PCDF indicia policial militar que atirou em médico em abordagem na Asa Sul
A 1ª DP concluiu as investigações do caso, ocorrido em novembro do ano passado
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) concluiu as investigações sobre a morte do médico endocrinologista Luiz Augusto Rodrigues, 45 anos. Em novembro de 2019, a vítima foi assassinada por um policial militar durante abordagem, na 314 Sul.
Segundo o delegado-chefe da 1ª Delegacia de Polícia, Marcelo Portela, o militar será indiciado pelo crime.
“Entendemos que ele praticou esse crime com dolo eventual, ou seja, ele, com atitude, assumiu o risco de produzir o resultado”, disse o delegado.
Portela afirma que a intenção do militar era atingir o amigo da vítima, que é sargento reformado e teria sacado uma arma para os PMs que abordaram a dupla no estacionamento da quadra. “Segundo o próprio depoimento dele, efetuou dois disparos visando atingir o policial militar que estava com arma em mãos e acabou por acertar esse médico”, acrescentou o delegado.
Imprudência
Conforme os investigadores, a postura do acusado foi “imprudente”. “O policial quando efetua um disparo de arma de fogo não pode fazer da mesma forma que um criminoso comum. Quando um policial militar utiliza esse armamento, ele deve ter consciência de que o disparo pode ser bem-sucedido e ser utilizado da forma adequada em locais adequados”, observou o delegado responsável pelo caso.
O tiro que atingiu Luiz Augusto foi efetuado com uma carabina, da Imbel, calibre 5.56. O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou a morte no local. Segundo os socorristas, o homem foi atingido na cabeça. O soldado se apresentou na 1ª DP e, por isso, não foi preso em flagrante.
Confira fotos do caso:
Por meio de nota, a Polícia Militar afirmou que o tiro foi dado “diante do risco iminente”. Afirmou ainda que “os policiais não tiveram alternativa e efetuaram dois disparos, que atingiram um dos homens”.
Vítima assistia a jogo
Segundo testemunhas, antes de morrer, Luiz Augusto Rodrigues assistia ao jogo do Flamengo contra o Ceará, pelo Campeonato Brasileiro. Estava no Bar e Restaurante Cabana.
Um vigilante afirmou ao Metrópoles que o médico era cliente assíduo do estabelecimento. “Quando estava indo embora, foi abordado por uma equipe da PMDF e só deu para escutar o tiro”, lembrou o homem, que pediu para não ser identificado.
Já um comerciante que trabalha na quadra relatou que o médico era simpático e sempre tratava a todos com cortesia. “Tinha o costume de sair do plantão, no Setor Hospitalar, e passar aqui, onde se reunia com outros amigos. Costumava falar que tinha cumprido as tarefas do dia e queria espairecer”, acrescentou. O médico trabalhava na Clínica da Mama à época do crime.
Outra comerciante da região, que preferiu não se identificar, comentou que estava em sua loja na hora do crime. “Ouvi um barulho e uma mulher que gritava ‘ele matou, ele matou’, quando desci para ver o que era, reconheci o dr. Luiz, já morto. A perícia chegou em minutos. Uma tragédia. Ele nunca andou armado. Não oferecia risco a ninguém”, completou.
“Passei pelo bar ontem, cheguei a cumprimentar o Luiz. Frequentávamos o local juntos. Era muito amigo. Um cara da paz. Ainda estou sem acreditar”, disse um amigo da vítima.
Iria para o Rio
Um colega do médico, que não quis se identificar, disse que o flamenguista estava muito feliz com os títulos conquistados no fim de semana do crime. “Ele iria para o Rio de Janeiro para assistir à entrega da taça. Chegou a me mostrar a passagem e só não foi porque a companhia aérea cancelou os bilhetes. Não era nem para ele estar em Brasília”, disse.
A taça de campeão brasileiro foi entregue no Maracanã, na noite de 27/11/2019, após partida entre Flamengo e Ceará. Por volta das 9h50, a Polícia Civil chegou ao local onde ocorreu o crime em busca de imagens que ajudassem a esclarecer o homicídio.