PCDF apura se Naja que picou universitário foi alvo de tráfico de animais
Ibama também participa da apuração e afirma que serpente pode ter sido trazida de forma ilegal para o Brasil, configurando o tráfico
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) abriram investigação para identificar a forma como a cobra Naja kaouthia que picou um universitário na manhã desta quarta-feira (8/7) chegou ao Brasil.
Na lista das serpentes mais venenosas do mundo, o paradeiro da Naja ainda é desconhecido. Quem criava o animal exótico era o universitário Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, 22 anos. Ele está internado em coma induzido na UTI do hospital Maria Auxiliadora, no Gama.
A suspeitas de investigadores da Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema) é que a serpente tenha sido alvo de tráfico internacional de animais exóticos.
No DF, segundo o Ibama, não existe registro, nos últimos anos da entrada legal de uma serpente desta espécie. “Vamos apurar a procedência desta cobra, que naturalmente não chegou ao DF pelas vias normais de importação”, afirmou uma fonte policial ouvida pelo Metrópoles.
De acordo com informações do Ibama, trata-se do primeiro caso de pessoa picada por uma cobra Naja em solo brasileiro. Principalmente pelo fato de o habitat da cobra se estender por toda a África, sudoeste, sul e sudeste Asiático, bem distante do continente brasileiro.
Único soro
Especializado na produção de soro antiofídico, o Instituto Butantan, sediado em São Paulo, encaminhou para o DF a única amostra de soro produzido a partir do veneno da Naja para que a vacina fosse aplicada no universitário. Segundo informações do instituto, a pandemia provocada pelo novo coronavírus afetou a importação da matéria-prima usada para a produção dos antídotos.
Pedro Henrique estuda medicina veterinária com ênfase em animais silvestres e exóticos. De acordo com informações dos familiares, o estudante teve reação negativa ao soro e o procedimento ficou suspenso até que o paciente volte a ficar estável.
O Metrópoles apurou que Pedro foi levado ao hospital pelos pais. Ele apresentava palidez, tontura e dormência nos membros inferiores, sintoma que evoluiu e atingiu os membros superiores.
Pedro Henrique está com insuficiência respiratória e, por isso, foi submetido à intubação. O quadro é considerado grave. Ele está com ventilação mecânica e sonda. Os médicos devem voltar a aplicar o soro ainda nesta quarta-feira (8/7).
UnB
Por meio de nota, a Universidade de Brasília (UnB) disse que Pedro Henrique não é estudante da instituição. “O rapaz faz estágio na área de animais silvestres da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, mas o incidente não ocorreu na UnB (nem no local onde ele atua nem em outra área da Universidade). O animal não pertence à UnB”.
“De todo modo, a UnB manifesta solidariedade ao jovem e a seus familiares e deseja sua pronta recuperação. Também aproveita para ressaltar a importância da cautela no trato com animais, em qualquer situação”, dizia a nota.