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Paulo Octávio e mais 11 se tornam réus por esquema ilegal de locação

Os envolvidos responderão por suposto esquema ilegal montado na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF (Seape), em 2021

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Ex-vice-governador do DF Paulo Octávio
1 de 1 Ex-vice-governador do DF Paulo Octávio - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPDFT) e tornou réus o empresário e ex-vice-governador Paulo Octávio (foto em destaque) e outras 11 pessoas por suposto envolvimento em esquema ilegal de locação de imóveis envolvendo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), em 2021.

Na decisão, o juiz responsável pelo caso declarou que “vislumbrou os requisitos necessários para dar início à persecução penal em juízo”. “A denúncia está em conformidade com o disposto no artigo 41 do Código de Processo Penal, e não se verificam presentes as hipóteses de rejeição, previstas no artigo 395 do mesmo diploma legal. Assim, recebo a denúncia”, declarou o magistrado da 1ª Vara Criminal de Brasília.

Em 2021, investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPDFT, indicou que a alta cúpula e o segundo escalão da Seape fraudaram os procedimentos de contratação para favorecer Paulo Octávio, a fim de que os imóveis do empresário, inclusive considerados inadequados e perigosos para o funcionamento, fossem escolhidos para a instalação de setores importantes da pasta.

Segundo a apuração, os envolvidos praticaram crimes licitatórios, de peculato, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e de organização criminosa.

Além do empresário, estão entre os denunciados: o administrador do Sudoeste e Octogonal, Reginaldo Rocha Sardinha, e os dois ex-secretários de Administração Penitenciária Agnaldo Novato Curado Filho e Geraldo Luiz Nugoli Costa.

De acordo com as provas colhidas, os dois secretários que atuaram no período em que essas contratações foram lançadas agiram sob o comando do ex-deputado distrital Reginaldo Sardinha.

Segundo os promotores, o ex-parlamentar seria o verdadeiro responsável, de fato, pela tomada das decisões mais importantes da secretaria. Em 2021, o MP fez buscas nas residências de Curado e de Nugoli. Além do deputado e do empresário, a subsecretária da Seape Rosimeire Paiva da Silva foi alvo.

Confira a lista dos denunciados:

  • Reginaldo Rocha Sardinha
  • Agnaldo Novato Curado Filho
  • Geraldo Luiz Nugoli Costa
  • Orisley Guedes Pimenta
  • William Pereira Monteiro
  • Alexandre Henrique de Almeida
  • Evilázio Holanda de Souza
  • Rosimeire Paiva da Silva
  • Paulo de Tarso Soares Pereira
  • Paulo Octávio Alves Pereira
  • Luiz Fernando Almeida de Domenico
  • Dickran Berberian

Defesa

Em nota, a assessoria de Paulo Octávio disse considerar “descabida, rasa e infundada” a denúncia.

Confira a nota na íntegra:

“Em 1º de junho de 2021, após a realização do chamamento público que contemplou a apresentação de propostas de dezenas de interessados e que, ao final, restou vitoriosa a proposta apresentada pela empresa PAULO OCTÁVIO INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, foi celebrado contrato de locação com a SEAPE, destaque-se, por valor inferior ao indicado por avaliação realizada pela própria TERRACAP,

Ainda, para atender às necessidades do órgão contratante, a empresa realizou investimento vultoso e tais despesas foram integralmente suportadas pela empresa, sem qualquer ônus para SEAPE.

As investigações que se arrastaram por longos anos, sempre com a irrestrita colaboração da empresa, acabaram por atestar, como não poderia ser diferente, a legalidade do contrato referido, bem como as flagrantes vantajosidade e economicidade da contratação para a Administração Pública, tanto que tal contrato restou prorrogado com manifestação favorável de diversos órgãos públicos.

A descabida, rasa e infundada denúncia será, toda ela, oportunamente rechaçada, certo de que os fatos não admitem a fantasiosa acusação”.

Metrópoles tentou contato com Reginaldo Sardinha via ligação e mensagens, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.

Os outros citados não foram localizados.

Entenda o caso

Desde 2014, a Seape vinha funcionando em um prédio alugado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). A pasta pagava pouco mais de R$ 70 mil por mês para a empresa Infrasolo. Em 20 de janeiro de 2021, no entanto, a secretaria decidiu mudar a sede do órgão.

O Gaeco, porém, constatou que o procedimento de contratação do novo imóvel só foi aberto para chancelar a locação de um prédio situado no Setor Bancário Sul, que pertence ao empresário Paulo Octávio. O acerto já estaria ajustado nos bastidores.

As justificativas para deixar o prédio do SIA, conforme as investigações, foram a perspectiva de contratação de 400 novos servidores; o fato de a pasta, que antigamente era uma subsecretaria vinculada à Secretaria de Segurança Pública, ter ganhado o status de secretaria; e também a existência de problemas na infraestrutura do prédio, os quais indicariam que o imóvel era inadequado para o funcionamento da Seape.

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