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Pais querem decidir sobre levar ou não filhos às escolas públicas do DF

Associação de Pais e Alunos (Aspa-DF) vai pedir esclarecimentos ao GDF do motivo de diferença no calendário em relação a colégios privados

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Novas carteiras de identificação estudantil prometem mais controle e segurança nas escolas do DF.
1 de 1 Novas carteiras de identificação estudantil prometem mais controle e segurança nas escolas do DF. - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Depois de a Secretaria de Educação divulgar, na noite de segunda-feira (13/7), o calendário de volta às aulas nas escolas da rede pública do DF, a Associação de Pais e Alunos de Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) disse que vai pedir esclarecimentos à pasta.

Ao Metrópoles, o presidente da entidade, Alexandre Veloso, comentou que a Aspa-DF quer explicações sobre a diferença de calendários para o retorno das aulas entre as escolas particulares e públicas.

“Além disso, vamos pedir a isonomia de tratamento e escolha. Assim como os pais e alunos dos colégios particulares poderão optar pelo retorno ou continuar no ensino remoto, também queremos que os estudantes das escolas públicas tenham esse mesmo direito. Se isso não ocorrer, gostaríamos que a Educação justificasse”, frisou Veloso.

Ainda segundo o presidente da entidade, o DF não passa por um momento favorável para o retorno com a curva de transmissão da Covid-19 nada achatada e o número de mortes aumentando a cada dia.

“Nas escolas particulares, o retorno será daqui a 13 dias. Há uma indicação que apenas 30% dos alunos vão retornar presencialmente. A maioria dos pais está preferindo. Sabemos que há perda pedagógica, mas, neste momento, eles preferem deixar os filhos em segurança”, acrescentou.

Também de acordo com Alexandre Veloso, a Aspa-DF ouve os pais e alunos da rede pública para, se for o caso, levar essa demanda para a secretaria e pedir ao GDF sensibilidade. “Ainda é cedo para falar sobre esse retorno com tantas mudanças. Vamos tentar obter esses esclarecimentos”, disse.

Em grupos de pais de estudantes de escolas públicas no aplicativo de mensagens WhatsApp, a maioria também é contra o retorno. Uma mãe, que preferiu não se identificar, disse que o filho está matriculado em um colégio de Samambaia, no 7º ano. “O meu filho não volta. Devemos entrar em consenso com a secretaria. Não queremos as crianças em risco e com a possibilidade de levar a doença para dentro de casa”, opinou.

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A Sociedade de Pediatria do Distrito Federal também se posicionou contra a volta às aulas. A associação afirma que o isolamento social está cada vez menor na capital federal e o número de casos está subindo em progressão “rápida e considerável”.

“Nessas condições, reabrir todas as atividades até o fim de julho ou início de agosto pode ser uma decisão precipitada, devido à situação que nos encontramos, tanto a nível distrital como nacional”, aponta Dennis Alexander Burns, presidente da entidade. “Em especial se tratando de escolas, onde o comportamento é imprevisível e o número de assintomáticos é inestimável, tornando a possibilidade de contágio exponencial”, acrescenta.

Novo calendário

De acordo com o calendário divulgado pela Secretaria de Educação na segunda-feira (13/7), os primeiros alunos a regressarem serão os da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da Educação Profissional. Em 8 de setembro, será a vez dos matriculados no ensino médio.

No dia 14 de setembro, retornam os estudantes dos anos finais do ensino fundamental, incluindo a Escola do Parque da Cidade – Proem. Em 21 de setembro, voltam os anos iniciais, incluindo a Escola Meninos e Meninas do Parque.

Para a educação infantil, a retomada está marcada para 28 de setembro, enquanto para os centros de ensino especial, a Educação Precoce e as classes especiais, as atividades presenciais estão previstas para 5 outubro.

Confira o calendário: 

  • 31 de agosto: início das aulas presenciais da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da Educação Profissional
  • 8 de setembro: início das aulas do ensino médio
  • 14 de setembro: início das aulas dos anos finais do ensino fundamental, incluindo a Escola Parque da Cidade (Proem)
  • 21 de setembro: início das aulas dos anos iniciais do ensino fundamental, incluindo a Escola Meninos e Meninas do Parque
  • 28 de setembro: início das aulas da educação infantil
  • 5 de outubro: início das aulas do ensino especial, educação precoce e classes especiais
O que diz a secretaria

A Secretaria de Educação disse ainda não ter recebido a demanda da Aspa. Mas garante que, tão logo receber, vai analisar os pontos apresentados. “A rede privada de ensino, conforme legislação vigente, tem autonomia para definição do seu calendário escolar, com homologação pela SEEDF”, explica a pasta, em nota.

Para manter o distanciamento social, a secretaria optou por um modelo híbrido. Metade dos estudantes de cada turma vai para a escola presencialmente em um semana, enquanto os demais farão atividades virtuais ou impressas – no caso daqueles que não tiverem acesso. Na semana seguinte, o sistema será invertido. A alternância acontecerá até o fim do ano letivo, em janeiro.

Não será permitido que os estudantes permaneçam nas escolas por mais de um turno. Eles serão orientados em relação às medidas de profilaxia a fim de evitar a disseminação do novo coronavírus. Deverão usar máscaras, lavar as mãos com frequência, evitar contato físico e não compartilhar objetos.

O primeiro passo, de acordo com a pasta, para o retorno das atividades escolares presenciais é a testagem dos profissionais de educação para Covid-19. Os exames serão realizados em parceria com a Secretaria de Saúde de 3 a 14 de agosto.

Em seguida, de 17 a 28 de agosto, ocorrerá a ambientação presencial dos profissionais das carreiras do magistério e assistência, com formação para os protocolos de segurança nas unidades escolares, de acordo com as orientações das autoridades de saúde pública. Aquelas pessoas que pertencem ao grupo de risco não voltarão.

Profissionais que apresentarem sintomas da Covid-19 também não deverão atuar de forma presencial.

“Tudo foi planejado detalhadamente e tomando todos os cuidados necessários. Nós testaremos os professores, cumpriremos todos os protocolos e teremos uma volta gradual e segura para toda a comunidade da educação. Ter um retorno do processo educacional, mas de forma segura e absolutamente planejada”, garante o secretário de Educação, Leandro Cruz.

Conselho

Ainda nessa terça (14/7), o Conselho de Saúde do Distrito Federal aprovou resolução com críticas à retomada das atividades comerciais e ao retorno das aulas na rede pública de ensino. No documento, os integrantes do colegiado apontam os “preocupantes dados ascendentes de números de casos e óbitos” e afirmam que as atividades deveriam permanecer interrompidas “até que ocorra o real declínio do patamar de casos e óbitos por Covid-19”.

Vinculado à Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o Conselho de Saúde do DF é formado por representantes de profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

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