Papai Noel dos Correios transforma solidariedade em presentes de Natal
Campanha existe há mais de 30 anos e é voltada para crianças em situação de vulnerabilidade. Slime, patins e Lego estão entre os pedidos
atualizado
Compartilhar notícia
A campanha Papai Noel dos Correios deste ano começou. Com ela, a solidariedade chega em forma de presente para milhares de crianças que escrevem cartinhas com a esperança de ganhar um brinquedo, uma maquiagem e, às vezes, itens básicos como alimentos e materiais escolares.
A iniciativa existe há mais de 30 anos e é voltada para crianças em situação de vulnerabilidade. Elas escrevem cartas para serem lidas por madrinhas e padrinhos, e os presentes são entregues pela empresa.
Participando da campanha pelo segundo ano consecutivo, os alunos da Escola Classe Kanegane estão ansiosos pela chegada do Papai Noel. Na escola, localizada na Colônia Agrícola do Riacho Fundo 1, cerca de 130 alunos escreveram cartinhas, disponíveis para adoção nas agências dos Correios.
A pequena Anna Júlia Maia, 10, aluna do 4º ano, tem pedidos simples. Um kit de slime ou um pop-it, brinquedo que ficou popular nas redes sociais. Mas, segundo ela, se não puder ganhar, não tem problema. Um outro presente pode ser tão bom quanto. “Eu gostaria de um abraço do Papai Noel,” declara.
Aos 10 anos, Júlia Simão quer um patins para se movimentar. Para ela, o Natal é uma data de muita alegria. “É uma época especial, não só por ganhar presente, mas para unir a família e ficar junto com amor e carinho.”
Tirar sonhos do papel também é um dos objetivos da campanha. Baruc Lemos, 10, viu uma oportunidade não só de ganhar brinquedo, mas também de realizar o desejo da mãe, mesmo que simbolicamente. Ele pediu para o Papai Noel um Lego Disney para levar para casa um pedacinho do lugar que a mãe sonha em conhecer. “Eu quero realizar esse sonho e ajudar minha mãe a ser feliz”, diz o menino.
Solidariedade
O Papai Noel dos Correios faz parte da história de Letícia Feltrin, 26, moradora de Vicente Pires. Na infância, a família não tinha condições financeiras e, durante anos, os presentes de Natal que ganhava vinham da campanha.
Ela recorda-se com detalhes da felicidade ao ver o carro dos Correios chegando à rua onde morava. “Consigo lembrar claramente o sentimento, a emoção que sentia ao receber o presente, os brinquedos, a ansiedade…”
Mais tarde, ao começar a trabalhar, Letícia passou a adotar cartinhas para devolver às crianças um pouco da experiência da infância. A jovem, que hoje é empresária, participa da campanha desde 2015. “Eu levo não somente brinquedo, mas também esperança pra todas as crianças que recebem algo. É um momento que posso dizer com propriedade que elas se sentem, de certa forma, abraçadas”, reflete.
Renata Machado, 43, é madrinha da campanha há anos. Funcionária dos Correios, ela abraçou a iniciativa nos bastidores e na vida pessoal. Ela diz que prefere as histórias mais engraçadas. “Tem cartinha da criança falando: ‘Olha, Papai Noel, não fui um bom aluno, um bom filho, uma boa criança, mas, se você me der um presente, prometo que no ano que vem eu melhoro”, relembra Renata.
Também chegam cartinhas com o poder de mexer com o coração. “Teve uma [criança] que a mãe ficou grávida, o pai foi embora de casa. E, aí, ela pediu materiais de enxoval de bebê para poder auxiliar a mãe. Ela falou: “Olha, não precisa se preocupar comigo”, diz.
Além de presentear, a servidora mobiliza amigos para a iniciativa. “Às vezes, a gente vê a cartinha de uma criança que pede, sei lá, um kit médico. Se eu conheço algum médico, verifico a possibilidade de ele adotar. Mostro e peço para escrever um relato, falar da profissão e demonstrar que o futuro não está tão distante.”
Com vaquinhas e pequenas contribuições de conhecidos e colegas de trabalho, é possível adotar várias cartinhas de uma vez. O empenho rendeu a ela o título de supermadrinha da campanha.
“Ano passado teve uma instituição também que a gente conseguiu adotar uma turma inteira de crianças que faziam esportes. Então, os presentes eram maiô, prancha, toalhas. Eles não tinham material para poder fazer a aula, e as crianças adoravam a natação”, conta. “Foi bem legal isso também. Tem várias histórias. Eu amo esse projeto, sou encantada”, declara.
Saiba como participar
Neste ano, o Papai Noel dos Correios segue o modelo híbrido. Ou seja, as cartinhas podem ser enviadas e adotadas de forma on-line no blog da campanha ou presencialmente. No Distrito Federal, a campanha disponibilizou, inicialmente, 2 mil cartas no formato digital e 1,5 mil, no físico. Até o momento, mais de 1,2 mil foram adotadas.
As mensagens devem ser escritas à mão, fotografadas ou digitalizadas e enviadas ao blog da campanha. Podem participar crianças de até 10 anos em situação de vulnerabilidade; com deficiência, independentemente da idade; e de escolas da rede pública, selecionadas pelas secretarias de Educação de municípios ou estados.
A adoção pode ser feita no site ou presencialmente na casa do Papai Noel montada na Universidade dos Correios e nas quatro agências participantes da campanha: Agência Central, 508 Norte, Águas Claras e Taguatinga.