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PCDF apura carteirada de agente da Vara da Infância em boate do DF

A VIJ instaurou procedimento interno para avaliar a conduta da funcionária, que não pertence aos quadros de servidores de carreira do órgão

atualizado

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Vara da Infância e Juventude
1 de 1 Vara da Infância e Juventude - Foto: Divulgação

A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) apura denúncia de suposto abuso de autoridade cometido por uma agente de proteção voluntária da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (VIJ). Ela teria usado a famosa “carteirada” para evitar o pagamento de entrada na boate UK Music Hall, na Quadra 411 Sul. O caso, ocorrido na noite de sábado (28/09/2019), provocou uma grande confusão na entrada do estabelecimento. A VIJ instaurou procedimento interno para apurar a conduta da funcionária, que não pertence aos quadros de servidores de carreira do órgão.

Uma discussão teve início quando a mulher afirmou que entraria na boate sem pagar a entrada, pois era agente da VIJ. Os funcionários da boate franquearam o ingresso dela, mas sem direito à comanda em que são assinaladas bebidas e comidas. A agente teria se recusado e exigido o talão, pois queria consumir no local. “De acordo com as normas da casa e o que é estabelecido por lei, qualquer agente público de serviço pode entrar sem pagar entrada e desempenhar seu trabalho, mas a senhora em questão queria curtir a noite, beber e dançar. Claramente não estava fazendo nenhum tipo de fiscalização”, afirmou o gerente da boate, Francisco Serafim de Aguiar.

Depois da discussão, a agente da VIJ resolveu pagar os R$ 40 cobrados de entrada e ter direito à comanda de consumo. Ela permaneceu na boate entre 23h e 1h30 da manhã. Câmeras do circuito interno de segurança mostram a agente dançando e conversando com dois amigos que a acompanhavam. No extrato da comanda usada por ela, consta o consumo de um coquetel de frutas. A casa não soube dizer se havia teor alcoólico na bebida.

Intimidação

De acordo com o termo de declaração prestado pelo gerente da boate na delegacia, quando o estabelecimento estava de portas fechadas e o público já havia deixado o local, um grupo de 15 agentes da VIJ chegou ao UK, todos uniformizados e ostentando brasões da vara. “Quando esse batalhão da VIJ chegou, havia nove funcionários da boate, três seguranças e um brigadista. A casa esta sendo lavada e o caixa, fechado. Um dos agentes me interpelou perguntando o motivo de eu ter cobrado a entrada da colega deles, pois existe uma lei que previa sua entrada de forma gratuita. Outro agente afirmou que se isso voltasse a acontecer, a casa seria autuada. Me senti acuado e intimidado por não ter deixado a agente entrar de graça na boate”, desabafou Francisco.

O dono do UK Music Hall, Gustavo Gazeta, saiu em defesa de seus funcionários, ressaltando não ter havido qualquer tipo de irregularidade cometida pela casa. Segundo ele, todos os agentes públicos, sejam policiais ou servidores de tribunais em serviço podem entrar gratuitamente para desempenhar suas funções. “A partir do momento em que qualquer agente público quer se divertir na casa, a entrada precisa ser paga, como ocorre com qualquer cidadão. Tanto eu como outros empresários do setor estamos cansados de tantas irregularidades envolvendo esses casos de carteiradas”, disse.

O empresário ainda diz ter se espantado com o fato de um grupo de 15 agentes da VIJ entrar na casa após ela estar de portas fechadas e sem qualquer público no local. “Acredito que a função desses servidores seja fiscalizar casos de consumo de bebidas alcoólicas, drogas e prostituição envolvendo crianças e adolescentes. Qual seria o motivo deles entrarem na casa e interpelar funcionários, sendo que não havia mais ninguém lá dentro? Esse fato não é isolado e precisa ser apurado com rigor”, pontuou.

O outro lado

O Metrópoles procurou a Vara da Infância e da Juventude. De acordo com a assessoria de comunicação, o caso está sendo apurado internamente. A VIJ confirmou que a funcionária é agente voluntária e não recebe remuneração pelos serviços prestados. A reportagem também questionou se a boate onde a agente estava era alvo de fiscalização naquela data, mas a VIJ não soube informar com precisão, se restringindo a dizer que o rol de fiscalização é discricionário do coordenador da equipe do dia.

A agente voluntária também foi procurada para se posicionar, mas não foi localizada.

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