Grilagem: advogados de Águas Claras e Taguatinga são alvos da PCDF
Segundo os investigadores da Delegacia do Meio Ambiente, os suspeitos trocavam lotes por serviços prestados
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou uma nova operação de combate à grilagem de terras. Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, inclusive em escritórios de advocacia em Águas Claras e Taguatinga.
Na quinta fase da Operação Terra Limpa, deflagrada nessa quarta-feira (13/3), os investigados são acusados de integrar uma associação criminosa especializada em parcelamento irregular do solo. Segundo os policiais da Delegacia do Meio Ambiente (Dema), a quadrilha falsificava documentos, extorquia e ameaçava os compradores.
Os integrantes do bando, de acordo com a delegada Mariana Almeida, da Dema, usavam laranjas na confecção de cessão de direito falsa. “O objetivo era dar aparência de legalidade à venda dos terrenos”, explicou. O homem apontado como líder do grupo foi preso. A polícia repassou apenas as iniciais do nome dele e a idade: A.P.S., 41 anos.
A polícia acredita que a organização criminosa é composta por 12 pessoas, incluindo dois advogados que foram alvo de mandados de busca e apreensão. Eles receberiam lotes em troca dos serviços prestados para o bando.
Os advogados prestavam assessoria jurídica para a organização criminosa. Eles entravam com ações na Justiça pedindo a regularização do terreno parcelado de forma ilegal. Chegaram a acompanhar os compradores que prestaram depoimento na polícia, para se certificarem de que ninguém entregaria o grupo.
As investigações tiveram início no começo deste ano, mas o grupo atuava desde 2016, quando os integrantes invadiram a Chácara 9 A em Arniqueiras. A quadrilha atraía os clientes por meio de anúncios com faixas espalhadas pela cidade. Os lotes vendidos em área pública custavam entre R$ 70 mil e R$ 160 mil.
A chácara já foi alvo de operação da Agência de Fiscalização do DF (Agefis) por duas vezes. Porém, após as retiradas, os criminosos retornavam ao local e parcelavam a área de novo. Eles exigiam novos valores dos compradores, sob pena de serem excluídos do condomínio irregular. Quem adquiriu lotes por meio da quadrilha também será investigado.
O grupo, de acordo com a PCDF, chegava a cobrar taxa de R$ 36 mil dos compradores sob argumento de que, se não pagassem, eles perderiam os lotes fatiados em áreas públicas.
Durante a operação, os policiais prenderam dois homens em flagrante por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Os suspeitos foram levados à delegacia também identificados apenas com iniciais: H.J.P., 34, e G.A.C., 54. Um dos investigados é considerado foragido.
Os acusados teriam comercializado pelo menos 30 lotes irregulares em Arniqueiras. No local, cinco casas começaram a ser erguidas nesses terrenos. O homem apontado como líder do bando mora próximo à invasão. Segundo a delegada, ele levava uma vida de classe média e buscava não chamar muita atenção. O acusado tem extensa ficha criminal, que inclui uma tentativa de homicídio e tráfico de drogas.
Segundo informou a delegada, em coletiva de imprensa, as buscas nos escritórios de advogados foram acompanhadas por uma comissão da OAB-DF.