Pandemia fez contratação de empregados domésticos despencar 23% no DF
Com o aumento do desemprego e a queda na renda, algumas famílias foram obrigadas a reduzir gastos com bens e serviços
atualizado
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O total de empregados domésticos com carteira assinada na capital da República caiu 23% no segundo trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado. O percentual equivale a 21 mil profissionais que perderam o emprego ou deixaram de ser contratados devido à pandemia de coronavírus. É o que revela a 13ª edição do Boletim de Conjuntura do Distrito Federal, divulgado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).
Houve aumento no índice de desemprego no DF, que passou de 19,4% em julho de 2019 para 21,6% no mesmo mês de 2020, conforme a Codeplan. Assim, segundo o Boletim de Conjuntura, uma das explicações para a redução na contratação de trabalhadores domésticos – mulheres em sua maioria – é a queda na renda familiar do brasiliense. Algumas famílias foram obrigadas a reduzir gastos com bens e serviços, inclusive dispensando funcionários.
Aliado a isso, há o medo de contágio pela Covid-19, que mudou o comportamento da população, exigindo isolamento e distanciamento social, e, na prática, fechou a porta de muitas casas aos prestadores de serviços domésticos.
Para Mário Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal, a situação é preocupante porque muitas empregadas são provedoras do lar. “Se ela perde a renda, como vai sustentar aquela família?”, questiona. Avelino acredita que a contratação dessas profissionais tende a melhorar na segunda metade do ano, com a flexibilização das medidas de enfrentamento da Covid-19.
O Doméstica Legal produziu uma cartilha com orientações sobre uma volta segura ao trabalho para essas profissionais. “O trabalhador muitas vezes fica exposto no transporte coletivo, por exemplo. Nela, orientamos tanto empregador como trabalhador sobre quais equipamentos e as formas de reforçar essa segurança”, explica Avelino.
Conforme reforça Samara Nunes, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do DF, as dificuldades para profissionais da categoria não são apenas econômicas. “Eles também temem pelas suas vidas agora. Por isso, orientamos que os empregadores ofereçam os equipamentos necessários para que trabalhem com segurança”, afirma.
Desemprego
Segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), entre abril e junho de 2020 mais pessoas foram demitidas do que contratadas no Distrito Federal. O setor mais afetado pelo desemprego foi justamente o de serviços, com quase 16 mil demissões, o que equivale ao número de empregos criados pelo segmento em todo o ano de 2019.
A taxa de desemprego no segundo trimestre em 2020 foi a maior dos últimos oito anos (confira os dados mais recentes abaixo). Nesse período de 2019, o DF tinha 293,6 mil desempregados. Neste ano, são 327 mil. Portanto, há pelo menos 34 mil pessoas fora do mercado de trabalho.
Segundo o Boletim de Conjuntura da Codeplan, o dado é preocupante porque o mercado de trabalho não tem capacidade de absorver essa massa de desempregados.
Taxa de desocupação do 2º trimestre de 2016 ao 2º trimestre de 2020:
- 2016 – 17,9%
- 2017 – 19,9%
- 2018 – 19,1%
- 2019 – 19,4%
- 2020 – 21,6%
Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF)
Ainda conforme o levantamento da companhia brasiliense, caso o crescimento do desemprego não seja interrompido, pode gerar um ciclo vicioso com efeitos a longo prazo na economia do DF, no qual os desempregados deixam de gastar e os empregadores deixam de contratar.
Colaborou Ana Karolline Rodrigues