“Pancada quebrou todos os ossos dela”, diz filha de idosa atropelada
Rose Marie Flexa Medeiros morreu na calçada em frente ao Ministério da Saúde. Certidão de óbito aponta como causa da morte politraumatismo
atualizado
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Parentes e amigos se despedem nesta sexta-feira (9/3) da aposentada Rose Marie Flexa Medeiros, 73 anos, que morreu após ser atropelada na calçada em frente ao Ministério da Saúde, na Esplanada dos Ministérios, na quarta (7). “É muito difícil aceitar isso. A minha mãe era extremamente lúcida, tinha uma vida social ativa, caminhava no parque todos os dias e estava muito feliz”, disse Roseane Flexa Medeiros, 42. A certidão de óbito aponta como causa da morte politraumatismo por ação contundente. “A pancada quebrou todos os ossos dela”, revoltou-se a filha.
O sepultamento no Cemitério Campo da Esperança na Asa Sul está marcado para as 16h30. A família quer a verdade sobre o que ocorreu. “A única coisa que queremos é que tudo seja esclarecido para que futuramente não aconteça com outras famílias”, acrescentou Roseane.
Rose Marie deixa seis filhos e netos. Outro filho da aposentada, Anderson Flexa Medeiros também cobrou explicações: “Ao que tudo indica, a motorista foi imprudente e querendo ou não isso deixa uma revolta”.
Veja o desabafo da filha da vítima:
Veja a certidão de óbito:
A aposentada foi atingida por um Peugeot 208 branco desgovernado, conduzido por Juliana Guimarães Cirillo, 22, e não resistiu aos ferimentos. Segundo a família, na tarde de quarta, a idosa saiu de Uber do Sudoeste, onde morava, para visitar uma amiga no Ministério da Saúde. Combinou esperar a carona de Roseane debaixo de uma árvore. Antes disso, porém, foi atropelada e morreu horas depois no Instituto Hospital de Base (IHBDF).
O acidente ocorreu por volta das 18h. Rose foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao IHBDF com um corte na face, consciente, estável e orientada. Os bombeiros encaminharam Juliana para a mesma unidade de saúde. Ela se queixava de dores na coluna cervical, ânsia de vômito e estava consciente, porém desorientada, de acordo com a corporação.
Investigação
O caso foi registrado na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) como acidente de trânsito com vítima. O delegado-chefe da unidade, Rogério Rezende, disse que abrirá um inquérito. “Vamos trabalhar com seriedade e fazer o que tem de ser feito: identificar as pessoas que tiveram o primeiro contato, tanto os médicos do Hospital de Base quanto o pessoal do Corpo de Bombeiros, ouvir possíveis testemunhas, pegar as imagens e esperar a jovem receber alta para ouvi-la”, detalhou o delegado.
Juliana teria dito a um dos socorristas que tomou um “chá”. Responsável por isolar a área do acidente, o sargento da Polícia Militar do DF Carlos Roberto de Souza disse que a moça “não parecia em um estado normal”. “Ela estava com a cabeça levantada e, às vezes, a abaixava. Não sei se foi devido ao acidente, pois eu acho que é do ser humano que, quando há uma situação assim, fica mais sonolento, sem noção de onde está e o que aconteceu”, contou ao Metrópoles.
No carro dela, havia folhetos do “Orixá Reiki”, um livro sobre a desmitificação do preconceito contra orixás e outras divindades de religiões de origem africana. Conforme informações dos bombeiros, Juliana perdeu o controle do veículo, subiu o meio-fio e depois atropelou a idosa. A moça não passou pelo teste do bafômetro. Segundo a Polícia Militar, o exame não foi realizado porque a condutora estava ferida e “chegou a perder a consciência durante o socorro”.
De acordo com fontes do Instituto Hospital de Base, a jovem também não fez exame toxicológico. Do IHBDF, Juliana foi levada para uma unidade de saúde particular, nesta quinta (8).
O outro lado
Na delegacia, o pai de Juliana, Sérgio de Souza Cirillo, disse que a filha sofre de Síndrome do Vaso Vagal, doença que provoca desmaios e confusões. Afirmou que a jovem se envolveu em outro acidente recentemente, devido ao problema, mas que ela não tem restrição para dirigir.
Juliana teve de passar por uma cirurgia para corrigir uma lesão na coluna e, por isso, não foi ouvida ainda pela polícia. O pai garantiu que a filha não havia feito uso de nenhuma substância ou medicamento que tenha ocasionado o acidente e que não haveria problema em submeter a jovem a um exame de sangue pericial a fim de confirmar isso. Porém, no momento, não seria possível devido à cirurgia.
Sérgio comprometeu-se a comparecer à 5ª DP para levar o laudo que comprova a doença de Juliana.