“Parem de nos matar”, clama ato em defesa das mulheres na UnB
União Brasileira de Mulheres organizou passeata na universidade. Somente neste ano, ocorreram 20 feminicídios no Distrito Federal
atualizado
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“Parem de nos matar”. A frase foi o lema de um ato contra o feminicídio, ocorrido nesta quinta-feira (30/8), na Universidade de Brasília (UnB). Somente neste ano, 20 mulheres foram assassinadas por seus companheiros no Distrito Federal. A vítima mais recente é Maria Regina de Araújo, 44 anos, esfaqueada até a morte pelo marido, no Itapoã.
Dez dias antes de morrer, Regina denunciou Eduardo Gonçalves de Sousa à polícia. A vítima teve o pedido de medida protetiva negado pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Paranoá. Nesta quinta (30), o acusado se entregou à polícia.
A iniciativa na UnB, da União Brasileira de Mulheres, deve se estender a outras regiões do DF. “Morremos de todo jeito, denunciando ou não. Eu tenho seis sobrinhas e me preocupo com o Distrito Federal em que elas vão viver” diz Tamara Naiz, 33, professora, uma das organizadoras da passeata.
“Escolhemos a UnB pela concentração de pessoas e pelo fato de já ter ocorrido um feminicídio aqui”, destacou. O caso a que ela se refere é o da estudante de biologia Louise Ribeiro, 20 anos, assassinada pelo ex, Vinícius Neres, 19, em 2016.
Os participantes do ato andaram pelos corredores do Instituto Central de Ciências e pararam em frente ao Restaurante Universitário. Eles levaram cartazes com os nomes de vítimas recentes de feminicídio.
Também esteve presente Olgamir Amancia, ex-secretária da Mulher do DF e atualmente decana de extensão da UnB. “A violência adoece a mulher, e a denúncia é fundamental. O Estado precisa ter mais sensibilidade”, disse.
“Quem precisa nos proteger está nos empurrando para a morte”, declarou, indignada, Ailta Barros, 51, professora do departamento de Serviço Social da UnB. Para ela, o caso de Maria Regina Araújo, que teve o pedido cautelar negado pouco antes de ser assassinada pelo marido, é a maior prova de que as leis vigentes não são suficientes para proteger as mulheres.