PCDF investiga fraude em lavanderia do Hospital Regional de Sobradinho
Mandados de busca e apreensão são cumpridos no hospital público do DF e na sede da Secretaria de Saúde
atualizado
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Equipes do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) cumprem mandados de busca e apreensão, na manhã desta sexta-feira (24/9), no Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e na sede da Secretaria de Saúde, na Asa Norte. Os policiais civis apuram fraude em contratos de lavanderia do HRS. A ação foi batizada de Roupa Suja.
A apuraçaõ, coordenada pela Delegacia de Repressão a Corrupção, teve início em junho de 2021 com base em denúncia anônima que trouxe a informação de que o superfaturamento estaria ocorrendo por meio da alteração da pesagem diária das roupas encaminhadas para lavagem pelo hospital. O Metrópoles apurou que a empresa investigada é a Lavanderia Duelav. O denunciante disse ainda que a conduta criminosa contaria com a participação de agentes públicos da unidade de saúde e dos administradores da lavanderia.
De acordo com a PCDF, as diligências já realizadas permitiram identificar provas que corroboram integralmente com as suspeitas. Para os policiais, há fortes indícios de que a pesagem vem sendo feita de forma absolutamente irregular e precária, sem as devidas cautelas formais, o que, em tese, viabiliza a adulteração de valores e o desvio de verbas públicas.
A delegacia verificou que os valores movimentados com o serviço de lavanderia sofreram aumentos progressivos significativos, ainda que se considere a inflação. “A título de exemplo, tem-se que, entre os anos de 2018 e 2019, o montante desembolsado pelo poder público subiu cerca de 300%. No ano de 2020, o montante cresceu novamente em percentual aproximado de 60%”, explicou a corporação.
O contrato vigente, celebrado entre a lavanderia e a Secretaria de Saúde, é de aproximadamente R$ 3 milhões, e já se trata do terceiro termo aditivo. O montante total já movimentado é de aproximadamente R$ 6 milhões.
No total, cerca de 60 policiais do Decor cumprem nove mandados de busca e apreensão em endereços vinculados aos investigados, no DF e nas cidades de Anápolis e Caldas Novas, em Goiás. Entre os locais alvo da operação estão as residências dos agentes públicos e empresários, a sede da pessoa jurídica contratada, o Hospital Regional de Sobradinho e a sede da Secretaria de Saúde.
Crise
A operação ocorre em meio a uma crise instalada no HRS. A Secretaria de Saúde decretou bandeira negra na unidade devido a um apagão registrado na quarta-feira (22/9). Na ocasião, pacientes precisaram ser transferidos para outros hospitais às pressas. Pessoas com quadro clínico considerado grave foram direcionadas ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). As de risco habitual, para o Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Hospital Região Leste, o antigo Hospital do Paranoá.
A bandeira negra é decretada em casos excepcionais. Em resumo, a unidade de saúde foi fechada total ou parcialmente para receber novos pacientes. Esta foi a segunda vez em 13 dias que um hospital público do DF teve o estado de emergência decretado.
Nessa quinta-feira (23/9), o secretário de Saúde do DF, general Manoel Pafiadache, visitou a unidade e disse que “foram tomadas as medidas corretas e rápidas para restabelecer a assistência” aos bebês internados no espaço atingido.
Ao Metrópoles a pasta disse que vai colaborar com as investigações, “disponibilizando todas as informações solicitadas pela polícia, de maneira transparente e de acordo com a legislação”.