“Parecia um pesadelo”, diz mãe de adolescente atropelada no DF
Adolescente de 14 anos foi atropelada durante trajeto que fazia de casa para a escola, no Riacho Fundo I
atualizado
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“Saí de casa, e só lembro de abrir o portão para ir para a escola. Não lembro de mais nada”, conta a adolescente atropelada na tarde dessa quarta-feira (19/10), no Riacho Fundo I,. A jovem seguia da QN 01 para o Centro de Ensino Fundamental (CEF) Telebrasília (Cetelb), onde estuda, quando foi atingida por um Fiat Pálio conduzido por Manoel Bezerra da Silva, 48. O motorista estava embriagado e não tinha Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
“Parece que eu acordei e tinha um montão de gente ao redor, tinha uma mulher segurando minha mão, não estava enxergando nada, consegui ligar para minha mãe, minha professora falou com ela e depois não lembro de nada”, afirma a adolescente. Após o acidente, a jovem foi socorrida e levada às pressas para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde foi atendida.
“Estava em casa, saindo para trabalhar mais ou menos 13h30. Ela saiu de casa 13h06, me despedi dela e falei para tomar cuidado. Foi como se eu tivesse sentido algo. Depois, o telefone tocou, minha outra filha atendeu no viva voz e eu fiquei sabendo [do atropelamento]. Parecia um pesadelo, não parecia nada real, parecia que eu ainda estava dormindo. Foi tudo muito rápido. A ambulância não demorou, o pronto-socorro não demorou, as pessoas também foram rápidas em capturá-lo”, conta a mãe da adolescente, Patrícia Santos, 37, autônoma.
A adolescente teve alta do hospital por volta das 18h de quarta, poucas horas após o acidente. Nesta quinta (20/10), ela passou por exames no Instituto Médico Legal. “Quando ela estava lá no hospital, começou a vomitar. Como estava imobilizada, vomitava para cima e aquilo me assustou”, explica a mãe. “Fizeram uma ecografia e uma tomografia. Ela se queixava de muitas dores na cabeça, o braço dela está inchado, mas graças a Deus não teve nada”, completa. A suspeita de traumatismo craniano não se confirmou.
Na fila do IML, a garota comentou que os machucados nos cotovelos, braços, mãos, rosto, joelho esquerdo e pé ainda doem (veja fotos acima). A mãe apontou que a ela perdeu uma mecha de cabelo em razão do ocorrido.
A jovem segue em estado de observação e toma medicamentos para enjoo, dores e anti-inflamatório. “É como se tivesse voltado à vida”, disse Patrícia sobre o estado de saúde da filha.
A expectativa é de que a garota retome os estudos na semana que vem. “Na segunda-feira, ela já pode retomar os estudos, mas vamos ver a questão emocional dela. Nós vamos levar e buscar agora. Não tem como, a gente fica com medo, fica todo mundo traumatizado, mas a gente vai superar isso juntos”, explica Patrícia.
Prisão em flagrante
O condutor, identificado como Manoel Bezerra da Silva, 48, foi preso em flagrante. Segundo policiais que atuaram na ocorrência, ele estava embriagado, apresentava fala enrolada, tinha olhos avermelhados, sonolência e exalava um forte odor etílico. O motorista recusou-se a fazer o teste do bafômetro. No carro do suspeito, havia uma lata de cerveja aberta.
Na interpretação dos investigadores, Silva assumiu o risco de matar quando decidiu dirigir sem a devida habilitação e ingeriu bebida alcóolica. Não foi arbitrada fiança. A audiência de custódia do autor está prevista para realizada nesta quinta-feira (20/10).
A família afirma que não nutre sentimentos negativos pelo motorista. “Não quero nada dele, não sinto nada por ele. Não quero saber dele. Eu só queria saber se ela estava bem, acredito que tudo foi livramento de Deus. As coisas acontecem como elas têm que acontecer. Ele vai pagar pelo que ele fez, mas não tenho raiva, não tenho mágoa, não tenho nada”, disse Patrícia.