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Pais de alunos surdos cobram entrega de 2ª escola especializada no DF

Entrega de escola pública bilíngue para surdos, em construção na 912 Sul, deveria ter ocorrido em abril. Famílias cobram conclusão imediata

atualizado

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Pais reclamam do atraso na entrega de escola para surdos
1 de 1 Pais reclamam do atraso na entrega de escola para surdos - Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

Pais de estudantes surdos do Distrito Federal tem enfrentado dificuldades para garantir o acesso dos filhos à educação da rede pública e cobram pela inauguração da segunda Escola Pública Integral Bilíngue Libras e Português Escrito, no Plano Piloto.

Em novembro 2022, o Governo do Distrito Federal (GDF) investiu R$ 4,3 milhões nas obras, que começaram naquele mês. O prazo para conclusão da reforma era de 180 dias a partir do início dos trabalhos. Contudo, isso não aconteceu.

A sede da escola fica na 912 Sul, onde havia o clube da Associação de Assistência aos Trabalhadores em Educação do Distrito Federal (Asefe). A primeira Escola Pública Integral Bilíngue Libras e Português Escrito do Distrito Federal fica em Taguatinga e tem capacidade para receber cerca de 300 alunos.

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Terreno onde é construída a escola
Luiza, Tarsila, José e Andrei visitaram o local
Andrei e Luiza cobram inauguração do colégio
Terreno da escola, na 912 Sul
Unidade de ensino funcionará no antigo clube da Associação de Assistência aos Trabalhadores em Educação do Distrito Federal (Asefe)
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Data de término da obra foi apagada

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Terreno onde é construída a escola

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Luiza, Tarsila, José e Andrei visitaram o local

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Andrei e Luiza cobram inauguração do colégio

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Terreno da escola, na 912 Sul

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Unidade de ensino funcionará no antigo clube da Associação de Assistência aos Trabalhadores em Educação do Distrito Federal (Asefe)

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Reforma contempla dois módulos do antigo clube, com área de 1,2 mil metros quadrados

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Andrei Polejack, 48 anos, servidor público, e a esposa, Luiza Alves, 51, artesã. Eles são pais de Juca Alves Polejack, 12

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Entrega estava prevista para abril de 2023

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O publicitário José Carvalho Junior, 58 anos, e a filha Tarsila Maria Ventura de Carvalho, 14

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O atraso na entrega das obras, no entanto, tem causado transtornos a quem mais precisa. Famílias de estudantes surdos pressionam o poder público para que eles não fiquem por mais um ano sem um local que ofereça educação adequadamente.

A situação desperta angústia entre a artesã Luiza Alves, 51 anos, e o marido dela, o servidor público Andrei Polejack, 48. Eles são pais de Juca Alves Polejack, 12, que vai cursar o 6º ano do ensino fundamental em 2024.

O casal descobriu a surdez do filho quando ele tinha 2 anos. Juca tem uma neuropatia relacionada à falta de sincronia na passagem do estimulo elétrico pelas vias auditivas. A criança está matriculada em uma escola na Asa Sul, mas o colégio não oferece acompanhamento especializado.

“Educação de qualidade é um sonho para a maioria das crianças surdas. Isso porque o GDF promete desde 2019 uma nova escola de surdos, com educação em Libras [Língua Brasileira de Sinais], na Asa Sul. Mas, até agora, em 2024, nada. Meu filho de 12 anos é surdo e jogado de escola em escola. O resultado é que, até hoje, ele não foi alfabetizado em português escrito, o que, para ele, é uma segunda língua, como o inglês é para muitos ouvintes”, desabafou Andrei.

A família morou por alguns anos na Suécia, onde Juca recebeu acompanhamento apropriado e teve garantido o direito à liberdade de expressão, à educação e à igualdade, no contexto da educação bilíngue para surdos.

A mãe do menino comentou que, desde o retorno da família ao Brasil, encontrou dificuldades com a oferta de educação especial, uma conquista da comunidade surda que respeita a língua e a cultura de quem tem essa deficiência.

