PCDF e Sesipe investigam morte do pai de Bernardo na Papuda
Policial penal diz que Paulo Osório tinha corda no pescoço. Cela onde o homem que confessou ter matado filho passou por perícia
atualizado
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A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), vinculada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), vai instaurar procedimento administrativo para verificar as circunstâncias da morte de Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, preso após confessar o assassinato do filho Bernardo, menino de apenas um 1 ano e 11 meses. O corpo dele foi encontrado em uma cela da Papuda com sinais de enforcamento por volta das 17h15 desse sábado (11/04).
O local passou por perícia da Polícia Civil e o caso é investigado pela 30ª DP (São Sebastião). O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para necropsia. O advogado de Paulo foi à delegacia na tarde deste domingo (12/04) e cobrou atuação da PCDF.
“Corda é item proibido no complexo e, sobretudo, os presos não podem ter acesso. Como essa corda entrou no presídio? Como Paulo teve acesso a ela? Queremos que seja investigado”, disse Luciano Macedo Martins. Fontes do Metrópoles informaram, no sábado (11/04), que o ex-servidor do Metrô usou uma calça jeans para se enforcar. Ele teria aproveitado uma troca de turnos entre policiais penais para tirar a vestimenta, fazer um nó e se enforcar, após amarrar a peça em uma barra no teto da unidade. O policial penal que encontrou o corpo, porém, fala que Paulo tinha uma corda no pescoço.
A Sesipe-DF disse que os agentes tentaram reanimar a vítima. “Foi acionada a sirene, e o policial penal entrou no local e deu início aos procedimentos de reanimação, sem sucesso. O Samu foi acionado, mas quando chegou apenas comprovou o óbito”, ressaltou.
Paulo ficava em uma cela individual na Ala G do Bloco F da Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I), a mesma onde estão os hackers detidos na Operação Spoofing. No local, também já estiveram presos o senador Acir Gurgacz, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-senador Luiz Estevão.
O ex-servidor do Metrô estava preso e isolado, desde novembro do ano passado, para evitar que fosse alvo da massa carcerária, em função da gravidade do crime cometido.
Veja vídeo em que Paulo fala sobre o crime:
Paulo deixou outros dois filhos, um de 15 e outro de 11. No entanto, as crianças não participarão do enterro do pai. O homem não tem outros familiares de primeiro grau vivos, então os trâmites para o enterro serão feitos pelo advogado.
Confira fotos do caso:
Conversa com detentos
O Metrópoles conseguiu detalhes do relato do servidor que encontrou o corpo. O policial informou que fazia a vistoria no Bloco F, ato conhecido como “confere”, e, ao chegar à ala G, verificou que a cela onde Paulo Osório era mantido preso estava escondida por um lençol, o que impossibilitava a visualização de seu interior.
O agente contou ter chamado pelo detento, mas não obteve resposta. Tirou o lençol e visualizou Paulo desfalecido, com a corda no pescoço, no espaço correspondente ao banho de sol da cela. O servidor acredita que, nesse momento, o preso já estava sem vida.
A equipe de apoio ajudou nas manobras de primeiros socorros. Acionado, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou o óbito.
Internos das celas vizinhas afirmaram que conversaram com Paulo por volta das 13h e que, depois, não ouviram nenhum barulho vindo da cela ao lado. O policial afirmou ainda que não há nenhuma ocorrência de contaminação por Covid-19 na ala, tampouco presos com sintomas da doença.
O crime
Conforme ele mesmo confessou aos policiais, após pegar o filho na creche, na Asa Sul, Paulo Osório ofereceu ao menino um suco com remédios controlados. Provas colhidas ao longo da investigação indicam, segundo a Polícia Civil, que o ex-servidor do Metrô matou o garoto antes de pegar a BR-020 em direção à Bahia. Ao ser encontrado naquele estado, confessou que deu uma superdosagem de medicamento controlado ao garoto, que começou a passar mal ainda na casa do pai, na 712 Sul.
O assassino confesso percorreu 1.035 km com o corpo até o Povoado Campos de São João, zona rural do município de Palmeiras (BA), onde o jogou às margens da BR-242, com a cadeirinha infantil.
O corpo foi desovado na região de Palmeiras. No dia 30 de novembro, o homem foi até Salvador. Depois, acabou preso em Alagoinhas (BA).
Sete dias após a localização do corpo do menino na Bahia, a Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) concluiu a investigação sobre o caso. O relatório policial foi finalizado e enviado à Justiça.
Posteriormente, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) ofereceu denúncia contra o pai da criança. O homem foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (praticado contra criança, motivo torpe e meio insidioso) e ocultação de cadáver. Ele já havia cumprido pena quando mais jovem por ter matado a própria mãe.
Veja aqui a cobertura completa do caso Bernardo.