filha teriam se afogado, levadas por uma possível tromba d’água, no Córrego da Coruja. As duas teriam saído de casa com a intenção de passear pela região, mas não voltaram para casa. O CBMDF foi acionado e iniciou uma operação que durou 7 dias, com cães farejadores e drones. A ação foi interrompida na última quinta-feira (16/12), sem pistas de onde estariam as vítimas.
Veja imagens do local onde os corpos foram encontrados:
No sábado (18/12), os investigadores conseguiram, pela primeira vez, ouvir uma testemunha que disse ter visto as duas descendo para o córrego. “Coletando imagens de segurança nos arredores, encontramos pela primeira vez uma testemunha ocular que a viu descendo para o córrego. A testemunha foi bastante incisiva e clara: ela viu as duas descendo por volta das 16 horas, o que batia com nossas informações”, contou Vander Braga.
As novas evidências fizeram a PCDF retomar as buscas, novamente com ajuda do CBMDF. Por volta das 18h, encontraram os corpos de Shirlene e Tauane. “O IML vai nos ajudar a esclarecer a causa da morte: se foi tiro, punhal ou esganadura”, ponderou Vander.
Outra evidência importante para os policiais é uma camiseta cinza que foi encontrada perto de onde os corpos estavam e que não pertence a nenhuma das vítimas. O objeto foi enviado para o Instituto de Criminalística da PCDF.
Caso Lázaro
Um grupo formado por moradores do Incra 9 encontrou, em 12 de junho, o corpo de Cleonice Marques de Andrade, morta aos 43 anos. O cadáver estava em uma zona de mata, próximo ao Córrego da Coruja, e foi encontrado três dias após a família ser morta em uma chacina, ocorrida dentro da casa onde eles moravam, na mesma região.
Após 20 dias de fuga, Lázaro Barbosa é morto pela polícia em Goiás, diz Caiado
Cleonice foi raptada após o assalto que acabou com Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15, marido e filhos dela, mortos.
O autor do crime foi Lázaro Barbosa de Sousa, 32. Ele invadiu a casa para roubar os pertences da família. No entanto, ao ver que Cleonice pedia socorro pelo telefone, matou pai e filhos e se apressou em deixar o local do crime, levando-a como refém.
Após 20 dias de fuga, Lázaro foi morto pela polícia em Goiás. O maníaco deixou um rastro de violência na região de Cocalzinho (GO). Nesse período, o suspeito invadiu várias propriedades rurais fez reféns, roubou alimentos e impôs terror com violência e ameaças.