Pandemia fez IDH de Brasília recuar a patamar inferior ao de 2012
Em 2012, o IDH do Distrito Federal era de 0,825. Os níveis avançaram no decorrer dos anos até 2020, quando houve a pandemia de Covid-19
atualizado
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Em 2012, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Distrito Federal era de 0,825. Os níveis avançaram no decorrer dos anos até 2020, quando houve a pandemia de Covid-19, mas Brasília retornou ao patamar de uma década atrás. Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nessa terça-feira (28/5), indicou um valor de 0,814. O dado é referente ao ano de 2021.
Em 2019, o patamar de desenvolvimento do DF era de 0,859. O documento aponta uma associação negativa entre a taxa de mortalidade pela Covid-19 e as transferências de renda: “Nos estados de muito alto desenvolvimento humano, como o Distrito Federal, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, a mortalidade pela Covid-19 foi alta, acima da média Brasil, e a resposta à pandemia, em termos de transferência de renda, foi baixa”.
Todos os estados brasileiros tiveram recuo entre 2019 a 2021. No entanto, algumas unidades da Federação (UFs) ainda assim apresentam patamares superiores ao de 2012. É o caso de Ceará (0,734), Pará (0,690) e outros.
A coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do Pnud no Brasil, Betina Barbosa, apresentou os dados alarmantes contidos no relatório. “Na dimensão de renda, o IDH brasileiro recuou para valores de antes de 2012. A longevidade também recuou 10 anos e a dimensão da educação recuou dois anos. Na média, a gente tem um recuo de 6 anos”, explicou.
“O país era um antes da Covid-19, e os dois anos de pandemia abatem o Brasil e suas dimensões de desenvolvimento”, ressaltou Barbosa. Ela destacou que, em apenas dois anos, o Brasil perdeu as conquistas de desenvolvimento humano registradas até 2019.
A queda no IDH pós-pandemia não é exclusiva do Brasil. O relatório do Pnud aponta que o impacto da Covid-19 em escala global superou até mesmo a crise econômica de 2008. No entanto, no país, essa redução foi duas vezes maior do que o levantamento global mostra.
Betina Barbosa enfatizou que essa tendência também é observada em outros países da América Latina, onde as taxas de desigualdade são elevadas.
“O Brasil tem tudo para se recuperar, e já se recuperou. Essa recuperação não é a do IDH de 2019, ela ainda está abaixo. Mas não é só o Brasil que está abaixo. Vários outros países da América Latina ainda não se recuperaram”, afirmou
DF lidera ranking de IDH no Brasil
Com exceção da capital federal, apenas o estado de São Paulo (0,806) teve uma taxa considerada muito alta, quando o índice é superior a 0,8. O relatório do Pnud ainda revela que Maranhão (0,676) , Alagoas (0,684) e Amapá (0,688) são as unidades da Federação (UFs) com o menor IDH.
A média nacional do Índice de Desenvolvimento Humano foi de 0,766, sendo superada apenas por sete UFs. Todos os estados do Centro-Oeste possuem indicativos menores: Mato Grosso do Sul (0,742), Goiás (0,737) e Mato Grosso (0,736).
O IDH é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento: renda, educação e saúde. O objetivo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Em nível das cidades, o valor também é conhecido como Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). A taxa pretende ser uma medida geral e sintética que, apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, não abrange nem esgota todos os aspectos de desenvolvimento.
Diferenças por gênero e cor da pele
O relatório também especifica o desenvolvimento humano por cor da pele e gênero. Nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, os resultados estaduais para brancos e para negros registram maiores disparidades. No DF, o IDH para pessoas brancas é de 0,849, e para negros é de 0,780.
“Vale observar que, pela régua do desenvolvimento humano, as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam IDHM alto para os negros em todos os estados; e IDHM para os brancos muito alto no Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina”, ressalta o Pnud.
Em relação ao recorte por sexo, verifica-se que a taxa das mulheres é superior ao dos homens. O relatório aponta que esse fenômeno é explicado por alguns fatores: a expectativa de vida das mulheres ao nascer é maior do que a dos homens; os anos médios de escolaridade das mulheres também são superiores aos dos homens.
Além disso, há questões metodológicas – uma vez que no cálculo do IDHM renda, a unidade da dimensão renda é o domicílio – a renda das mulheres e dos homens, que habitam domicílios nucleares, é igual. Restringindo-se aos homens do DF, a taxa foi de 0,820, enquanto para as mulheres da capital federal foi de 0,852.