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Pandemia faz população em situação de rua quadruplicar no DF

Em 2019, 593 pessoas declararam que viviam nas ruas da capital. Já em 2021, 2.391 disseram ao GDF estar nessas condições

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Imagem colorida mostra as pernas de uma pessoa em situação de rua. Ela está de chinelos, calça verde e sentada em vários sacos plásticos - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra as pernas de uma pessoa em situação de rua. Ela está de chinelos, calça verde e sentada em vários sacos plásticos - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A população vulnerável do Distrito Federal praticamente quadruplicou entre os anos de 2019 e 2021, período da pandemia de Covid-19. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em 2019, 593 pessoas declararam que viviam em situação de rua. Em 2020, esse número subiu para 2.069. Já em 2021, 2.391 disseram à pasta estar nessas condições. Neste ano, segundo dados compilados até maio, há 2.130 moradores de rua na capital federal.

“Estou buscando emprego”, disse uma dessas pessoas, entrevistada pelo Metrópoles na manhã desta quarta-feira, no Setor Comercial Sul (SCS). Sara Silva*, de 55 anos, nasceu em Viçosa (MG) e veio para Brasília em 1984, onde trabalhou como empregada doméstica até 2004. À época, voltou para a terra natal, porém, em 2006, tornou a deixar a cidade e passou a viver pelas ruas em diferentes estados.

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Em 2019, o DF tinha 593 pessoas autodeclaradas em situação de rua. Em maio de 2022, o número saltou para 2.130
Equipes de acolhimento do GDF oferecem acesso a abrigos, mas muitas pessoas recusam
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Durante a pandemia, população em situação de rua quadriplica no DF

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Em 2019, o DF tinha 593 pessoas autodeclaradas em situação de rua. Em maio de 2022, o número saltou para 2.130

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Equipes de acolhimento do GDF oferecem acesso a abrigos, mas muitas pessoas recusam

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Nas ruas, as pessoas estão expostas à violência e sofrem preconceito

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A população pode acionar as equipes da Sedes pelos telefones (61) 3773-7566 ou 3773-7567

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Nas ruas, a desempregada já foi vítima de agressões e roubos. Em 2021, ela regressou para o DF e desde então tenta novas oportunidades de emprego, mas só tem recebido negativas. “É muito difícil. Muito mesmo”, lamentou.

Sara diz que as portas fechadas são reflexos da discriminação, pela aparência que sustenta. “As pessoas se preocupam com as mãos, os pés e roupas sujas. Nada disso importa. O que importa é o coração limpo. Eu sou muito trabalhadeira, mesmo sendo magrinha”, sorri.

Só anotações

Sara conta que chegou a ser entrevistada por equipes de acolhimento do Governo do Distrito Federal (GDF). “Mas só anotaram meus dados. Só isso”, lamentou. A mulher não aceita ir para os abrigos, pois considera “lá muito perigoso”. “Eles põem quem querem lá. Levam gente perigosa. Fica tudo misturado. Não gosto de procurar o abrigo”, explicou.

O Instituto No Setor acompanha e oferece suporte para a população em situação de rua, principalmente no SCS. Segundo o psicólogo Diego Rodrigues, voluntário na ONG, existe um aumento evidente no grupo de pessoas carentes. “É uma realidade de extrema vulnerabilidade. E há muita dificuldade para essas pessoas terem acesso a direitos fundamentais”, alertou.

Segundo Rodrigues, alguém em situação de rua enfrenta uma quantidade muito maior de obstáculos para ter acesso a serviços públicos, como saúde e segurança, do que o restante da população.

Sem voz

Para Rodrigues, as políticas públicas acabam perdendo de vista o objetivo principal que é o resgate da cidadania dessas pessoas. “Não tem como ter uma transformação dessa realidade que não passe por uma ação responsável do Estado, em que se entenda a complexidade da situação. Não é chegar dando um prato e comida ou muda de roupa”, apontou.

O primeiro passo, defende o ativista, é o descarte da lógica romântica de que pessoa em situação de rua é uma pobre vítima inocente ou que merece passar esse drama. A realidade é muito mais complexa. “Essas pessoas passaram por situações de muito violência, angústia, sofrimento. É preciso reestabelecer as condições para que elas possam morar em um casa, ter horário”, contou.

Acolhimento

Segundo a Sedes, as equipes sociais responsáveis pelas abordagens sempre apresentam os serviços, programas e projetos sociais do governo. Também oferecem o acolhimento institucional. A pasta dispõe de 19 Casas de Passagens, bem como unidades de acolhimento para todas as faixas etárias, inclusive para famílias. As unidades de acolhimento institucional ofertam cinco refeições por dia aos acolhidos.

Além do serviço-abordagem e dos dois Centros POP, os 14 Restaurantes Comunitários da cidade fornecem alimentações, de segunda a sábado, das 11h às 14h, ao custo de R$ 1. No entanto, as refeições para a população em situação de rua são gratuitas.

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A Sedes não retira compulsoriamente pessoas em situação de rua. Realiza atendimento nos espaços públicos da rua para inserção nas políticas públicas. Os telefones de contato são (61) 3773-7566 ou 3773-7567.

*  Nome fictício para preservar a identidade da personagem, que vive em situação de vulnerabilidade social.

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