Parlamentares do DF reagem à fala de Dino sobre aumento salarial das forças de segurança

A bancada que representa o Distrito Federal no Senado e na Câmara dos Deputados reagiu à fala do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino,  sobre o aumento salarial das forças de segurança. Em 8 de fevereiro, Dino afirmou que “Deus proverá” o aumento.

A fala de Dino foi feita durante a posse do novo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando Oliveira. “Dou um testemunho, não há uma só reunião em que a senhora governadora em exercício, Celina Leão – ao que concerne aos policiais do DF -, o senhor diretor-geral da policia federal, doutor Andrei Rodrigues (diretor da PF), e o Antônio Fernando (PRF), não me dirigem a seguinte pergunta: E o nosso aumento? É verdade, eu já estou pronto para dizer: ‘Deus proverá’”, afirmou, arrancando risadas da plateia de parlamentares e PRFs.

Entre os deputados que representam o DF, Alberto Fraga (PL) afirmou que a declaração é “sem nexo”. “Ele chegou no cargo há pouco tempo, e talvez não saiba da importância do aumento para as forças de segurança no DF. O dinheiro é do Fundo Constitucional e nem passa pelo Ministério da Justiça”, comentou.

Bia Kicis (PL) afirmou ser necessário que o governo e parlamentares trabalhem a favor da recomposição salarial das forças de segurança. “A gente sabe que Deus está no controle de todas as coisas, mas sabemos que é importante fazermos a nossa parte. Então, esperamos que os órgãos envolvidos trabalhem pela recomposição salarial das forças de segurança do DF, reconhecidamente as melhores do país, mas desvalorizadas quando se trata da retribuição remuneratória.”

Paulo Fernando (Republicanos), suplente de Julio Cesar (Republicanos) e que deve tomar posse apenas em 1º de março, considerou que a fala de Dino foi infeliz. “De certo o ministro Dino, ex-governador do Maranhão, deseja que um PMDF, soldado de carreira inicial, ganhe o mesmo do Maranhão, R$ 4 mil. Sendo que, no DF, ganha-se pouco mais de R$ 5 mil. Sem falar no segundo mandamento bíblico: ‘Não levar o nome de Deus em vão'”, afirmou.

O restante dos parlamentares não opinou sobre o assunto.

Aliados

Parlamentar da base do governo, Reginaldo Veras (PV) afirmou que a fala de Dino foi equivocada, mas garantiu que a situação salarial da categoria não será negligenciada pelo atual governo. “A situação salarial do DF está bastante fragilizada em relação aos demais estados. Apesar dessa fala dele [Dino], o governo Lula está vendo as forças de segurança do DF com um olhar especial e acredito que, a medida que a governadora em exercício Celina Leão (PP) e nós parlamentares formos conversando e pressionando, podemos ter algum avanço”, disse.

Erika Kokay (PT) não respondeu à reportagem.

Senadores 

O senador Izalci Lucas (PSDB) chamou o comentário do ministro de “desrespeitoso”. “Mostrou não só desconhecimento da situação como também foi desrespeitoso com a categoria e com os cristãos brasileiros. Ele sabe perfeitamente que cabe ao Governo Federal a solução desse problema que há muito se arrasta”, disse Izalci.

Damares Alves (Republicanos) não quis comentar. Já a senadora Leila Barros (PDT), por estar se recuperando de uma cirurgia no quadril, não retornou às tentativas de contato da reportagem. O espaço segue aberto.