Pai percorreu 1.035 km com corpo do filho Bernardo no carro
O laudo que vai determinar as causas da morte do menino, de um ano e 11 meses, será emitido pela Polícia Civil da Bahia
atualizado
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Provas colhidas ao longo da investigação sobre a morte do menino Bernardo, de um ano e 11 meses, indicam, segundo a Polícia Civil, que Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, matou o filho antes mesmo de pegar a estrada em direção a Bahia. O metroviário confessou que deu uma superdosagem de medicamento controlado para o garoto, que começou a passar mal em sua casa, na 712 Sul. Osório percorreu 1.035 km com o corpo até o Povoado Campos de São João, zona rural do Município de Palmeiras (BA), onde o jogou às margens da rodovia, com a cadeirinha infantil.
“Ele comprou um conjunto de roupa para a criança. É a mesma que Bernado usava quando foi encontrado morto por um morador do município baiano. As vestimentas não foram reconhecidas pela família da mãe. Osório saiu de casa, na Asa Sul, às 20h52 de sábado (29/11/2019), e deixou a televisão ligada. Não levou mantimentos, mala e um tablet que, de acordo com a mãe, era objeto inseparável do filho. Acreditamos que até mesmo essa troca da roupa foi premeditada para dificultar a identificação do corpo”, explicou o delegado-chefe da Delegacia de Repressão ao Sequestro (DRS), Leandro Ritt.
As investigações apontam que, às 21h20 de sexta-feira (29/11/2019), Paulo passou em um radar na Ponte do Bragueto, na Asa Norte. Dirigiu pela BR-020 até Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. “Lá, pernoitou com o menino morto no carro”, disse o delegado. O corpo foi desovado na região de Palmeiras. No sábado (30/11/2019), o homem foi até Salvador. Depois, acabou preso em Alagoinhas (BA).
Com a conclusão do exame de DNA, que confirmou ser de Bernardo o corpo encontrado na Bahia, a Polícia Civil deu as investigações por encerradas. O delegado Leandro Ritt concluiu que o pai agiu sozinho.
Em tempo recorde, o Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da Polícia Civil do DF concluiu nesse sábado (07/12/2019), por meio de exames genéticos, a identificação do corpo encontrado na Bahia. Com técnicas avançadas, o trabalho foi realizado em menos de seis horas.
Amostras biológicas colhidas em Itaberaba (BA), onde o corpo está, chegaram a Brasília na aeronave da PCDF por volta das 12h30. O material foi trazido pela equipe da DRS e entregue ao médico-legista e diretor do IPDNA, Samuel Ferreira.
O exame que comprovou a identidade do menino Bernardo foi concluído em cinco horas e 30 minutos. A agilidade na análise foi motivada pela resposta humanitária que os peritos da Polícia Civil queriam dar à família da criança. “Quando a avó desceu do avião em Brasília (no sábado), ao lado da equipe policial, ela me fez um apelo emocionado pedindo para que identificássemos o corpo do neto. Temos experiência em situações como essa e entendemos a angústia da família”, explicou o diretor do IPDNA.
O especialista detalha que os exames foram feitos com base em tecidos moles do corpo, que já estava em estado avançado de decomposição. Os peritos compararam uma amostra da cartilagem do joelho de Bernardo com a saliva da mãe e do pai. “Não temos dúvidas sobre a identidade”, destacou Samuel.
A técnica faz parte de um protocolo desenvolvido pela PCDF. O mesmo procedimento foi empregado na identificação das vítimas do avião da Gol 1907 e na identificação dos corpos na tragédia de Brumadinho, em Minas. “O diferencial da análise dos tecidos moles é que o teste é mais simplificado e o resultado, mais rápido. No entanto, é preciso buscar locais que ainda não foram degradados e que as células ficaram preservadas. A coleta do material, no caso do Bernardo, foi feita pelos policiais da Bahia com a nossa orientação. O trabalho realizado por eles foi fundamental para a eficácia dos testes”, completou Samuel.
O laudo que vai determinar as causas da morte de Bernardo, assim como a perícia no local onde o corpo foi encontrado, será feito pela polícia da Bahia. Porém, a DRS informou que vai relatar o inquérito até quarta-feira (04/12/2019) e encaminhar a Justiça.
Sequestro e morte
No dia 29 de novembro, Bernardo foi levado pelo pai ao sair da creche na Asa Sul. Preso dois dias depois, na Bahia, o servidor do Metrô-DF Paulo Roberto de Caldas Osório disse à polícia ter matado o filho.
Paulo Osório usava medicamentos controlados. Para insônia, tomava hemitartarato de zolpidem: remédio que ajuda pacientes com insônia a adormecerem. Aos investigadores da DRS, o homem afirmou ter dopado o pequeno Bernardo com o sonífero usado em seu tratamento. A morte, conforme contou, teria sido provocada por uma superdosagem da substância.
Confira fotos do caso:
Em seu relato à polícia, o homem disse ter diluído três comprimidos no suco de uva que deu ao filho. Um copo infantil foi achado na casa de Paulo, na 712 Sul. Dentro do carro dele, havia pacote de biscoito e uma faca.
Veja vídeo em que Paulo fala sobre o crime: