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Para vencer a fome, 200 mães se unem em região carente do DF

Associação formada por mães é responsável pela criação e alimentação de 380 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade

atualizado

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1 de 1 Família - Metrópoles - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Para garantir um futuro melhor para os filhos e vencer a fome, 200 mães em situação de vulnerabilidade deram as mãos e formaram uma aliança na Chácara Santa Luzia, na Cidade Estrutural (DF). A região é extremamente carente, não conta com serviço de saneamento básico, asfalto ou infraestrutura e fica localizada a aproximadamente 15 quilômetros da Praça dos Três Poderes.

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Dona Maria é a líder da associação. O grupo é responsável pelo sustento de 380 crianças e adolescentes
Kássia de Sousa Costa conta que sua família só não passa fome graças a ajuda da  associação
Kássia é mãe de seis filhos. A família vive em um barraco em péssimas condições
Luana e Claiton sonham com a regularização da região
A família de Luana e Claiton já passou por momentos difíceis, como por exemplo 20 dias sem água
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Para superar a fome e criar os filhos, 200 mães criam associação na Santa Luzia

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Dona Maria é a líder da associação. O grupo é responsável pelo sustento de 380 crianças e adolescentes

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Kássia de Sousa Costa conta que sua família só não passa fome graças a ajuda da associação

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Kássia é mãe de seis filhos. A família vive em um barraco em péssimas condições

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Luana e Claiton sonham com a regularização da região

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A família de Luana e Claiton já passou por momentos difíceis, como por exemplo 20 dias sem água

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Tudo começou em 2020. Com a chegada da pandemia, a situação das famílias que moram no local se agravou. A comunidade recebeu apoio de duas mães, moradores de outras regiões do DF. Inspiradas pelo carinho, as mães de Santa Luzia decidiram montar um ponto de apoio. E assim nasceu a Associação Mães Guerreiras da Cidade Estrutural.

Veja o vídeo:

A instituição comunitária é responsável pela criação e pelo sustento de 380 crianças e adolescentes. “A fome ameaça a gente a toda hora. Toda vez que a gente ajuda uma mãe, ajuda também os meninos”, afirmou a presidente da associação, Maria Ribeiro Guerra, 43 anos.

O grupo precisa de alimentos, roupas, calçados, fraldas, leite e móveis. Mas além das necessidades básicas, as mães trocam informações sobre oportunidades de emprego e a entidade oferece cursos, para capacitar os moradores para futuras oportunidades. Muitas mães vivem em barracos de madeirite. “Nestes dias, conseguimos um colchão no antigo Lixão“, contou.

“A situação aqui é bem grave”, resumiu Maria. E mesmo com pouco, a associação preza pela solidariedade. O número de cestas básicas e refeições doadas nunca atende a todas as famílias. Filas e sorteios são inevitáveis para distribuir os alimentos. E sempre, quem ganha a comida, a divide com as demais mães.

Fome não espera

Segundo Maria, mesmo cadastradas, famílias encontram dificuldade de acesso a programas sociais, dos governos local e federal. “Mães que têm criança não podem espera amanhã. Querem a comida para os filhos hoje”, assinalou a presidente da associação, que tem uma bebê de 1 ano e quatro meses e um adolescente, de 14 anos.

A região recebe água de caminhões da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb). Mas, não raro, a água vaza e acaba formando poças, que viram focos de doenças e insetos. As crianças correm o risco de serem picadas por escorpiões durante o sono, por exemplo, devido à precariedade do local onde vivem.

Miúdos de frango

Mãe de seis crianças, Kássia de Sousa Costa, 33, mora na Santa Luzia há aproximadamente cinco anos. Na quinta-feira (27/4), tinha na geladeira apenas miúdos de frango. Apesar de estar cadastrada no programa Prato Cheio, não havia recebido o auxílio até então. A situação é delicada, mas poderia ser ainda pior, se não fosse o apoio da associação.

Confira o relato:

“O maior desafio é ter comida toda dia. A associação nos ajuda sempre”, contou. O barraco está repleto de insetos. Nos dias de chuva, goteiras tomam conta das camas das crianças. A família toma banho à céu aberto. E, frequentemente, os pequenos ficam doentes.

Dignidade

A família de Luana Silva Palhano, 29, e o marido Claiton Costa da Silva, 35, também conta com o apoio da associação. “A Maria está sendo uma mãezona para nós. Quando a gente precisa de alguma coisa, ela ajuda. Há vezes que ela tira do dela para dividir com a gente “, reforçou a matriarca, responsável por dois pequenos.

Além da alimentação, a principal preocupação do casal é com a regularização da região. Segundo Claiton, a família quer continuar vivendo na Santa Luzia. “A gente precisa não só da alimento. Aqui não tem energia, água”, explicou. O casal já ficou 20 dias sem água em casa. A geladeira do casal só funciona com um aparelho para “puxar energia”.

Serviço

Quem quiser ajudar pode entrar em contato com a associação pelos telefones: (61) 99607-6663, (61) 99617-1330. Outra canal é o Instagram: maesguerreiras_df.

GDF

A Secretaria de Desenvolvimento Social, atualmente, atende a 440 famílias carentes, como as moradoras da Chácara Santa Luzia, no programa Cartão Prato Cheio.

Conforme cronograma administrativo e financeiro, o valor de R$ 250 ofertado pelo programa é depositado no primeiro dia útil de cada mês. Mudanças de datas devem ser divulgadas.

Sobre o caso de Kássia, a pasta afirmou que o cartão encontra-se normalmente ativo desde sua reinclusão no programa, ocorrida nesta semana. Por isso, ela precisa aguardar a data costumeira mensal do crédito.

Cesta verde

Segundo a pasta, o beneficiário que não atende aos critérios legais para o programa é atendido com o recebimento da cesta básica e cesta verde em caráter emergencial.

“Por fim, destaca-se ainda que há um Restaurante Comunitário na região com almoço a R$ 1 e café da manhã a R$ 0,50, lembrando que população em situação de rua não paga para almoçar”, completou a secretaria.

A pasta está em tratativas avançadas com a administração regional local, para abertura de um novo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) na região.

Caesb

A Caesb argumentou que a área regularizada da Estrutural tem redes de água e esgoto instaladas normalmente. O abastecimento dessa localidade, entretanto, sofre redução de pressão e interrupções no fornecimento devido ao grande número de ligações clandestinas provenientes da região da Chácara Santa Luzia, que ainda não está em situação legal.

“A Caesb lembra que está impedida legalmente de instalar infraestrutura básica na Chácara Santa Luzia, pois a área encontra-se em área limítrofe com o Parque Nacional de Brasília, unidade de proteção integral, e, portanto, possui restrições de ocupação de ordem jurídica e ambiental. Para amenizar a situação daquela população, a Caesb usa o caminhão-pipa para o abastecimento do chafariz, com água potável, diariamente”, completou.

Regularização

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) vem desenvolvendo estudos com vistas à regularização da região e manutenção do maior número possível de moradores.

“Há entraves ambientais a serem superados que estão sendo objeto de diálogo com os órgãos competentes a fim de buscar a solução que permita o desenvolvimento de um projeto urbanístico para a região e a regularização da área, inclusive com a instalação de infraestrutura essencial aos moradores”, concluiu a pasta.

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