Papuda: em 3 semanas, número de casos de Covid-19 entre presos sobe 282%
Com relação aos policiais penais, o crescimento de casos no mesmo período foi de 155%: de 27 para 69
atualizado
Compartilhar notícia
O número de contaminação pelo novo coronavírus no Complexo Penitenciário da Papuda não para de crescer. Nas últimas três semanas, a alta na quantidade de internos diagnosticados com a doença chega a 282%.
Em 17 de abril, o dado divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontou 40 casos. Nessa quinta-feira (30/04), houve um salto para 153.
Com relação aos policiais penais, o aumento no mesmo período foi de 155%: de 27 para 69. No total, entre servidores e reeducandos, são 222 casos ativos e 25 recuperados. Parte dos que testaram positivo ainda aguarda a contraprova, ou seja, os números podem sofrer alterações nos próximos levantamentos.
Sete internos que apresentaram sintomas moderados da Covid-19 estão internados, por precaução, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Um policial penal segue entubado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital particular de Brasília. Os demais contaminados são acompanhados por equipes de saúde nas próprias unidades prisionais.
Dos policiais penais confirmados, 19 são do Centro de Detenção Provisória (CDP); 28 do Centro de Internamento e Reeducação (CIR); 12 da Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I), seis da Penitenciária do Distrito Federal II (PDF-II) e quatro da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE). Dos internos, 36 são do CDP, 76 do CIR, 25 da PDF I, 16 da PDF-II e um da Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF). O policial penal e o reeducando recuperados são do CDP.
Do total de detentos identificados com coronavírus, oito foram diagnosticados assim que chegaram ao CDP, no dia 15 de março. Eles cumpriam quarentena e passaram por testes antes de dividirem as celas com os demais internos, o que comprova a importância do período de isolamento de 14 dias como medida preventiva.
Sindicato pede mais testes
O Sindicato dos Policiais Penais do Distrito Federal (Sindpen) alerta para o perigo que os assintomáticos representam tanto entre os presos quanto em meio aos servidores. De acordo com a entidade, a solução seria testar ambos os grupos.
“O número de pessoas infectadas tem dobrado a cada dia, e o trabalho de higienização tem sido feito da melhor forma possível. Mas o próprio Ministério da Saúde diz que 80% das pessoas infectadas não apresentam qualquer tipo de sintoma”, afirmou Paulo Rogério, presidente do Sindpen.
Segundo ele, é como se a categoria estivesse em um círculo e só sai quem apresenta sintoma. “Enquanto isso, os assintomáticos continuam trabalhando e contaminando os demais, já que o contagio é imediato”, continuou.
“Isso só vai ter um fim quando toda a massa carcerária, policiais penais e prestadores de serviço forem testadas. Caso contrário, não vamos conseguir vencer essa guerra”, completou Paulo Rogério.
Medidas
Em nota divulgada na última terça-feira (28/04), a Secretaria de Segurança Pública elencou medidas que estão sendo tomadas para evitar a propagação da Covid-19 no sistema.
Entre elas, a suspensão de visitas desde o dia 12 de março. O atendimento dos advogados aos internos também passou a ser feito por videoconferência – a implementação está sendo feita em todas as unidades prisionais de forma gradativa. Por fim, há a desinfecção em celas realizadas pelo Exército Brasileiro.
A pasta também citou a intensificação das triagens de internos que chegam às unidades prisionais e a implementação da quarentena de 14 dias recém-chegados, além do encaminhamento ao hospital e isolamento em cela separada de qualquer interno que apresente sintomas da Covid-19.
O governo também explicou que os idosos das seis unidades prisionais do DF foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP).