Passageiros cobram mais ônibus e melhorias antes de nova tarifa
Estudo para o aumento de R$ 0,50 foi divulgado pelo Semob. Preço não é alterado na cidade há três anos
atualizado
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A possibilidade de reajuste das tarifas de ônibus e metrô em R$ 0,50 repercutiu entre a população que usa o transporte público no Distrito Federal. Depois de manter os preços congelados por três anos, a Secretaria de Mobilidade do DF (Semob) estuda o aumento.
Chefe de uma equipe de garçons em um bar do ParkShopping, Gonçalo Silva, morador de São Sebastião, gasta R$ 17 por dia para ir ao trabalho e voltar para casa. Ele reclama dos constantes atrasos nas viagens.
“Eu acho erradíssimo o governo deixar a passagem ainda mais cara e a gente continuar esperando mais de uma hora na parada para chegar o ônibus”, reclama.
A atendente Bia Fonseca, 30 anos, acredita que qualquer acréscimo no valor da passagem deveria vir acompanhado de melhora no serviço. “Não é o que acontece. O governo aumenta, mas os ônibus continuam demorando e sempre estão lotados” expõe.
Peso no bolso
O gasto financeiro também motivou reclamações. O estudante Igor Monteiro, 19, tem direito ao Passe Livre, mas diz que qualquer aumento afetaria as contas de casa.
“Eu posso pegar o ônibus sem pagar, mas, nas férias, o cartão fica bloqueado. Ainda assim, tem os itinerários que preciso pegar ônibus pagando. Qualquer valor a mais faz diferença”, diz o morador do Itapoã.
A diarista Zenilda de Souza, 37, depende das linhas circulares para chegar ao serviço, em São Sebastião e Paranoá. “Quando a passassem aumenta, a gente tem que tirar do próprio bolso porque o patrão não quer assumir essa despesa”, explica.
“Tem dias que eu gasto R$20 com passagens. Para quem mora mais longe, fica até mais difícil arrumar emprego”, opina a diarista.
Sistema
O DF conta com 2.863 ônibus, que atendem 1,2 milhão de pessoas por dia. Já o sistema metroviário é composto por 24 vagões, que transportam uma média de 150 mil passageiros/dia.
A indicação da Semob é de um aumento de R$ 0,50 no preço das passagens. No caso da tarifa de R$ 5, o reajuste proposto é de 10%. No caso de R$ 2,50 para R$ 3, o aumento seria de 20%. De R$ 3,50 para R$ 4, ficaria em 14,2%.
A inflação do período que o valor das passagens ficou congelado foi 16,19%. O reajuste pode entrar em vigor ainda em janeiro.
No mesmo estudo em que indica a necessidade de reajuste da passagem do transporte público do DF, a Semob aponta “montante crescente de gratuidades que impactam o custo do sistema”.
O índice de viagens em que o usuário não paga chega a 30%, segundo o documento. “É o dobro da média nacional, que é da ordem de 15%”, destaca a pasta.
O último reajuste, que chegou a 25% em alguns itinerários, foi em 2017, na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), e atingiu, também, o metrô. Na época, as tarifas subiram de R$ 2,25 para R$ 2,50 nas linhas circulares internas; de R$ 3 para R$ 3,50 nas de ligação curta; e de R$ 4 para R$ 5 nas viagens de longa distância e integração e as de metrô. Em setembro de 2015, Rollemberg também reajustou o valor das tarifas, que haviam ficado quase dez anos sem aumento.
Confira os valores:
Atualmente, somente de subsídios, são pagos mais de R$ 700 milhões por ano às empresas, segundo a pasta. Os valores incluem, além da tarifa técnica, a gratuidade para pessoas com deficiência e estudantes.
De acordo com a pasta, “à medida que a diferença entre o custo do sistema e dos valores pago pelo usuário aumenta, há uma imediata pressão nos valores que o Tesouro Distrital precisa desembolsar para completar esse custeio. Assim, considerando a crise econômica, financeira e fiscal que passa o país e o Distrito Federal, especialmente, tal circunstância tende a dificultar sobremaneira a gestão, operação e manutenção do sistema de transporte público, um serviço essencial para toda a população da capital federal”.
Com o modelo proposto, o valor dos subsídios cairia para R$ 540.294.421,45, uma economia de aproximadamente R$ 161 milhões/ano.
Desequilíbrio
No estudo realizado pela Semob, a equipe técnica aponta que a melhor opção para reduzir o desequilíbrio do sistema seria aplicar o índice da inflação dos últimos três anos (16,18%) linearmente nas tarifas atuais. Nesse caso, a passagem de R$ 5 passaria para 5,81; a de R$ 3,50 para R$ 4,07; e a de R$ 2,50 para R$ 2,90.
Entretanto, o próprio estudo reconhece que a opção do aumento de R$ 0,50 seria “mais compatível com os princípios que regem o sistema, reduzindo o impacto principalmente à população de baixa renda, prioridade no transporte coletivo”.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) admite que é necessário fazer a atualização dos valores: “Pelos estudos realizados e levando em consideração o reajuste da tarifa técnica, o aumento se mostra necessário para melhorar as contas e manter o sistema em pleno funcionamento”. O emedebista pediu que o impacto no bolso dos usuários fosse o menor possível.