Pais, preparem o bolso: material escolar ficará 10% mais caro em 2019
Novas coleções foram reajustadas em 5%, mas fabricantes acreditam que aumento chegará a dois dígitos. Especialistas recomendam antecedência
atualizado
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O ano letivo ainda não terminou, mas a lista de materiais escolares de 2019 já é preocupação para as famílias no Distrito Federal. Com peso significativo no orçamento, o conjunto de itens teve aumento de 4% a 5% em agosto, quando foram lançadas as novas coleções, segundo o Sindicato das Papelarias (Sindipel-DF), e isso vai impactar o bolso do consumidor na próxima volta às aulas. Os fabricantes estimam que o percentual final de reajuste nas lojas alcance chegue a 10%. Para tentar driblar os preços, a dica é planejar, pesquisar e se antecipar.
O presidente do Sindipel-DF, José Aparecido da Costa, garante que este fim de ano é o melhor momento para ir às lojas, por causa da queima de estoque das coleções anteriores. “As pessoas que procuram até dezembro conseguem encontrar produtos do fim de 2017, sem a aplicação do último ajuste anual”, explica.
O aumento pode ser maior, conforme cálculo dos empresários do setor. A Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), entidade que reúne as grandes marcas nacionais, prevê alta de 8% a 10% no preço final. “É uma estimativa, porque a lista contempla de mochila a lápis”, disse o responsável pelas relações institucionais da entidade, Ricardo Carrijo.
O reajuste é impulsionado, principalmente, pela alta no preço do papel e dos importados – que representam cerca de 20% a 25% do total das relações. “O papel subiu ao longo de 2018, e o dólar teve uma variação muito forte e vai flutuar ao longo do ano que vem”, justifica.
Carrijo reforça a orientação para o consumidor adquirir o necessário ainda neste ano. “Os varejistas não costumam acertar na mosca na quantidade de produtos comprados para a venda, e esta época, até 31 de dezembro, é um momento interessante”, complementa.
Famílias preparam o bolso
Mãe de quatro filhos, de 4 a 13 anos, a servidora pública federal Lucíola Palos, 40, aprendeu com as experiências anteriores como fazer para economizar. Ela garantiu os materiais das crianças em novembro, durante as promoções da Black Friday.
A servidora também costuma ir a uma mesma papelaria em Taguatinga, onde encontra preços mais baixos e melhores condições de pagamento. Mesmo assim, somando itens escolares e uniformes, a conta gira em torno de R$ 3 mil.
É uma despesa significativa. Pesquisando com antecedência, consigo cerca de 20% de desconto. Como eu tenho quatro listas, para mim é mais fácil e menos custoso ir direto nessa loja
Lucíola Palos, servidora pública
A maioria dos consumidores, no entanto, não consegue se antecipar. Por isso, a procura nas papelarias ainda é baixa. Caroline Pedrosa Venturim, mãe de dois filhos, de 5 e 12 anos, confessou que não sabe ainda se o colégio disponibilizou a relação do próximo ano letivo. “Como não tem jeito de fugir, acabo deixando para o fim de janeiro”, admitiu.
A costureira Maria Marques da Silva também não planejou as compras para o filho de 11 anos. Em 2018, o item mais caro foi uma mochila de R$ 200. A conta com a volta às aulas chega a ocupar quase 25% da renda que ela consegue com o trabalho. “Vou esperar a gente retornar de viagem. Pesa muito, então eu acabo não levando todas as coisas”, relatou.
Mesmo com a alta no preço dos produtos, tanto os fabricantes quanto os varejistas esperam aumento nas vendas. Nas papelarias, segundo o Sindipel-DF, espera-se ter uma saída similar ao período de volta às aulas do último ano. A Abfiae, por sua vez, pretende vender 5% a mais.
Como fazer bons negócios
O consultor Jonatas Bueno, membro da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), afirma que é possível economizar usando algumas estratégias. Segundo ele, o ponto principal é não deixar as compras para a última hora. Como os lojistas estão focados no Natal, os itens ficam mais baratos nesta época do ano. “É uma boa oportunidade para pedir descontos”, explica.
É preciso considerar que o orçamento familiar precisa cobrir, além dos gastos de fim de ano, o material, matrícula e uniformes. Se esperar até janeiro, fica mais difícil negociar pedidos obrigatórios na escola, pesquisar ou conseguir desconto
Jonatas Bueno, consultor
Outra dica é olhar os preços e usar páginas on-line para pesquisar antes de ir às lojas físicas. “Olhar na internet antecipadamente é obrigatório”, afirmou o especialista.
Pesquisar é fundamental
O Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF) pesquisou preços de 20 itens escolares em 41 papelarias do DF de 8 a 12 de janeiro de 2018. Foram encontradas variações de 327% nos valores totais. Analisando-se cada material separadamente, a diferença chegou a 1.700%.
Os produtos com personagens de desenhos animados são os mais pedidos pelos filhos pequenos, mas também são os mais caros. Para o educador financeiro, dificilmente a criança vai abrir mão desse desejo, portanto a saída é negociar.
“Como as crianças têm acesso a tablets e smartphones, eles mesmos têm ideia do que gostam. Às vezes, uma mochila de um personagem já satisfaz a criança”, ensina. Os itens similares aos de personagens, geralmente importados, também são boas opções para quem quer pagar menos.
Para Jonatas, levar os filhos às compras pode ser positivo, dependendo da relação deles com o consumo. De qualquer maneira, é uma oportunidade para os pais avaliarem o comportamento das crianças. O essencial é não ir até a loja sem planejamento.
“Talvez duplique o trabalho, mas, pesquisando e fazendo negociações, é possível balizar a economia com a satisfação da criança”, explica.