“Em 2024, temos duas batalhas: uma para que a Secretaria de Educação [do DF] finalmente entregue a segunda escola bilíngue; outra para conseguir uma vaga em uma boa escola enquanto esperamos o sonho da nova unidade [pública]. É necessário [às pessoas] estar com os pares, com os iguais. Precisamos dessa escola pronta”, cobrou Luiza.

De Teresina para a capital federal

Em 2016, a piauiense Tarsila Maria Ventura de Carvalho, 14, veio para o Distrito Federal, na tentativa de conseguir uma vaga na Escola Bilíngue de Taguatinga, por se tratar da unidade de referência em ensino para surdos de todo o país.

José Carvalho Junior, 58, publicitário e pai de Tarsila contou que, nos primeiros anos da filha na escola, a rotina fluía perfeitamente. Mas, hoje, a instituição de ensino tem deixado a desejar.

“A Tarsila vai cursar o 8º ano. Em 2023, começaram a acontecer problemas com educadores da unidade de Taguatinga. Passaram o ano inteiro sem professores de português e de diversas outras matérias. A distância também é um ponto que dificulta a vida dos alunos. Essa segunda instituição, na 912 Sul, no centro da capital federal, vai facilitar muito a inclusão e o acesso dos estudantes”, ponderou José.

Assista ao desabafo dos pais:

As duas famílias se juntaram a um grupo com outros pais de estudantes surdos, para participar de reuniões com diversos departamentos da Secretária de Educação do Distrito Federal (SEEDF) e cobrar a abertura da nova unidade de ensino o quanto antes.

Em diversas ocasiões, a informação repassada pela pasta era de que isso seria possível no começo do ano letivo de 2024 e que as tratativas para finalização da obra, para alocação de professores e para instalação de mobiliário, bem como demais ações necessárias, estavam todas em curso.

Em dezembro último, a SEEDF informou aos pais dos alunos que a obra estava parada por indisponibilidade orçamentária para assinatura de um termo um aditivo com a empresa vencedora da licitação e responsável pelas construção.

A pasta e a construtora celebraram o acordo, que será oficializado neste mês. A reportagem apurou que, até a formalização do contrato, a empresa não pôde usar os recursos extras e continuou as obras na medida do possível.

Veja imagens da futura escola:

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“Ao sermos informados sobre o novo atraso, o secretário-executivo de Educação se mostrou sensível à situação de nossos filhos e sugeriu iniciarmos provisoriamente as atividades da escola bilíngue em outra instalação da SEEDF. Seguimos nesse plano de um colégio provisório enquanto o definitivo tivesse as obras finalizadas”, detalhou Andrei.

Na primeira semana de janeiro, porém, as famílias foram surpreendidas por uma nova reunião com a titular da pasta, Hélvia Paranaguá. “Apresentaram vários obstáculos para um funcionamento mesmo que provisório da escola de surdos e postergaram a entrega das obras para julho de 2024. Mas reforçamos o pedido de abertura, mesmo que provisória, da nova escola, em outro espaço da SEEDF”, enfatizou o servidor público.

O que diz a Secretaria de Educação

A rede pública de ensino conta, atualmente, com 20 professores, 88 tradutores intérpretes de Libras e recebe 1.654 estudantes surdos.

A Secretaria de Educação do Distrito Federal informou que teve de adequar os projetos das obras no prédio onde funcionará a segunda Escola Pública Integral Bilíngue Libras e Português Escrito.

“Os orçamentos [também] foram reajustados, possibilitando a formalização do termo aditivo de serviços e valores. A conclusão da reforma está prevista para o início do segundo semestre”, comunicou a pasta.

A SEEDF acrescentou que a oferta da educação básica na rede pública de ensino é inclusiva e que os professores da secretaria estão qualificados para atender os estudantes da rede.

Em alguns casos, é necessário que o docente comprove ter concluído cursos adicionais e seja aprovado por um banca especializada. Para atuação na Escola Integral Bilíngue e Português Escrito, o professor deverá ter, ainda, habilitação em licenciatura em cada componente curricular que pretende ministrar, com fluência em Libras.

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